A SUTIL SEDUÇÃO DA IGREJA (Portugiesisch)

Alexander Seibel

A SUTIL SEDUÇÃO DA IGREJA

  • Traduzido do original em Alemão:
    – Die sanfte Verführung der Gemeinde –

 

PASSIVIDADE: BÊNÇÃO OU MALDIÇÃO ?

Nos nossos dias a palavra “transe” se tornou comum. Em virtude disto não, surpreende o fato de podermos ver salões inteiros de ativistas do movimento feminista em transe no campus da Universidade de Verão de Berlim. No estado da hipnose, pretende-se meditar a “Catástrofe Vindoura” a partir da profundidade da alma feminina.
Da mesma forma, “Meditação” tornou-se uma palavra de uso frequente. Deste modo são recomendadas meditações Zen e a procura do Eu interior através da meditação em uma terapia de aconselhamento cristã. Sonhos e suas interpretações se tornaram práticas tão atuais como as dinâmicas de grupo, treinamentos autógenos, treinamentos respiratórios, etc. Em uma onda de aceitação – e as vezes até de entusiasmo – tem-se aceitado, face aos crescentes conflitos da alma, cada vez mais métodos que a rigor têm na passividade sua principal raiz. Por este meio espera-se alcançar a cura em tempos cada vez mais incertos.
No entanto estas tendências se tornam dignas de nota pelo fato de elas também terem penetrado fortemente nas igrejas e muitos crentes terem-nas aceitado sem qualquer objeção. Mesmo práticas como a Yoga têm se constituído na chave para o equilíbrio interior para alguns cristãos. Isto nos faz lembrar da lamentação de Jeremias: “Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial das águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rôtas, que não retêm as águas.” (Jer 2,13)
Pode-se permanecer numa posição neutra frente à tais métodos ? Não deveríamos encará-los de modo positivo se comprovadamente muitas pessoas experimentaram um suposto alívio através deles ? Quantas faces sorridentes nos contam com entusiasmo as vantagens da MT (meditação transcedental). Não seria possível a adaptação de algumas destas práticas ao contexto cristão de modo que se ofereça o que há de melhor aos crentes ? Ou será que poderiam existir perigos ligados à tais práticas ?
Para que isto seja percebido com maior clareza queremos nos ater à essência da passividade. Uma idéia a respeito deste fenômeno nos pode ser fornecida pelos resultados dos estudos realizados por pesquisadores de grande renome. No que se refere à pesquisa do cérebro, destacaram-se entre outros, os nomes de Wilder Penfield e Sir John Eccles, a ponto de se tornarem mundialmente conhecidos. Eccles inclusive recebeu o Prêmio Nobel e constitui-se talvez na maior autoridade nesta área. Nas notas introdutórias de seu livro “O Eu e o Seu Cérebro” pode se perceber como a Teoria da Identidade (?) dos materialistas está errada.

A TEORIA DA IDENTIDADE

Afinal o que dita esta teoria ? A cosmovisão materialista, que têm se apresentado em diversas facetas e roupagens na mente das pessoas em nossos dias, não admite a existência de uma realidade invisível ou de uma personalidade autônoma, normalmente definida como alma ou espírito. A personalidade das pessoas,segundo ela, é determinada pela superposição de processos eletroquímicos extremamente complexos que se desenvolvem no cérebro humano. Por conseqüência meu cérebro é idêntico à minha personalidade, e a morte dele acarreta necessariamente também no fim da personalidade do ser humano.
Os dois cientistas citados anteriormente no entanto reconheceram que esta teoria não corresponde à realidade. Os resultados de suas pesquisas levaram-nos a concluir que nosso cérebro se assemelha muito mais à uma complexa máquina, a qual no entanto não é dirigida automaticamente, antes controlada por um lado invisível. Tal “controle” trata-se seguramente de uma personalidade invisível. Sir John Eccles a denominou de o “Próprio”. Em suma, reconheceu que o cérebro por si só, não é capaz de pensar. O que o faz pensar, na realidade, é a grandeza invisível do ser que como agente controlador faz uso do cérebro humano. A grosso modo, o cérebro humano foi comparado a um piano. O fator decisivo, como se vê, é que este piano não toca automaticamente, mas precisa ser tocado por aquele que o controla. Nosso “Eu” pensa por intermédio do cérebro da mesma forma como um programador faz uso de seu computador.
A partir daí fica fácil de ser entendido que não é somente o meu espírito que pode comandar a complicada “máquina” do meu cérebro, mas também um espírito alheio ou mesmo um espírito em suas derivações más. Nesta questao a natureza não admite um ponto neutro. Quando a pessoa se esquiva de controlar seu cérebro, tomando uma posição passiva, é natural que algum outro espírito venha a fazer uso deste órgão.
O fenômeno mencionado acima esta relacionado aos pensamentos forçados e de blasfemia. Estas formas estão hoje muito mais difundidas do que normalmente se costuma pensar. Pessoas recebem pensamentos, imagens e inspirações contra a sua vontade própria. Cristãos convertidos do mundo das drogas constantemente nos relatam que inicialmente ainda eram assolados por imagens e “flashbacks” indesejados. Dave Hunt o expressou desta forma: “O mundialmente conhecido e vencedor do Prêmio Nobel, John Eccles, descreveu o cérebro como uma máquina, a qual também pode ser controlada por um espírito. Em circunstâncias normais, a minha personalidade é o espírito que controla o meu cérebro. Porém, caso eu me encontre em um estado de consciência alterado, transferindo o controle a algum poder – que um espírita ou um professor de meditação conhece por força cósmica e um médium chama de espírito – então nada impede este novo “espírito” de guiar meu cérebro, chamando à mente experiências que, apesar de parecerem bastante reais e verossímeis, na verdade não ocorreram.”

ORAÇÃO: ATITUDE ATIVA OU PASSIVA ?

Um missionário que por muitas vezes esteve na Índia, certa vez me contou que “quando se vai à uma cartomante na Índia, a primeira coisa que ela diz é: – Make your mind blank – (Esvazie sua mente).” É cada vez mais freqüente em nossos dias que gurus, orientadores de meditações, terapeutas e líderes de dinâmicas de grupo entre outros nos dirijam palavras como: abra-se, esvazie-se, concentre-se, relaxe completamente, deixe-se levar, etc. Além disto, um hipnotizador e um espírita costumam exigir que passivamente se seja submetido à outra vontade ou espírito. Qualquer hipnotizador sabe perfeitamente que onde existe qualquer resistência ativa da mente não há nada a ser feito.
No entanto, o seguir a Jesus e a oração são opostos ao que é sugerido acima. É dito: lutem, peçam, procurem, batam, persigam, resistam, fujam, cheguem-se à Deus, andai no bom combate e, em radical oposição à passividade nos é dito: vigiai ou então sejais vigilantes.
Queremos fazer aqui a confrontação destes dois fatos fundamentais. O Espírito Santo aviva nossa inteligência e ativa nosso querer. Em contraposição, o espírito falso “desliga” nossa inteligência e age a força! (Com intensidades diferentes, dependendo do tipo de infiltração.) Enquanto o Espírito Santo nos faz vigilantes, o espírito falso nos torna passivos. O Espírito Santo influencia o coração do homem (cf. Rm 5:5) enquanto o espírito sedutor faz uso do corpo.
O Espírito Santo tambem estimula o domínio próprio. Na relação dos frutos do Espírito em Gálatas 5:22, entre outros, aparece o termo “enkrateia”, que também pode ser entendido como domínio próprio. Em contrapartida, o espírito falso procura o controle direto. O Espírito Santo faz com que eu possa alimentar esta máquina de modo cada vez melhor, pensando de forma sempre mais clara. No entanto, ele jamais irá se intrometer diretamente no controle desta máquina. Este tipo de atuação seria enquadrada como manipulação. Deus no entanto respeita a ordem da sua criação impondo limites ao seu próprio agir, uma vez que ele ama as suas criaturas, não manipulando qualquer pessoa.
Alguns exemplos claros são citados aqui para demonstrar estas leis: sob o tema “A Formacao dos Médiuns”, em seu livro “Der Verkehr mit der Geisterwelt” , o espírita Greber escreve o seguinte:
“Ele inicia com uma curta oração, faz uma leitura das Sagradas Escrituras e medita sobre o que leu. Em seguida ele sustenta, como citado anteriormente, sua mão com um lápis sobre uma folha de papel e aguarda sem qualquer tensão espiritual. Se ele é compelido à escrita dos pensamentos que o inspiram então ele os escreve com grande precis”ao. Se sua mão é colocada em movimento por uma força estranha, então ele cede.”

A bíblia declara: Resistam!
Um jovem senhor contava-me a respeito de sua caminhada (equivocada) antes de ter encontrado a Jesus. Neste período de procura ele também praticou a meditação Zen. Ele contou que certa vez perdeu o controle sobre seus braços e pernas repentinamente. A perda do autocontrole é praticamente a característica clássica dos espíritos falsos, exceção feita, é claro, aos casos em que há causas psicológicas.
Nietzsche, que se considerava excepcionalmente inspirado, declarou: “Eu nunca tive uma escolha.”
Talvez ainda neste sentido seja própria uma citação do livro “Jugend in Trance ?”:
“Transe é a denominação que damos a um estado em que a pessoa não possui mais o completo controle sobre si. Para cair em transe já basta o olhar fixo em um recipiente de vidro enchido de água ou a contemplação concentrada em um círculo de giz branco feito sobre um assoalho negro. Desta forma, não se faz necessária a presença de um hipnotizador. O efeito da autosugestão ou da autohipnose é bastante conhecido.”
Procura-se chegar a resultados semelhantes pela repetição constante de sílabas ou palavras. Esta é a técnica da MT(Mantra) ou também do “…Chantens” dos seguidores de Krischna. Esta monotonia (a palavra Hare Krischna deve ser repetida 1.728 vezes ao dia) leva ao esvaziamento da razão. O poder estranho então toma conta da pessoa que assim cumpriu os requisitos básicos para que isto pudesse ocorrer. A vítima então entra em transe ou êxtase, agindo como se estivesse sob o efeito de drogas, perdendo por várias vezes o autocontrole. Também a palavra entusiasmo por vezes encontra aqui exceção feita, é claro, aos casos em que há causas psicológicas as suas raízes.

PALAVRA OU IMAGEM ?

Também crentes podem alcançar tais efeitos através de meditações camufladas em roupagens sacras. Um “esvaziamento” passivo também pode se dar através de um estático olhar fixo em uma vela ou na forma de uma meditação. Exatamente na mística (ainda falaremos brevemente dela a seguir) isto é preponderante. Também a constante repetição, sem a presença do espírito, de sílabas ou palavras sacras como por exemplo Aleluia, pode fazer com que tais fenômenos ocorram.
Por outro lado, estas considerações não devem levar ninguém a pensar que não podemos mais silenciar perante Deus. Devemos sim, manter a nossa “hora silenciosa”, mas nunca com uma mente passiva ou vazia. Basta lembrarmos o Salmo 1 ou então Josué 1:8 onde é citado como se deve meditar na Palavra de Deus e guardá-la, o que significa o contrário de uma mente inativa.
As verdades espirituais nos são trazidas à consciência através da razão ou do intelecto e não pelos sentimentos. O que ouve a palavra e a compreende, este frutifica (Mt 13:23). O Senhor Jesus disse repetidas vezes “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. Não foi dito “Quem tem olhos, veja”. É por isso que as escrituras também ensinam a renovação da mente (Rm 12:2) e uma análise racional (Ef 5:10). O entendimento do que é a vontade do Senhor (Ef 5:17) consiste em um reconhecimento que é obtido pela palavra de Deus, seja ela ouvida ou lida. A mesma palavra grega “syniemi” pode também ser encontrada em Lucas 24:45, , além do texto já citado (Mt 13:23). Literalmente, ali é dito de Jesus que “Ele lhes abriu o entendimento para que compreendessem (synienai) as escrituras”. Trata-se de uma compreensão do coração, como literalmente é formulado em Mateus 13:15, mesmo que neste caso esteja em sentido negativo.
Em última análise este é um resultado da leitura da bíblia e da obediência frente à reivindicação das Sagradas Escrituras. O exaltado Senhor, por seu Espírito, abre o entendimento para a sua palavra tambem hoje. Pois o Senhor Jesus declara: “as palavras que eu vos tenho dito, são espírito e são vida” (Jo 6:63).
No entanto, as figuras oferecidas aos olhos suprem basicamente a natureza velha e o consumo exagerado de imagens conforma a esfera do sentimento egocentrico. Isto leva à uma emocionalização, a passividade e a uma crescente oposição à razão. A palavra de Deus nos exorta a sermos amadurecidos exatamente no entendimento (1 Co 14:20). Com relação ao desenrolar dos últimos dias, a bíblia fala de pessoas corrompidas na mente e fracassadas na fé (2 Tm 3:8).
Esta tendência de oposição à lucidez se configura de forma cada vez mais clara. Há algum tempo ainda se dizia “Guardo no coração as tuas palavras para não pecar contra ti (Sl 119:11)”. Hoje cada vez mais se diz “Oro bastante em línguas para que não peque”. Isto ilustra claramente a mudança do racionalismo para o irracionalismo, e em última análise, da palavra à imagem. Vivemos em uma era pós-literária. Naquele tempo o maior meio de poder era a palavra, hoje, através da televisão e do vídeo, é a imagem visível. Se antigamente as pessoas costumavam dizer “Está escrito…”, hoje cada vez mais dizem “Eu experimentei…”.
Não se pretende de nenhum modo induzir com isto que as experiências sejam más ou que devam ser negadas. Cada pessoa que segue fielmente a Jesus terá experiências com seu Senhor. Entretanto, a nossa fé não se baseia nas experiências ou nos sentimentos, porém na palavra de Deus e em fatos. Os sentimentos não devem ser sempre desprezados nem são fundamentalmente negativos. Todavia o que se pode perceber hoje é um crescente deslocamento das ênfases e das idéias centrais. Cada vez mais se é orientado pelas experiências e pelos sentimentos e cada vez menos pelas palavras. Sem dúvida também o Espírito Santo pode proporcionar sentimentos. Entretanto o contrário não é válido: os sentimentos e uma atmosfera emocionalizada não chamam a ação do Espírito Santo.
Estas considerações também não devem levar a pensar que a razão seja a última instância do homem para aceitar as verdades referentes ao espírito. Esta é o coração do homem – sua verdadeira personalidade interior – ao qual também a razão é subordinada. Porém os passos de obediência a Deus se processam pelo filtro da mente renovada, pelo que a personalidade da pessoa é respeitada. Uma manipulação ou o desligar da razão implicam em uma desconsideração à personalidade e à vontade da pessoa – e isto é estranho ao Espírito Santo.

PASSIVIDADE EM FEIÇÕES CRISTÃS

Esta regularidade da passividade também pode ser encontrada principalmente em círculos pentecostais e carismáticos. Embora isto seja dito de modo tão categórico, não se pretende aqui fazer um juízo a respeito da filiação divina ou não. Os filhos legítimos de Deus também podem receber um espírito sedutor e serem manipulados como podemos ver em 2 Co 11:4. Um filho de Deus também pode adotar um comportamento passivo. Pedro não se refere a descrentes quando exorta: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, o vosso adversário, anda em derredor como leão que ruge procurando alguém para devorar;” (1 Pe 5:8).
Nestes meios é comum que se pense que o Espírito Santo tenha que fazer uso de uma pessoa como um médium, falando diretamente a partir dela. É por isto que todas estas correntes iniciam – e isto pode ser inteiramente averiguado – com a profecia “Assim diz o Senhor” ou com algum tratamento direto do suposto Espírito Santo aos presentes.
Foi assim que ocorreu o surgimento do movimento pentecostal classico em 1906 em Los Angeles; foi assim que ocorreu e ocorre o movimento carismático, o qual se iniciou em 1960 e tambem foi assim que ocorreu a eclosão do movimento católico carismático em 1967.
Na verdade esta formulação “Assim diz o Senhor” não existe no Novo Testamento. Trata-se de uma forma de expressão do Velho Testamento.
Mesmo nao comecando com a introducao “Assim diz o Senhor”, as cartas dos apóstolos Paulo, João ou Pedro tambem são palavra de Deus. A inspiração em última análise é um mistério, no entanto pode se identificar como a personalidade do escritor se desdobra. O Espírito Santo se associa de maneira harmônica com a pessoa, porém jamais suprime sua personalidade nem a contorna ou a utiliza de forma diretamente mediúnica. Talvez uma citação de Watchman Nee se encaixe aqui:
“O Cristão tem de compreender claramente que todas as suas manifestações devem ser o resultado do seu próprio pensar. Toda a palavra que contorna o processo do pensamento foi formulada por espíritos maus.”
A esta idéia de se ser uma ferramenta do Espírito Santo apenas no sentido mais direto muitas vezes está associado o forte sentimento de envio nestes movimentos, o que constantemente se manifesta na forma de uma completa intransigencia.
Talvez seja digno de nota que estes fenômenos também já puderam ser encontrados no Montanismo, uma eclosão entusiasta de fortes influências ocorrida no segundo século depois de Cristo.
“Um frígio de nome Montano foi comovido pelo espírito e anunciava palavras do paracleto em um estado de êxtase, no qual a consciência normal estava desativada. Com ele tambem estavam duas mulheres: Prisca ( à qual Jesus apareceu na figura de uma mulher em vestes brilhantes – nota do autor) e Maximilia. Outros cristãos levantaram protestos contra esta peculiar forma de manifestação, pois esta proclamação profética não se dava na terceira pessoa como na de profetas bíblicos, mas era a fala direta do espírito, o qual se utilizava da boca do profeta como um instrumento.”
Em seu comentário bíblico a Mateus 24:5, Gerhard Maier escreve com relação à sedução por falsos cristos:
“Não podemos descartar que também inspirações em que membros da comunidade se levantam e proclamam supostas palavras de Cristo na primeira pessoa, estejam englobadas aqui.”
Não raramente os questionamentos destas manifestações são igualadas a críticas ao próprio Deus, o qual teria falado diretamente. Com certa freqüência constrói-se disto uma blasfêmia ao Espírito Santo. Mas estas convicções são o necessário produto da Antropologia e da Pneumatologia (estudo do Espirito Santo) equivocadas sobre as quais se baseiam estas correntes entusiastas.
Estas importantes declarações deveriam ser complementadas com algumas citações de pessoas-chaves. Barrat, que pode ser citado como o pai do movimento pentecostal europeu uma vez que foi por intermédio dele que o fogo de pentecostes chegou à Europa vindo de Los Angeles, relata com suas próprias palavras a respeito do seu batismo do Espírito como segue:
“A força veio tão repentinamente e poderosa, que me vi no chão e por algum tempo falava ininterruptamente em línguas… Era como se uma mão de ferro estivesse sobre as minhas maxilas. Tanto as maxilas como também a língua eram movidas por esta força invisível.”
Aqui abertamente as leis do controle direto por um outro poder são trazidas à tona.
Sobre o início do movimento pentecostal clássico, G. H. Lang entre outros, escreve como uma mulher em um destes encontros de despertamento se dirigiu, como que em transe, ao piano. Seu marido, sabendo que sua esposa não sabia tocar piano, propositadamente havia trancado a tampa do piano. Entretanto, ela o abriu e tocou impecavelmente. O que realmente havia acontecido ?
A máquina biológica desta mulher serviu de ferramenta a um espírito estranho para tocar este instrumento musical. A mulher em questão apenas serviu de médium, no sentido real da palavra.
Arnold Bittlinger, que em certo ponto pode ser encarado como o pai do movimento carismático em território alemão, escreve em seu livro “Glossolalia”:
“Muitos cristãos experimentaram que dentro deles constantemente é orado. Também quando eles calam ou quando estão com seus pensamentos voltados ao trabalho.”
A estas concepções errôneas a respeito do Espírito Santo se associa o fato que os seguidores destas correntes pensem, com relação a 1ª Coríntios 14, que o Espírito Santo ore diretamente neles ou através deles. No entanto precisa ser dito que em todo o capítulo 14 desta carta o termo Espírito Santo sequer aparece.
Paulo escreve expressamente: “Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato…” (1 Co 14:14). Infelizmente a versão alem`a da Biblia na Linguagem de Hoje, “Die Gute Nachricht”, traduz erroneamente quando diz: “Quando ele ora em tais línguas, o Espírito Santo ora nele.” Entre o espírito humano e o Espírito Santo há uma diferença tal qual a diferença entre um homem e Deus, de modo que não é de pequena importância o fato de que tenha ocorrido uma inversão dos espíritos nesta passagem.
No serviço de informações “Arbeitskreis Christlicher Publizisten” – (Conselho de Publicitários Cristãos) consta sob o tema da fala em línguas:
“Algumas vezes isto é descrito de tal forma, com se maxila e língua se tornassem independentes, recusando o controle pelo intelecto. De uma pessoa que fala em línguas: ‘Não é a meu intelecto que forma as palavras. Tenho uma impressão tal, como se eu estivesse sendo um observador ao meu lado, escutando a mim.'”
O Espírito Santo faz com que eu mesmo ore, eu mesmo invoque a Deus, etc. O Espírito de Deus não irá apoiar a passividade ou até mesmo a preguiça.
Um jovem senhor que antes de sua conversão estava fortemente envolvido no treinamento autógeno falou uma das frases-chaves desta técnica: “Respira-me”. Isto não deve ser entendido como se o nosso centro respiratório não pudesse nos dirigir, uma vez que no sono temos um papel passivo e literalmente “respira-nos”. Refiro-me aqui muito mais ao treinamento de uma postura passiva, que leva às características básicas da (auto)hipnose e/ou da passividade.
Kathryn Kuhlman, que decididamente não é uma figura de pouca importância no cenário carismático, declarou:
“Você então está de tal forma sob a unção, que literalmente teus ouvidos ouvem – pois Ele prega por tua boca…,Ele falou através dos meus lábios e meus ouvidos o escutaram e eu sabia: não era K. Kuhlman.”
Sempre de novo nos deparamos com fenômenos típicos do mediunismo e do espiritismo entre estes “ungidos pelo Espírito”. Semelhantemente os sintomas clássicos da escrita automática se mostram em Paul Toaspern. Assim ele relata com suas próprias palavras sobre o recebimento de mensagens após a imposição de mãos por Steve Lightle:
“Depois de uma noite de tempestade eu… acordei e senti como que uma ordem para que anotasse alguma coisa. O escrever, no qual não me era permitido refletir ou misturar pensamentos próprios, ocorreu numa pressa urgente, em cerca de doze a catorze minutos… Quis resistir ao conteúdo de um dos trechos e contra um conceito, mas eu apenas devia escrever, e sabia precisamente o que devia ser escrito.”
O coreano Yonggi Cho, pastor da maior igreja do mundo – um dos pregadores de maior sucesso que jamais viveu no ponto de vista do Movimento de Crescimento da Igreja – relata acerca do seu batismo do Espírito:
“Repentinamente o quarto ficou claro. Ondas como fumaça rolavam para dentro. Fui comovido por uma profunda veneração. Pensei que a casa estivesse em chamas e tentava gritar por socorro, mas não conseguia soltar nenhum som. Desesperado olhei em meu redor e vi dois pés ao meu lado. Olhei para cima e vi uma veste branca. Então olhei em uma face que parecia como um sol forte, do qual saiam raios luminosos. Ainda não sabia de quem se tratava. Até que vi sua coroa de espinhos. Ela furava suas têmporas e o sangue escorria. Agora eu sabia que era Jesus Cristo. Seu amor parecia fluir sobre mim… Uma alegria maravilhosa saia do meu interior. Minha língua e meus lábios começaram a falar. Tentei parar, mas era como se outra pessoa (!) os controlava e quisesse veementemente se expressar. Não sabia o que era, mas constatei que quanto mais falava, melhor me sentia.”
Da mística francesa Madame Guyon, Kurt Hutten relata como ela lhe conta em sua autobiografia o seguinte:
“Não escrevo por meu espírito, porém pelo espírito interior. Quando pegava a caneta não sabia uma única palavra do que iria escrever e também posteriormente não sabia o que havia escrito. Fluia – em correntes da luz interior – como se das profundezas e não tomava o caminho por minha cabeça. A velocidade com que escrevia era tamanha, que meu braço se inchou e enrijeceu… Escrevi dia e noite sem parar, pelo que a mão quase não conseguia acompanhar o espírito que ditava.”
O sucessor do famoso psicógrafo Jakob Lorber, Gottfried Mayerhofer, descreve em uma carta a forma com que recebe suas mensagens:
“Sempre sou bem passivo nestas comunicações e muito raramente sei do que se trata…”
O Dr. Toaspern é hoje uma das pessoas de maior influência no movimento carismático dentro da ex-Alemanha Oriental; Yonggi Cho o representante de doutrinas extremamente pentecostais de influência mundial dentro da cristandade evangélica.
É fato que nestas eclosões carismáticas podemos reconhecer fenômenos espíritas (espiritualistas) camuflados em roupagens sacras. É por isto que não é possível a adoção de uma postura neutra frente a estas correntes. Infelizmente cada vez mais se recomenda tal postura nas comunidades e postos responsáveis, como se isto fosse uma sábia e derradeira conclusão.
De fato isto corresponde muito mais ao espírito pluralista do presente tempo, que na onda da política de redução das tensões espirituais, antes de mais nada abraça o princípio da tolerância.

A CRESCENTE ONDA DA PASSIVIDADE

Talvez se torne evidente porque o Senhor Jesus sempre inicia seus discursos acerca da sua volta com a advertência da sedução, exortando à vigilância. Apenas nos cinco últimos versículos de Marcos 13, isto ocorre quatro vezes. Uma verdadeira onda de passividade se espalha sobre nossa geração e cultura. Yoga, treinamento autógeno, dinâmicas de grupo, meditação transcedental, os métodos de meditação asiáticos (e ligado a eles as religiões maiores do hinduísmo e do budismo), grande parte dos programas televisivos, a cultura das drogas, o movimento Nova Era, músicas de ritmo forte e o rock – especialmente acima de um volume determinado – se baseiam na passividade ou levam à ela.
O princípio é sempre o mesmo. A pessoa deixa de fazer algo por si mesma (respirar, escrever, orar, etc.) e desta forma se entrega a algum poder estranho, o qual ela encara como benevolo ou divino, mas que na verdade é demoníaco.
À medida em que a intensidade desta passividade cresce, este poder pode cada vez mais atingir esta pessoa e controlá-la. A pessoa então às vezes cai ao chão, é atingida ou “repousa no espírito”, como é denominada a queda dos presentes em conjunto com a ação de, por exemplo, Kim Kollins.

O CAIR PARA TRÁS

Dos participantes que nestas reuniões de despertamento carismático caem por terra, a maior parte não cai para a frente mas com freqüência cada vez maior, para trás. Existem exemplos bíblicos referentes a esta ocorrencia ? Ou como podemos julgar isto a partir das Escrituras ?
Sempre de novo nos é relatado na palavra de Deus como pessoas, em reverência ao Deus vivo, prostravam seu rosto em terra. Entre muitos outros, podemos citar Abraão (Gn 17:3), Moisés e Arão (Nm 16:45), Josué (Js 7:10), Pedro (Mt 17:6) e o samaritano (Lc 17:16). Da adoração frente ao trono de Deus é dito expressamente, por duas vezes, como se prostram sobre os seus rostos (Ap 7:11 e 11:16).
O capítulo 14 da primeira carta aos Coríntios constantemente é citado como prova justificativa à estes especiais cultos carismáticos. No entanto é exatamente este o capítulo que cita como a referida pessoa, convencida pelo Espírito, prosta sua face em terra.
Em vista disto, é notável que nestas correntes que se julgam privilegiadas no que concerne à carta de Coríntios, há certos aspectos que se manifestam exatamente ao avesso dela. As pessoas caem para trás e precisam ser guardadas de lesões por “ajuntadores” especialmente designados para isto. Para este tipo de ministério ou serviço não existe um exemplo bíblico. Em nenhuma parte das Escrituras podemos ler que enquanto o Senhor curava ou tocava pessoas, seus discípulos se misturavam entre os ouvintes, prontos para reerguê-los.
Mas existem referências na palavra de Deus para o cair para trás ? As passagens que relatam tais acontecimentos, dão a entender que nestes casos trata-se de um julgamento divino. Quando o sumo-sacerdote Eli recebe a notícia de que a arca da aliança fora roubada pelos filisteus, ele cai da cadeira para trás e morre (1 Sm 4:18). Deus já havia anunciado isto anteriormente como juízo (1 Sm 2:34 e 3:11).
Também em Isaías 28, a partir do versículo 7, Deus fala do julgamento dos falsos profetas. O versículo 13 diz enfim: “… para que vão, e caiam para trás, e se quebrantem, se enlacem, e sejam presos.” Isto se torna mais notável ainda pelo fato de os versículos imediatamente anteriores (11 e 12) serem citados no capítulo 14 da primeira carta aos Coríntios.
Talvez também a passagem de Gênesis 49:17 permita uma interpretação alegórica: pela mordida da serpente o cavaleiro cai para trás.
O diabo, como um imitador de Deus, opera muitas vezes o oposto do Espírito Santo. Assim é fato conhecido que em círculos satânicos as pessoas ficam deitadas de costas, como altares vivos (normalmente mulheres).
Isto tem o significado de se descobrir a nudez perante Deus. Em virtude disto o altar do Velho Testamento não podia ser erigido em degraus. “Nem subirás por degrau ao meu altar, para que a tua nudez não seja ali exposta” (Êx 20:26).
O homem que se lança sobre seu rosto perante Deus encobre sua nudez. Quem porém se deita de costas a deixa a descoberto. É o espírito do adversário que deixa o homem despido (Ap 16:15). Jamais algo assim se trata do agir do Espírito Santo.
Também pela história das missões sabe-se como pessoas caem para trás pelo agir de espíritos demoníacos. O livro “Chinas Märtyrer” (Mártires da China) relata como durante o levante dos Boxers os chineses que dele participavam se submetiam a um ritual peculiar. O referido iniciante tinha de se colocar em um círculo, inclinar-se e ditar fórmulas de evocação até que o espírito invocado viesse e o possuísse, quando ele caia para trás, ficando estirado sobre o chão. Ele entrava em transe e somente despertava deste estado quando o mestre da cerimônia tocava sua testa.
Também nas religiões pagãs estes fenômenos são amplamente conhecidos. Assim Rabi Maharaj escreve o seguinte em seu livro “Der Tod eines Guru” ( A Morte de um Guru) na explicacao da palavra Shakti Pat:
” O toque do guru, que tem efeitos sobrenaturais, (normalmente da sua mão direita), marca a testa do adorador… Pela entrega/medicação do Shakti Pat o guru se transforma num canal da força primitiva, da força cósmica, na qual todo o universo se baseia… O agir sobrenatural do Shakti pelo toque do guru pode lançar o adorador ao chão, ou então ele pode ver uma clara luz e ter uma inspiração interior ou ainda ter uma outra experiência mística ou psíquica.”
O autor Karl Guido Rey conta em seu livro “Gotteserlebnisse im Schnellverfahren” (Experiencias Divinas Instantaneas) como os seguidores de Mesmer deixavam seus alunos cair para trás em experimentos de hipnose. Eles o descreveiam como “experimentos da força atrativa magnética”.
Exceção feita aos casos em que as pessoas caem ao chão por motivos puramente físicos, por estarem muito fracas ou mesmo desacordadas, ao que naturalmente não me refiro aqui, deve se concluir que não se trata de um fenômeno neutro. Irrompem ações de um poder transcendente e espiritual. A bíblia não trata estes fenômenos com neutralidade mas os define ou divinos, ou demoníacos. A respeito disto, no entanto existe a ordem dada aos discípulos de Jesus de por à prova os espíritos.
O lado carismático ainda por vezes se utiliza de João 18:6 como embasamento bíblico a estes fenômenos: “Quando pois, Jesus lhes disse: Sou eu, recuaram e caíram por terra.” Embora não seja dito expressamente que eles caíram para trás, esta hipótese não pode ser descartada aqui.
Também John Wimber, o atualmente mais famoso evangelista de curas dos Estados Unidos, apela para esta passagem. Primeiramente deve ser levado em consideração que entre Jesus Cristo e uma pessoa, por mais fervorosa cristã que ela seja, existe uma diferença significativa. Contudo pode se perceber do simples contexto do trecho de João 18, que não se tratava de pessoas que procuravam maior provimento espiritual ou dedicação a Jesus. Muito pelo contrário, eram inimigos de morte de Jesus. Eles o queriam prender, deixando que ele fosse executado. Em vista disto, na melhor das hipóteses só pode tratar-se de um sinal de juízo, o que novamente está em harmonia com o que foi escrito anteriormente.
Com o pregador pentecostal da Alemanha, Reinhard Bonnke, estas formas de ação poderosa do cair para trás concomitantemente com fenômenos parecidos ao transe ocorrem em massa. Dois exemplos dentre muitos:
“Não sei o que ocorreu comigo enquanto eu estava de pé na frente. Tudo que posso lembrar é que uma onda de força me atravessou da cabeça aos pés. Devo ter caído ao chão, pois ali acordei depois de bastante tempo.” Ou: “Ali estava por exemplo a mulher cigana que se arrastava com suas muletas. Eu orei com ela e a força de Deus a jogou ao chão.”
Alguns participantes destas reuniões só conseguem levantar novamente quando são tocados pelos conselheiros. Isto nos lembra das palavras de juizo de Jeremias 25:27, onde é dito: “Bebei, embebedai-vos, e vomitai, caí e não torneis a levantar-vos, por causa da espada que estou enviando para o vosso meio.”
Este “repousar no espírito” por muitas vezes é acompanhado do falar em línguas. Isaías 29:4 caracteriza o espírito que realmente age neste caso: “Então, lançada por terra, do chão falarás, e do pó sairá afogada a tua fala; subirá da terra a tua voz como a de um fantasma, como um cochicho a tua fala desde o pó.”

A PERDA DO AUTOCONTROLE

No mesmo nível se situa a experiência de Demos Shakarian, o fundador da “Geschäftsleute des vollen Evangeliums” (homens de negócios do evangelho pleno). No seu batismo pelo espírito, ele repentinamente foi lançado ao chão:
“Caí ao chão e ali fiquei deitado, completamente desamparado, incapaz de me levantar para ir à cama.”
Neste caso o poder estranho exerce diretamente sua reivindicação de poderio. O Espírito Santo traz o autocontrole, pois é exatamente no capítulo a respeito dos dons do Espírito que expressamente é dito como “Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas;” (1 Co 14:32). No entanto, no caso citado ocorre o reverso uma vez que um homem perde o controle sobre si mesmo. É daí que também se origina a palavra “possessão”, pois alguém, que nao sou eu, toma posse de mim e me controla. Não se pode mais executar o que se deseja pela própria vontade.
Em Efésios 5:18, onde temos a ordem de nos enchermos do Espírito Santo, também somos alertados a evitar a embriaguez, pelo fato dela levar à dissolução (asotia). Com respeito a este termo, John Stott cita:
“A palavra grega asotia… na verdade descreve um estado no qual a pessoa não pode mais ‘salvar’ ou controlar a si mesma. Pelo fato de a embriaguez levar à perda do autocontrole, Paulo escreve no sentido de que isto seja evitado. Fica implícito que o estado oposto, ou seja, o estar cheio do Espírito, não implica na perda do autocontrole.”
Também nesta situação (Demos Shakarian vem do movimento pentecostal clássico e além da sua GdvEI, está inteiramente integrado na corrente carismática) fica claro, que nestes movimentos se é entregue a um espírito e se serve a um poder que é antagônico ao Espírito de Deus. Paulo fala dos sinais do espírito estranho que atua entre os gentios, onde pessoas caem, são desviadas e não possuem mais domínio sobre si mesmas (1 Co 12:2). “Sabeis que, outrora, quando éreis gentios, deixáveis conduzir-vos aos ídolos mudos, segundo éreis guiados.”
Primeiramente e dito que os idolos sao mudos (aphonos no grego). No paganismo a adoracao aos deuses (espiritos) nao se baseia em uma comunicacao sobria e inteligente mas em extases, emocoes e no entusiasmo. Quanto mais se e tomado pelo seu deus, tanto mais se fica fora de si, o que leva ao significado da palavra extase. A razao e posta de lado em detrimento do emocional. Em contraposicao a isto o culto cristao deve ser inteligivel.
Isto e resumidamente o que o trecho de 1 Corintios 14 diz, onde Paulo diz expressamente o motivo pelo qual a pregacao deve ser entendida. “Pois tambem se a trombeta der som incerto, quem se preparara para a batalha ? Assim vos, se, com a lingua, nao disserdes palavra compreensivel, como se entendera o que dizeis ? porque estareis como se falasseis no ar. (1 Co 14:8-9)” Finalmente ele resume esta verdade espiritual na conhecida afirmacao: “Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra lingua.” Uma falacao de volume ininteligivel apenas leva os de fora a concluirem que estas pessoas “estao loucas” (vers. 23).
A seguir a palavra grega “apagomenoi” e a forma passiva no participio de apago. Esta forma passiva “apagomai” significa literalmente ser arrastado, movido a forca.
Sob o apelo de ser enchido pelo Espírito Santo, podem ser constatados sintomas que exprimem exatamente o oposto ao agir do Espírito de Deus entre os carismáticos. Dentre a fartura de referências possíveis, citemos no entanto duas. Dentro destas correntes, nos Estados Unidos, o influente casal Charles e Frances Hunter escreve em seu livro “Wie man Kranke heilt” (Como se curam doentes):
“Não cria nos meus olhos. Da ponta de seus dedos (referindo se a Charles) saiam chamas azuladas de cerca de 10 centímetros… Quando Charles desceu correndo para lhes impor as mãos, a força de Deus era tão forte que eles, como que em ondas, caíam ao chão (nota: para trás). Quando ele tinha atravessado a metade da frente do auditório, ergueu as suas mãos a fim de tocar alguns e imediatamente cerca de 30 ou 40 pessoas caíram sob a força… Era uma “bomba do Espírito Santo”! Charles ia abrindo caminho pela multidão e as pessoas iam caindo em todos os lugares.”
Fenômenos similares, onde pessoas perdem seu controle abruptamente, ocorrem em reuniões com John Wimber. Em uma fita K-7 ele conta a história de sua comunidade em Yorba Linda, na Califórnia. Literalmente ele relata a suposta vinda do Espírito Santo:
“O Espírito Santo caiu sobre nós… Fui ao encontro de uma mulher a fim de orar por ela e ela saiu voando…bam! Ela voou contra o muro, sobre um divã, chocou-se contra uma mesa e uma lâmpada e bateu em cheio no canto. A esta altura ela tinha dores na nuca pelas quais me pediu que orasse. Um outro caiu contra mim e me acertou no peito e nisto falava em línguas como uma metralhadora… Pensei comigo mesmo, o que soltamos aqui ? Isto é terrível! No momento em que me tocaram, nós dois caímos ao chão e havia um sensacao de que alguém invisível estava presente. Deus! … Fui para casa e me sentia quase que embriagado … Falei a Carol (sua esposa): ‘Acho que algo está acontecendo conosco’, mal tinha acabado de dizer isto quando novamente caí ao chão! … Uma moça caiu tão fortemente que pensei ‘Oh não, deste jeito ela vai morrer!’. Ela bateu a cabeça na cadeira, na mesa e no chão. Bam! Bam! Bam! … É por isto que necessitamos de ‘ajuntadores’.”

IMPOSIÇÃO DE MÃOS NÃO-BÍBLICA

Com muita freqüência estes fenômenos surgem ligados a uma rápida imposição de mãos. Esta precipitada imposição de mãos é característica de praticamente todas as correntes entusiastas. Não que a imposição de mãos deva ser rejeitada generalizadamente. Também temos relatos dela nas Escrituras. No entanto, a única passagem do Novo Testamento na qual a imposição de mãos está ligada a uma forma imperativa, não se refere a um encorajamento, antes a uma advertência: em 1 Timóteo 5:22 o apóstolo exorta: “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos. Não te tornes cúmplice de pecados de outrem. Conserva-te a ti mesmo puro.”
Trata-se de um fato lamentável: via de regra, os possuidores de espíritos falsos impõem precipitadamente as mãos. Em contrapartida, o Espírito Santo normalmente não é passado adiante pelas mãos de pessoas, já que ele é Deus e Deus certamente não é servido por mãos humanas (Atos 17:25). O Espírito Santo só é concedido por Deus (Atos 5:32). Paulo inclusive chega a comparar a doutrina que diz que o Espírito Santo pode ser recebido de outra forma, que não seja pela fé ou pela obediência, à magia e à feitiçaria (Gl 3:1-2).
No caso da imposição de mãos despótica, as pessoas em última análise querem dispor de Deus. Esta porém é a essência da magia. O amadurecimento cada vez mais forte do pensamento mágico, também sob a fachada religiosa, infelizmente faz parte das manifestações dos nossos últimos dias e da Nova Era. Na próxima parte será tentado mostrar como a Nova Era está em voga também dentro de determinadas esferas da cristandade.

SEMELHANÇAS ENTRE A NOVA ERA E O MOVIMENTO CARISMÁTICO

Poderia existir alguma relação de ordem espiritual entre dois movimentos aparentemente tão distintos em seus fundamentos ? Realmente é possível traçar paralelos aqui ? Estas perguntas tem toda a razão de serem feitas.
Com base em alguns exemplos será mostrado como de fato existem surpreendentes semelhanças entre estas correntes. Isto não se refere apenas à similaridade na ênfase de supostos grandiosos derramamentos do espírito. Enquanto no lado cristão se recorre cada vez mais à profecia de Joel como explicação às manifestações mais numerosas de poderes sobrenaturais, os discípulos do movimento Nova Era recorrem ao chamado derramamento do espírito aquariano. Este, segundo dizem, desencadeia uma expansão da consciência, a qual, de modo similar aos dons, capacita as pessoas com poderes esotéricos especiais. Neste ponto, também é notável a intensidade com que as duas correntes enfatizam as curas.
Por exemplo o prenúncio de David Wilkerson, em citação à profecia de Joel, praticamente pode ser lido como uma camuflada antecipação cristã do programa da Nova Era à inspiração espiritual:
“De acordo com a palavra de Deus, podemos supor que existirá um tempo limitado (talvez apenas umas poucas semanas ou meses), no qual será possível que cada pessoa tenha uma espetacular experiência com o Espírito Santo: cada maometano, cada judeu; políticos, lídereranças e ditadores; …todo criminoso atrás das grades, cada prostituta na rua…”
David Wilkerson também falou e escreveu muitas coisas procedentes e boas bem como palavras de estimulo. Entretanto aqui ele visivelmente se abriu a sugestões enganosas, devido à falsa interpretação da profecia de Joel. O segundo derramamento do Espírito nos últimos dias é um acontecimento prometido ao que restou do povo de Israel (veja também Isaías 32:15, Ezequiel 39:28-29 e Zacarias 12:10 entre outros) e não à igreja, sobre a qual o Espírito já foi ricamente derramado há muito tempo (Tito 3:6).
O parentesco espiritual também se torna nítido nas técnicas para o ambicionado recebimento destas supostas forças divinas. O Movimento Nova Era é reconhecido principalmente pela passividade e pelas “viagens astrais” ao interior do homem. Exemplificando, em um folheto do “bep”, intitulado como “Programa de Expansão da Consciência”, lê-se o seguinte sobre a obtenção destas inspirações:
“O caso ideal é o esvaziamento dos pensamentos… Quanto mais você relaxar e “deixar acontecer”, tanto melhor e mais plástica será sua imagem espiritual.”
Tais instruções são consequências da crescente onda de passividade.
No mesmo plano das sugestões dos defensores da Nova Era estão os ensinamentos do pregador pentecostal Dornfeld, quando entre outras coisas ele explica o tema do recebimento do Espírito Santo como segue:
“Apenas abra sua boca como se fosse um pequeno pintassilgo com fome. Terceiro: Agora inspire e expire – abra bem a sua boca – com toda a profundidade que você consegue. Faça isto até que você sinta a presença de Deus.”
Também os seguintes versos do bastante conhecido autor Ulrich Schaffer se encontram inteiramente no plano espiritual da Nova Era:
“deus é a força atrativa da terra, é o ar, é o contato entre dois pensamentos, em mim ‘acredita-se’ e eu o sigo.”
Um dos principais professores dos Jovens Com Uma Missão, Don Basham, recomenda o seguinte a respeito do recebimento do dom de línguas e do batismo do Espírito em um seminário:
“Tudo pronto. Este é o primeiro passo: inspire o Espírito Santo e creia que ele entrou em você… Depois de eu ter orado por vocês e vocês terem aberto suas bocas e inspirado o Espírito Santo, direi a vocês que devem ‘deixar sair'”.
Deus se transforma em uma força impessoal que se adquire por técnicas respiratórias ou de meditação. Muitas vezes esta força é vista fisicamente como uma energia. As vezes tem se a impressão de que se está conectado à uma fonte de energia elétrica. Frequentemente também é comentado como uma sensação de calor flui pelo corpo. Desta forma o expressa o pai do Movimento Carismático, Dennis Bennet, após o seu batismo do Espírito, a respeito de sua mulher:
“‘Não’ – respondeu ela. ‘No entanto algo peculiar ocorreu. Eu dormia profundamente quando você voltou para a casa. No entanto quando você colocou a mão no trinco da porta da casa, uma espécie de corrente de energia – não posso chamar isto de outra forma – fluiu pela casa e me acordou.”
Fenômenos similares também são conhecidos pelo já citado fascinante evangelista de curas John Wimber. Literalmente, ele escreve:
“Minhas mãos constantemente formigam e estão quentes e eu posso sentir algo como eletricidade saindo delas quando eu falo uma palavra imperativa. Isto me força a interpretar os sentimentos de formigamento e calor como uma unção do Espírito Santo sobre mim, para que eu cure.”
O seguinte acontecimento torna estes fenômenos ainda mais palpáveis: Anne Watson, esposa do famoso carismático inglês David Watson, o qual veio a falecer por causa de um câncer, nao obstante John Wimber tivesse profetizado sua cura do tumor, entre outras coisas relata a respeito do seu comunicativo convívio com John Wimber:
“Certa vez, por exemplo, quando saíamos de um restaurante onde tínhamos comido com John, Carol (nota: a esposa de Wimber) e alguns outros, minhas mãos começaram a tremer. John as tomou e as colocou sobre David (Watson) dizendo que seria pena desperdiçar toda esta força. Este tremor as vezes parava por um tempo considerável.”
Será isto o agir do Espírito Santo, que reconhecidamente é uma pessoa e não um agir impessoal de uma força ? Não nos e sugerido neste caso, que ocorre uma conexão a uma espécie de pilha espiritual, a qual pode ser ligada em diferentes intensidades , fornecendo energia continua e descontroladamente e além de tudo ainda pode ser desperdiçada ?
Tal imagem de Deus corresponde muito mais às concepções hindus e xamanistas e se encaixa perfeitamente na nossa época de ocultismo crescente.
A partir destes fatos não surpreende que o movimento Nova Era esteja se apercebendo dos fenômenos carismáticos. Por exemplo, o periódico “Das Neue Zeitalter” (A Nova Era) traz num artigo entitulado “Cura Milagrosa em Frente ao Altar” um relato entusiasmado sobre o culto de curas do pastor Kopfermann em Hamburgo. A respeito das imposições de mãos com a finalidade de cura o artigo cita:
“Como posteriormente pode-se ficar sabendo com os integrantes dos grupos, um fluxo de calor sai pelas mãos, um calor agradável.”
O periódico de caráter teosófico “Der Templer”(O Templário) relata mais detalhadamente sobre o culto carismático na igreja de St. Petri, em Hamburgo, sob o título “Palavra-chave: cura do espírito”:
“‘Jesus Cristo deu a incumbência de curar. O que ele cumpriu, nós devemos cumprir.’ … aplausos… Kopfermann: ‘Deus anda pelas fileiras e vai tocar em vocês’… Kopfermann: ‘A mão deve ser posta sobre o local onde se deseja obter cura. Até onde o tato o permitir.'”
O mundialmente conhecido expert e defensor do movimento Nova Era, Theodore Roszak, conta em seu livro “Das unvollendete Tier” (O Animal Inacabado), o que, sob seu ponto de vista, deve ser considerado como parte desta corrente. Entre outras coisas, ali é dito:
“A nova fé pentecostal (seitas de Jesus e comunas) e comunidades carismáticas dentro das igrejas maiores.”
Com maior evidência, os críticos da Nova Era, Bach e Molter constatam o seguinte:
“Atualmente, quem tem problemas que não podem mais ser superados individualmente, não vai mais à um pastor, mas a psicólogos ou a algum dos muitos grupos de auto-realização. Inclusive, ultimamente uma nova dimensão está vindo à tona com mais força: Yoga, Meditação Zen, movimentos pentecostais e carismáticos, ocultismo, espiritismo, coisas sobrenaturais, astrologia e viagens astrais. “
É natural que os carismáticos sejam recebidos pelos adeptos da Nova Era. Também é preciso dizer que nem todos os adeptos das correntes pentecostais e neo-pentecostais aprovam os excessos de suas fileiras. Apesar disto, os fenômenos são surpreendentemente parecidos.
Arnold Bittlinger, pelo qual o movimento carismático chegou à Alemanha, por exemplo escreve sobre o tema “A Cura de Doentes pelo Espírito na Bíblia e Hoje” entre outras coisas, que:
“O dom da cura, que está em nós, deve ser aprendido e desenvolvido, da mesma forma como outros dons também tem de ser aprendidos e treinados.”
Isto, no entanto, com perplexidade nos lembra do paralelo “Programa de Expansão da Consciência” dos discípulos da Nova Era, onde igualmente se ensina que os dons e as forças (também as sobrenaturais) supostamente estão adormecidas dentro de nós e em virtude disto devem ser despertadas.
Também as já mencionadas sensações de calor ligadas a serviços de curas de John Wimber e Wolfram Kopfermann, não se tratam de reações físicas frente ao Espírito Santo, como tanto se quer explicar para tranquilizar os questionadores. Sem levar em conta que isto não pode ser encontrado na Bíblia, os adeptos da Nova Era conhecem estes fenômenos muito bem e vêem nisto uma ação positiva das forças cósmicas, da energia curadora ou então das vibrações “divinas”, que normalmente são percebidas fisicamente.
Uma dos livros mais novos de John Wimber inclusive é entitulado como “A Terceira Onda do Espírito Santo”. Também o movimento Nova Era atualmente fala em uma terceira onda que se alastra.
À vista disto, infelizmente não é um exagero quando se caracteriza estas correntes entusiastas como uma forma cristianizada do movimento Nova Era, principalmente quando se leva em conta as pessoas-chave deste movimento.
Isto até mesmo culmina no fato de que os teosóficos – uma sociedade fundada pela Madame Blavatsky, que pode ser considerada a mãe espiritual do movimento Nova Era – em uma avaliação do movimento carismático se expressam muito favoravelmente a ele:
“A postura de oração que produz graça e milagres foi e ainda é … magia – se consciente ou inconscientemente … Minha experiência é que o presente movimento de renovação carismática e um passo da comunidade crista aos ideais, como apontou Helena P. Blavatsky. Deve ser admitido que eles pressupoem um Deus pessoal, mas que também isto é extendido à um espírito santo, o qual também pode ser encarado como impessoal.”

INFILTRAÇÃO CRESCENTE

Obviamente (e infelizmente) a base da influência das trevas é extendida por pesados pecados. O ocultismo, as drogas e a degradação sexual possibilitam uma intervenção cada vez mais forte sobre a referida pessoa. Ondas deste gênero infelizmente tem infortunado nossa geração. Através disto, são oferecidas ao poder sedutor cada vez mais possibilidades de exercer uma influência direta. Ele também ataca o sistema nervoso das suas vítimas. À algumas experiências animadoras, acompanhadas das mais belas visões e audições, muitas vezes sucederam colapsos nervosos ou ruínas espirituais. Por outro lado, também pode ser observado como o espírito entusiasta termina na carne. Depois de muitas fases eufóricas e espirituais, acompanhadas das aparentemente mais celestiais inspirações e manifestações, frequentemente sucedem separações ou até desvios piores da carne “piedosa”.
A este respeito somos lembrados de uma carta de Jung-Stilling, a qual, pela sua atualidade – embora tenha quase 200 anos – ainda deva ser citada. Jung-Stilling escreveu o seguinte acerca do líder dos “Inspirados” daquela época, o pregador Rock:
“Eu li os escritos do pregador Rock e estou profundamente convencido que ele tinha intenções leais e honestas. Mas, meu querido irmão, o Espírito Santo não faz uso de desmaios, convulsões (espasmos) e perdas de consciência quando ele quer permitir que testemunhos sejam dados a pessoas. Conheci muitas pessoas, homens e mulheres, que também tiveram tais convulsões e que então entravam em êxtase anunciando as mais maravilhosas e santas verdades bíblicas da forma mais bela e santa, inclusive profetizando coisas vindouras que realmente vieram a ocorrer. Entretanto, pouco a pouco e então finalmente, as coisas terminavam de modo lamentável e vergonhoso, e assim se mostrava que um espírito falso tinha se disfarçado em um anjo de luz.”
Em todo o caso o espírito estranho pode alimentar a mente conquistada como à um instrumento, e consequentemente suas vítimas escutam vozes, veem semblantes, etc. Isto também cresce de modo surpreendente na literatura cristã. Visões, revelações “celestiais”, anjos, aparições de Jesus e fenômenos afins surgem cada vez mais intensamente. Não se pretende limitar o livre agir de Deus aqui. Ele realmente pode chamar alguém de modo audível em casos especiais. No entanto, estes acontecimentos são a exceção e não a regra.
Por vezes a fonte oculta é por demais evidente: a ex-rainha das bruxas de magia negra, Doreen Irvine, se converte e recebe o seu batismo do espírito falando em línguas; Mike Warnke, antigo agente e sacerdote satânico, se converte e igualmente recebe o batismo do espírito; Merlin Carothers transita em meios espíritas e posteriormente tem uma visão na qual Jesus se ajoelha em sua frente além de constantemente ela ser dirigida por faces e vozes; Susan Atkins, a ex-noiva de Charles Manson, anteriormente enredada em graves pecados ocultistas, se converte e “Jesus” aparece em sua frente em um resplandescente vulto de luz.
O já citado Don Basham escreve em seu livro “Liberta-nos do mal” como, quando ainda era seminarista, já falando em línguas, ele ingenuamente (posteriormente ele descobriu os perigos relativos a isto) frequentava seções espíritas. As suas citadas práticas para o recebimento do batismo do espírito nos levam a pensar antes num espiritismo disfarçado ou justamente na Nova Era do que nos ensinamentos da Bíblia.
Faz-se extremamente necessário que os crentes finalmente reconheçam qual é a essência do que realmente se passa nestes casos, o motivo pelo qual os carismáticos têm tamanho “sucesso” entre os dependentes das drogas, a razão pela qual as pessoas de passado com drogas ou ocultista são encontradas tão rapidamente de novo em meios carismáticos e o motivo pelo qual estas correntes tem crescimento tão fenomenal nos países do terceiro mundo, especialmente na América do Sul, o baluarte do espiritismo.
Exatamente a carta aos Coríntios, escrita por causa da falta de ordem na comunidade, mostra claramente a regra basica da promiscuidade. As duas fontes clássicas são imoralidade, ou seja, prostituição e idolatria. Em virtude disto o apóstolo Paulo admoesta estes crentes a fugir destas coisas, uma vez que eles haviam sido enredados por elas. (1 Co 6:18 e 10:14)
Por causa desta promiscuidade os coríntios também davam grande ênfase ao falar em línguas. No entanto Paulo, em sua exposição em 1 Coríntios 14, sistematicamente os reprime. Hoje temos uma onda pornográfica e ocultista e consequentemente as circunstâncias coríntias se tornaram novamente atuais.
O auge da promiscuidade antagônica a Deus é encontrada em 1 Coríntios 5:5. A carne deste crente está entregue a Satanás, todavia o espírito é propriedade do Senhor pela conversão. É isto que este versículo mostra. Sob certos aspectos esta epístola é a carta padrão da promiscuidade, a qual também é citada alegoricamente na forma de fermento, o qual se encarrega de levedar toda a massa. (1 Coríntios 5:6)
Em virtude disto só podemos concordar com o editor do “The Trumpet Sounds for Britain”, David E. Gardner, quando ele conclui:
“Eu me convenci de que também um outro espírito deve estar agindo no movimento carismático, o qual definitivamente não é o Espírito de Jesus, mesmo que o Espírito Santo atue juntamente.”
O processo que desencadeia o agir deste falso espírito é muitas vezes a experiência do falar em línguas, que é comparada ao dom bíblico, mas que infelizmente poderia ser uma imitação do enganador. O quanto esta experiência faz parte da criação de um clima apropriado para condicionar crentes às inspirações do mundo irracional e com isto levá-los à falta de controle próprio, é admitido surpreendentemente sem disfarces pelos representantes destas correntes. Assim Wolfram Kopfermann declara em um curso para a cura baseada na força do espírito:
“Os dons do espírito transracionais não são conformados pelo querer e pelo entendimento. O falar em línguas é ao mesmo tempo um dom que provoca o transbordamento. Isto marca a passagem de uma esfera à outra. Através dele adentramos um terreno no qual abandonamos a base do nosso autocontrole mental. É por isto que este dom tem tamanha importância para a maioria dos cristãos. Quando eles passam por este transbordamento através do caminho do falar em línguas, então eles têm maior facilidade de pedir dicas também a respeito de outros dons transracionais. É por isto que é correto que este dom seja tão destacado no movimento carismático…”
Hoje, a ingenuidade de muitas pessoas é alarmante. Pois é exatamente o conhecimento da essência de uma eventual promiscuidade e dos fenômenos da passividade que poderia esclarecer algumas ligações, permitindo uma visão mais clara, de forma a se evitar a sedução.

A EXPERIÊNCIA DA EXCURSÃO DA ALMA

Este poder estranho pode retirar a alma da pessoa, ou seja, o seu Próprio ou ego do corpo (da máquina biológica), aumentando ainda mais o poder de influência das trevas. A isto se dá o nome de viagem astral. Trata-se de um fenômeno conhecido do ocultismo e do espiritismo. O Livro dos Mortos tibetano está repleto de tais relatos, os praticantes da Yoga são capazes de realizar isto e no mesmo nível também se encontram as experiências de morte que se tornaram mundialmente conhecidas através de Elisabeth Kübler-Ross e Raymond Moody.
Raymond Moody sempre escuta uma voz, a qual julga ser divina. (Espero que o leitor já consiga extrair do contexto a quem deve ser atribuído este constante ouvir de vozes.) A particular e costumeira percepção de uma voz é descrita como um espírito controlador no espiritismo. A senhora Kübler-Ross teve várias experiências de viagens astrais e pode relatar a respeito de pelo menos três espíritos controladores. Na verdade ela passou por fenômenos ocultos praticamente completos.
Também C. G. Jung teve uma morte semelhante. Isto não deve ser surpreendente, uma vez que ele era um espírita praticante, que inclusive admitiu abertamente ter derivado sua psicologia e seus ensinamentos dos arquétipos da literatura espírita. Do mesmo modo ele tinha um espírito controlador (Filemom) e escreveu o prefácio do Livro dos Mortos tibetano, o que naturalmente, em um parentesco espiritual, correspondia às suas doutrinas espíritas.
Em todos os casos, estas pessoas contam como elas podem ver a si mesmas sentadas ou deitadas, tendo a impressão de estarem flutuando em algum lugar do espaço, desligadas do seu corpo. Estes fenômenos ocultos tornam-se dignos de nota pelo fato deles terem ingressado também na literatura cristã.
Novamente são primeiro os carismáticos que qualificam estes fenômenos altamente ocultistas como ações divinas do Espírito.
Demos Shakarian experimenta da seguinte forma esta “excursão da alma”:
“E então a visão tinha acabado. Notei como retornava à Terra. Abaixo de mim estava Downey, na Califórnia. Ali estava nossa casa. Podia ver a mim mesmo, ajoelhado,…”
Entrementes os “Geschäftsleute des Vollen Evangeliums” (GdvEI), cuja fundação se baseia na visão acima, não são apenas mais um movimento à parte, mas constituem o grupo que apoia e que popularizou o movimento carismático como nenhum outro.
Da mesma forma Roland Buck, a quem devemos a autoria do livro “Begegnungen mit Engeln” (Encontros com Anjos), da Editora Leuchter, vê a si mesmo por trás, debruçado sobre a sua escrivaninha, na volta da suposta “Sala do Trono de Deus”.
No livro “Allah mein Vater ?” (Alá, Meu Pai ?) de Bilquis Sheikh lêem-se experiências parecidas. Igualmente Kathryn Kuhlman pode relatar acerca de fatos similares.

O RENASCER DO MISTICISMO

Dentro deste raio de ação da sedução por uma onda de passividade também se encaixa o ressurgimento do misticismo. Já a partir de sua definição ela se constitui numa terra fértil ideal à passividade. Ela se origina do radical grego “myein”, o que significa fechar-se ou retrair-se, principalmente no que se refere aos olhos e à boca. Cai-se num silêncio passivo e desta forma se é condicionado a experiências sobrenaturais.
Neste contexto, Friso Melzer recomenda:
“Nestes treinamentos, o entendimento e a vontade própria estão descartados; o praticante está pronto a receber e deixa correr, deixa acontecer aquilo que lhe sucede (dentro dele).”
Novamente temos aqui as regras clássicas da passividade. Estas vítimas, iludidas pelos hábitos religiosos, por vezes têm uma série de “inspirações celestiais” e também sonhos, sem se darem conta que através destes métodos eles entregam seu instrumentário corporal (o cérebro) para ser alimentado por poderes satânicos.
Inclusive muitos “santos” da Igreja Católica nao foram nada mais que logrados médiuns de um poder estranho e tinham os sintomas (temporários) da possessão. Teresa de Ávila, por exemplo, constantemente escutava um zumbir nos ouvidos e tinha acessos de tontura. Durante quase duas décadas ela mal podia comer. Ataques cardíacos e nevralgias quase a levaram à morte. Em uma excursão da alma, Catarina de Siena foi guiada pelo paraíso, inferno e pelo purgatório.
Muitos ensinamentos da Igreja Católica, como por exemplo o purgatório e a festa de Corpus Christi, se baseiam nestas visões da Idade Média. O catolicismo está repleto de um “espiritismo piedoso” (orações pelos mortos, purgatório) e do misticismo e em virtude disto estas forças estão ganhando uma nova popularidade nas atuais tendências apocalípticas.
A renovação carismática da Igreja Católica mostra claramente como a corrente mística deste espírito entusiasta se encaixa perfeitamente aos dogmas católicos. O livro “Der Aufbruch” (A Eclosão), de Siegfried Grossmann, narra entre outras coisas que:
“Em todos eles nós encontramos um grande amor à Eucaristia, e alguns, também moças e jovens senhores, nos disseram terem reencontrado o amor à mãe de Deus e que frequentemente rezavam o terço. À minha pergunta a respeito do motivo pelo qual raramente se falava de Maria nas “prayer meetings” (reuniões de oração) veio a resposta de que isto ocorria em consideração aos cristãos não-católicos que oravam com eles.”
O ensinamento místico dos sacramentos do catolicismo pode ser perfeitamente comparável às experiências carismáticas.
“A experiência mostra que muitos cristãos, baseados em suas experiências carismáticas, adquirem uma relação mais profunda com os sacramentos, principalmente com a Eucaristia.”
Ainda mais surpreendente é o seguinte relato do livro “Zen – ein Weg für Christen” (Zen – um Caminho para os Cristãos), onde o autor narra os seguintes acontecimentos:
“…outros pediam pela oração e pela imposição de mãos e ainda outros pediam pelo batismo do Espírito. Eu recebi o batismo do Espírito… Acredito que os sacramentos podem ter os mesmos efeitos… Em todo o caso, através do movimento pentecostal eu pude reconhecer as semelhanças entre o Zen-Satori, a conversão cristã ou a metanoia.”
Sobre esta base da experiência, é possível que todas as pessoas sejam levadas ao “acontecimento divino” comum da igreja da unidade mundial.
A meditação baseada em imagens, em especial os ícones da igreja oriental, são o trampolim ideal à passividade e ao poder sedutor ligado à ela. É solicitado que a pessoa se renda à estas imagens e é em virtude disto que as visões e as sensações de se estar ouvindo vozes são fenômenos que fazem parte da vida religiosa dos santos na Igreja Ortodoxa do Oriente. Os monastérios têm sua origem nesta interpretação mística e sincretista de um isolamento frequentemente passivo. A forma mais extrema são os santos de colunas.
Mas não apenas os monastérios, como também muitas comunidades (nem todas) têm a sua raiz na devoção mística e passiva. Assim o fundador da Ordem de Taizé, Roger Schütz, conhecido pelo seu ecumenismo sincretista, afirma o seguinte:
“Para não ficar apenas na sequidão do silêncio, deveríamos perceber que o silêncio pode abrir caminhos a possibilidades criadoras desconhecidas. Nas profundezas da personalidade humana, no subconsciente, Cristo ora muito mais do que podemos imaginar. Comparada à imensurabilidade desta oração oculta de Cristo em nós, a nossa oração articulada é apenas uma pequena parte. O essencial da oração se realiza principalmente num grande silêncio.”
No entanto, a Reforma não ocorreu pelo fato de um homem ter ido à um monastério, como a atual devoção mística insinua cada vez mais, mas pelo fato de um homem ter se retirado do monastério confrontando todos estes acontecimentos subjetivos à autoridade da Palavra de Deus. “A Palavra Somente!”

CURAS: EDIFICAÇÃO OU SEDUÇÃO ?

Hoje, cada vez mais somos confrontados com a reivindicação de que o evangelho que não vem acompanhado da cura de doentes não é o evangelho pleno, mas um evangelho incompleto. Conforme alegam, a anunciação do evangelho também inclui a incumbência de se realizar curas. “Pregai e curai”, seria a ordem missionária da Bíblia. Deus ainda hoje estaria fazendo com que a pregação da sua palavra viesse acompanhada do agir de forças sobrenaturais, sinais e milagres. O coro de vozes que impulsiona este tipo de pensamento, quase imperceptivel em tempos mais antigos, tem se tornado cada vez maior, de modo que se tornou impossível que ele passe despercebido.
De antemão deve ser dito claramente que de forma alguma quer se deixar a impressão de que Deus não pode mais curar em nossos dias. No entanto precisa ser percebido que o nosso corpo não está salvo nesta era (Romanos 8:23). Isto so ocorrerá quando a comunidade atingir a plenitude (1 Coríntios 15:51-55). Em virtude disto, a tese de que o sacrifício de Jesus na cruz inclui a cura de todas as nossas doenças já no presente (como enunciam os dogmas do movimento pentecostal), é insustentável. Apesar disto, o Deus Vivo ainda cura hoje quando, onde e como Ele quer. Eu mesmo sei de curas – mesmo de câncer – segundo as instruções de Tiago 5:14-16.

UM MINISTÉRIO DE CURAS POPULAR

Entretanto, em nossos dias tem se revelado mais e mais um ministério de curas bastante peculiar. Os evangelistas de curas como John Wimber, Reinhard Bonnke, Wolfram Kopfermann, Yonggi Cho e outros tem se dirigido à um número crescente de cristãos.
John Wimber é um homem de agir simpático e fascinantemente irradiante que certamente tem as melhores intenções para com a igreja. No entanto, mesmo o grande entusiasmo das massas e as mais nobres intenções não nos isentam do dever de por `a prova os espíritos. É por isto que o Senhor Jesus não deixa transparecer com uma única palavra uma atenuação do Espírito pelo fato de os efésios terem posto “à prova os que a si mesmos se declararam apóstolos e não o são” (Apocalipse 2:2). Pelo contrário, eles são elogiados em virtude disto.
Como foi então que ocorreu a adesão de John Wimber, o homem que hoje talvez seja o maior disseminador dos cultos de curas dentro da cristandade ocidental, ao movimento carismático ? Entre outras coisas, pode se ler o seguinte a respeito de sua carreira em uma revista inglesa:
“Antes que chegassem ao ponto de compartilhar seus pontos de vista (nota: sua esposa tinha se abrido ao movimento carismático anteriormente a ele), sua mulher quis saber se ele tinha o dom da cura. Durante uma noite, enquanto ele dormia, ela tomou sua mão, a colocou sobre os seus ombros e orou: ‘OK Senhor, agora o faça!’ Uma onda de calor repentinamente fluiu para seus ombros e John Wimber acordou com a sua própria mão quente e pulsante.”
O que se deve julgar desta forma de cura ? Isto nos faz lembrar antes de um contato da Idade Média, ou seja, magia de simpatias que um milagre bíblico de cura. Sem sombra de dúvida, a personalidade de Wimber, ou seja, seu querer, está fora de jogo. Uma vez que ele dorme, ele se constitui literalmente num médium de uma força espiritual, a qual o usa como canal, fluindo através dele. No entanto, decidimante as verdades espirituais são reveladas pelo entendimento e não pelos sentimentos. O contorno ou o ‘desligamento’ do entendimento implica na desconsideração da personalidade, isto é da vontade da pessoa. Como já havia sido mencionado, isto não constitui uma forma de ação do Espírito Santo.

OS OPERADORES DE CURAS DO ESPÍRITO E SEUS EFEITOS COLATERAIS

Também as sensações de calor constituem um conhecido e antigo fenômeno que acompanham os operadores de curas do espírito ou as curas do espírito. Isto será provado por algumas citações.
O operador de curas do espírito mais conhecido da Inglaterra, Harry Edward, relatou que os espíritos de pessoas falecidas agiam através de suas mãos. À pergunta de como ele e seu paciente notavam o acontecimento da cura, ele respondeu: “Principalmente pelo calor – no ponto em que são impostas as mãos. Tanto o curador como o paciente notam isto. Deve haver alguma transferência de energia neste processo.”
Um jornal diário conta a respeito do operador de curas do espírito Starczewski, que atua na Alemanha:
“Ele não efetua as curas sozinho, mas como médium que conta com a ajuda de uma especial força irradiadora cósmica, um calor latente, que flui pelas suas mãos, como médium de espíritos do além, diz ele.”
O especialista em temas esotéricos e curas do espírito, Paul Uccusic, escreveu sob o título “A Força Curadora das Mãos”:
“No tratamento direto, via de regra, o operador da cura irá trabalhar com suas mãos, suas armas mais poderosas na luta contra a doença… A maior parte dos operadores de curas sentem a força nas mãos e nos braços, sabendo que a força não vem deles mesmos, mas que mesmo assim ela age por intermédio de suas mãos… Neste processo de imposição de mãos, o doente na maioria das vezes sente um calor que percorre os tecidos e os ossos e que normalmente faz as dores desaparecerem em pouco tempo. O doente crê que as mãos do operador da cura são quentes, mas isto não corresponde à realidade: ele apenas sente a força.”
Constantemente é enfatizado que estas forças restauradoras constituem um dom divino para o bem da humanidade. A esta convicção frequentemente se associa a um agir altruísta.
Tem se motivos suficientes para perguntar quais as semelhanças entre este mediunismo escancarado e os operadores de curas cristãos.
O que salta a vista, como já mostrado em alguns exemplos de evangelistas de curas e líderes carismáticos, é que os sintomas (calor, etc.) são intrigantemente parecidos. Dar-nos-ia isto o direito de se chegar a tais conclusões ?

COMO FOI REDESCOBERTA A INCUMBÊNCIA DE CURAR

Sem a intenção de se abranger integralmente o assunto, será esboçado rapidamente por quais pessoas-chave a suposta incumbência de se realizar curas foi ‘redescoberta’ e pregada nas igrejas. O tema da cura já sempre foi um patrimônio do movimento pentecostal e posteriormente carismático. No entanto, como ele penetrou nas igrejas tradicionais e históricas ? A verdade é que a temática das curas só adquiriu tamanha contemporaneidade nas últimas décadas, ou melhor, nos últimos anos.
Tanto nos missionários do século XIX, quanto naqueles que antigamente ainda ousavam abrir novas fronteiras, como William Carey ou Bartolomeu Ziegenbalg, não se lê que paralelamente à suas pregações eles tenham realizado cultos de curas. Assim David Livingstone escreveu em uma carta:
“Minha prática aqui tem ganho proporções extraordinárias.”, compartilhou ele certa vez. “Presentemente, tenho pacientes que vieram de distâncias superiores a 200 km para serem tratados por mim. Muitos casos bastante graves foram trazidos à minha presença e por vezes meu carro esteve completamente tomado de cegos, mancos e aleijados. Quão grande seria o sucesso se um dos 70 discípulos estivesse aqui para curar a todos eles com uma palavra! Por sinal, eles são excelentes pacientes. Não existe murmúrio. Mesmo as mulheres permanecem imóveis durante uma cirurgia.”
Hoje, tem se recorrido com frequencia cada vez maior, exatamente a este envio dos doze, ou então dos 70 discípulos, com a finalidade de legitimar biblicamente a incumbência de curar. David Livingstone, um dos missionários mais abençoados de todos os tempos, nada sabia a respeito desta “plenitude da cura”. Será que também este especial servo do Senhor não tinha o “evangelho pleno” ?
Com relação a este ponto histórico também é digno de citação o que Roland Brown escreveu em sua biografia “Gott ist gut, Jesus ist wunderbar” (Deus é bom, Jesus é maravilhoso), em 1924:
“Pensei comigo mesmo como seria maravilhoso se pudéssemos tocar a alguém e o Senhor o curasse. Aliás, até aqui eu não escutei nada a respeito de tais curas em nossos tempos. Também nas pregações este tema não era tratado. Também não conhecia nenhum livro a este respeito ou algum artigo de algum periódico. Dentro de mim estava o grande desejo de que aquilo que tinha ocorrido nos primórdios do Cristianismo, também deveria ocorrer hoje.”
Naquele tempo Roland Brown residia em Chicago. Em parte ainda existiam os efeitos do grande despertamento de D. L. Moody, que tinha agido ali com mui ricas bênçãos. Seria possível que a cristandade de então tivesse deixado um aspecto supostamente tão importante da pregação fora de consideração ?
Quem foram então as pessoas-chave para o redescobrimento deste dom “perdido”? O pastor escocês da igreja anglicana, Cameron Peddie, entitulou seu livro, no qual defendia a cura dos doentes como uma missão bíblica permanente, como “O Dom Esquecido”. A respeito da percepção das “forças curadoras” ele escreve:
“Aquele que realiza o tratamento, faz isto tendo o conhecimento de que uma força flui por ele (se ele for suficientemente receptivo a isto em seu interior), e o paciente tem uma sensação peculiar de frio ou calor. O calor que é produzido nas porções doentes por vezes é tão intenso que o paciente faz o comentário: “‘Ai, está quase que queimando!'”.
Com que fonte estão relacionados o dom e a missão de Cameron Peddie ? Nele a influência espírita é bem visível. Ele mesmo confessa como em 1942 foi à um médium:
“Paulatinamente suas expressões faciais pareciam se alterar tomando feições orientais. Ela encontrava-se em estado de transe… Tínhamos a impressão de estarmos na presença de um anjo – certamente não na de um demônio. Ela impôs as mãos sobre minha mulher… Os médiuns espiritualistas curavam em nome e pela força de espíritos conhecidos, os quais não eram necessariamente maus, mas não estavam incorporados.”
O seu chamado para novamente tornar a missão de curar conhecida na igreja sucedeu da seguinte forma:
“Eu falei a Deus: ‘Pai, ainda estou no escuro… Como poderei então transmitir a missão de curar a meus irmãos ? Quando eu entrar no meu quarto irei abrir a Bíblia. Por favor, faça com que as primeiras palavras que eu vir ali sejam uma mensagem que me oriente. “… Apontei um versículo com o dedo e quando estava pronto para lê-lo, três páginas se viraram por si só, uma após a outra, como se estivessem sendo movidas por uma mão invisível.”
Sem sombra de dúvida, este chamamento à missão de curar, é uma manobra ocultista, uma obra de espíritos sedutores, os quais segundo se lê em 1 Timóteo 4:1 estarão particularmente ativos nos finais dos tempos. “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios…”

UMA MISSÃO DE CURAR BÍBLICA ?

Frequentemente as passagens dos evangelhos, diga-se Mateus 10:5ss e Lucas 10:9, são citadas como pretexto à missão de se exercer o ministério de curas. No entanto estas passagens ocorreram antes do episódio do Gólgota e se referem expressamente à Israel (principalmente Mateus 10:5-6). Em contrapartida, no envio missionário de Mateus 28, onde, contrariamente ao texto de Mateus 10 é dada a ordem expressa de ir à todas as nações, não temos uma única sílaba que possa ser interpretada como uma ordem de realizar curas.
Também o abrangente designio de Deus à comunidade não é encontrado primeiramente nos livros históricos ou nos evangelhos (a palavra comunidade só aparece por três vezes nos quatro evangelhos), porém nas epístolas. Ainda assim não temos uma única ordem de que os crentes devam curar doentes desde a carta aos Romanos até a carta a Judas.
Por que então durante a pregação do evangelho, mesmo no livro dos Atos dos Apóstolos, sempre era oferecido o perdão dos pecados aos ouvintes e nunca a cura de doentes ? Pedro, por exemplo, não deveria ter dito na casa de Cornélio: “Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo o que nele crê recebe remissão dos pecados.” (Atos 10:43) e, (continuando neste sentido) cura de suas doenças ? Será que os apóstolos teriam esquecido de mencionar uma parte tão substancial de sua missão ?
Principalmente a primeira epístola de João indica o motivo da vinda do nosso Senhor, alerta frente à sedução e ordena o discernimento dos espíritos. Esta carta mostra os critérios bíblicos para o crente. Ali, sempre quando é mencionado o motivo da vinda de Jesus (1a. João 3:5, 8, etc.), este está relacionado ao pecado. Nenhuma vez é dito que Jesus tenha vindo para curar os doentes. “Nisto consiste o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou, e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.” (1a. João 4:10). Se considerássemos como óbvio que a comunidade tem a incumbência de realizar curas, teríamos aqui uma omissão significativa.

AS EXPERIÊNCIAS DE CURA DE GEORGE BENNETT

Também o sacerdote anglicano da High Church, George Bennett, prega a missão de curar baseado nas mesmas passagens bíblicas. Para exemplificar, na contracapa do seu livro “Heilung brauchen wir alle” (Todos nós precisamos de curas), lê-se o seguinte: “Em nossos dias a igreja tem redescoberto a sua missão de realizar curas.”
Não se trata portanto de algo que sempre tenha sido praticado no decorrer dos séculos da história da igreja cristã, ou seja, desde o início da igreja ou da Reforma, mas de algo novo que vem ao nosso encontro.
Antes de tudo, o modo de pensar de George Bennett, o qual ele defende em seu livro, é uma mistura do ministério de curas e da doutrina dos sacramentos da igreja. Bastante esclarecedor é o trecho do seu livro onde ele explica como as doenças ou as legioes delas podem ser detectadas pelo tato das mãos. Literalmente é dito:
“Uma sensação ‘diferente’ também pode ser a habilidade de se detectar através da intuição ou do tato as porções doentes daquele que sofre. As vezes o praticante sente na ponta de seus dedos que as partes a serem curadas parecem quentes ou então mortas. O “operador das curas” então sabe espontaneamente por quanto tempo ele deveria deixar suas mãos sobre a parte doente. Por vezes suas mãos vibram quando as energias criadoras de Deus fluem através delas. Posteriormente o paciente talvez irá relatar que tenha sentido uma onda de calor ou algo assim como uma corrente elétrica que passou por ele. Um acontecimento desta forma não tem nenhum significado em si mesmo; trata-se apenas da manifestação externa do agir das verdadeira força no interior – embora possa ser bastante inquietante, quando ocorre pela primeira vez.”
Novamente temos claramente os sintomas do mediunismo e não do agir do Espírito Santo. É interessante que imediatamente a seguir George Bennett explica como o “dom” de sentir as doenças com as mãos se manifesta:
”O operador de curas sente que é transportado por esta força para um mundo completamente diferente e maravilhoso que não pode ser explicado. As vezes ele pode se assustar com isto, ficando inseguro… Além disso, ele também sente que se torna mais vulnerável frente à lesões em sua vida e a ataques do maligno.”
Também aqui as ligações se tornam explícitas pelos testemunhos dos próprios operadores de curas.

JOHN WIMBER E A “TERCEIRA ONDA DO ESPÍRITO SANTO”

É notável, que no livro de John Wimber, A Terceira Onda do Espírito Santo, estas percepções de calor são citadas constantemente. Assim, sua esposa Carol escreve a respeito da vinda daquele que é tido como o Espírito Santo:
“ No entanto eu sabia que Deus tinha vindo a nós. Estava muito feliz, pois tinha orado por muito tempo pelo poder de Deus. Na verdade tinha imaginado isto de forma um pouco diferente, mas Deus nos deu a sua força deste modo. Levantei-me e comecei a circular mantendo minhas mãos nas proximidades das pessoas que estavam deitadas no chão. Eu podia sentir a força que saía de seus corpos; era algo como calor ou eletricidade.”
A este respeito, ainda é digno de nota que também católicos que supostamente teriam sido curados pela rainha celestial Maria têm as mesmas sensações. Um homem paralítico que foi curado em Lourdes relata como ele teria sentido um forte calor em todo o corpo. Em seguida ele pôde se levantar de sua cadeira de rodas.
Em vista disto, ainda nos surpreenderia o fato de John Wimber citar positivamente até Lourdes em seu livro “Vollmachtige Evangelisation” (”A Evangelização Poderosa”.) Conforme consta, seria um lugar onde o agir miraculoso de Deus através de sinais seria perceptível.
Ainda no mesmo livro, o mais conhecido evangelista de curas da América declara literalmente:
“As vezes começo a sentir dores em diversas partes de meu corpo. Isto me mostra quais doenças que Deus quer curar nos outros.”
Embora não exista nada de semelhante em toda a Bíblia, estes fenômenos são amplamente conhecidos pelos “operadores de curas do Espírito”.
A fé no Deus pessoal da Bíblia é gradativamente substituída pela percepção de um agir impessoal de uma força, a qual é sentida primeiramente no campo físico. No livro de Wimber, “A Terceira Onda do Espírito Santo” – diga se de passagem: uma verdadeira mina destes fenômenos – sua esposa Carol relata:
“Assim John circulava pelo quarto orando por nós. Das suas mãos fluía uma força inacreditável. Quando ele tocava as pessoas, estas simplesmente caíam. Para John era como se de suas mãos fluísse uma força espiritual semelhante à eletricidade. Foi a primeira vez que John realmente sentiu como uma força saía dele.”
Como exposto anteriormente, este espírito, que infelizmente é tido como sendo o Espírito Santo, ignora a personalidade e o controle próprio da pessoa. Assim Carol continua escrevendo de seu marido:
“John se dirigiu à geladeira para beber um copo de leite. Enquanto colocava o leite no seu copo, disse: “Eu acredito que quando se ensina a Palavra de Deus, o Espírito Santo…” John não conseguiu mais completar o seu raciocínio. Enquanto ele falava “ o Espírito Santo”, suas pernas cederam de modo que ele ainda mal se pôde segurar no balcão. O leite respingava por todos os lados. Surpreendido e rindo ele levantou o olhar para mim dizendo: “Acho que ainda passaremos por muitas coisas, Carol Kay.””
Ainda mais um exemplo destes fenômenos da assim chamada “Terceira Onda do Espírito Santo”: o pregador pentecostal inglês Terry Virgo relata a respeito de um encontro de oração na África do Sul:
“Enquanto orávamos por eles, repentinamente o Espírito Santo foi derramado… Alguns caíram ao chão sob o poder de Deus enquanto outros começaram a tremer violentamente. Um jovem senhor era jogado com força de um lado para o outro no chão, debatendo-se como um peixe que é jogado em lugar seco. Era inconcebível que ele pudesse fazer aquelas contorções corporais sozinho. A partir daquela noite a sua vida recebeu um brilho completamente novo.”
Aqui é admitido como uma outra força controla a pessoa.
Como John Wimber intermedia o dom da cura ? Já vimos como esta força se manifesta principalmente na esfera da alma e do corpo. Passemos então a palavra a alguém deste já muitas vezes citado bestseller “A Terceira Onda…” que literalmente sentiu isto na própria pele.
Sob o notável título “A Respeito Disto Pode-se Rir”, o neozelandês Murray Robertson descreve da seguinte forma a sua capacitação para o ministério de curas: “págs 175-176 da Terceira Onda do ES”

H. E. Alexander, nascido na Grã-Bretanha e fundador da Action Biblique, já há décadas escrevia claramente (e quase exageradamente, embora possivelmente este não seja o caso para a última citação) a respeito dos fenômenos do espiritismo cristão.
“ Você nunca teve fortes sentimentos físicos e da alma, êxtases e intensas comoções da alma e espirituais ? Você foi atingido por tremores descomunais ? Você foi atirado ao chão e ficou deitado sobre os teus joelhos ou se arrastava ao redor enquanto cria que estava sob o agir do Espírito Santo ? Tenha certeza que neste momento Satanás se apossou do teu corpo total ou parcialmente transformando-o num médium do espírito do “Anjo da Luz”… E você julga que aqueles que te exortam frente à este terrível perigo “pecam contra o Espírito Santo” na medida em que se contrapõem ao agir de Deus. A tua vida está relacionada diretamente com o mundo demoníaco e isto em nome de Deus!”
Foi o Prof. Peter Wagner que convidou John Wimber para as preleções no Fuller Theological Seminary na Califórnia. Depois da parte teórica, o ministério de curas logo foi posto em prática. Através disto a base de influência de John Wimber aumentou consideravelmente. Também o respeitado psiquiatra cristão Dr. John White, autor de muitos livros de grande influência e sucesso, participou destes cursos. Lamentavelmente também ele mostra pouca capacidade de discernimento quando comenta positivamente a cura de uma perna ferida de um estudante:
“O jovem levantou sua face. Ela brilhava um pouco do suor. As pálpebras tremiam. Depois de certo tempo sua cabeça e os antebraços começaram a tremer, primeiro levemente, e então cada vez mais forte. Em pouco tempo todo o seu corpo tremia com uma intensidade tal que se tinha de temer que ele perderia o equilíbrio e viria a cair. Sua muleta espatifou-se no chão e dois estudantes correram até ele para o colocar cuidadosamente no chão onde ele começou a tremer ainda mais fortemente… Entrementes a perna direita do jovem esperneava em todas as direções e nisto atingiu uma pasta que escorregou sobre o piso. Fiquei preocupado pois a perna esquerda (a qual erroneamente eu julgava ser a machucada) estava presa sob a perna que batia de um lado ao outro com voracidade. Pedi aos estudantes que estavam sentados mais pertos do rapaz que cuidadosamente retirassem a perna de debaixo da outra. Quando tentaram isto, aparentemente também foram tomados pelo tremor, de modo que não podiam atender ao meu pedido. Cinco a sete minutos mais tarde tudo cessou…”
O anteriormente citado Dr. Peter Wagner é professor de crescimento das igrejas na Fuller Theological Seminary “School of World Mission” em Pasadena, Califórnia. Seus trabalhos a respeito do crescimento das igrejas são tão numerosos e de tamanha influência que ele já lhe foi conferido o nome de “Mr. Church Growth” (Sr. Crescimento da Igreja). A influência de Peter Wagner sobre o movimento evangélico em todo o mundo é tão grande que não pode ser estimado.
Na sua contribuição ao já citado livro de John Wimber “A Terceira Onda do Espírito Santo” podem ser lidas coisas notáveis. Em primeiro lugar ele julga estar prioritariamente na mira de Satanás:
“A Terceira Onda do ES pág 56 coment 79”
Imediatamente a seguir, conforme consta, os ataques de espíritos tomaram forma ainda mais surpreendente:
“A Terceira Onda do ES pág 56 coment 80”
Graças à sua grande influência, Peter Wagner tenta agora incutir sistematicamente os princípios do ministério de curas e do crescimento das igrejas – ligados a sinais e milagres – nos círculos que ainda não foram atingidos pelo movimento carismático. Um de seus últimos livros, “How to Have a Healing Ministry Without Making your Church Sick” (Regal, 1988) – ( “Como ter um Ministério de Curas sem Deixar a sua Igreja Doente”), novamente trata o tema do ministério de curas e como ele pode ser aplicado na prática pelas comunidades. A edição alemã recebeu o título “Der gesunde Aufbruch”, Wolfgang Simson Verlag, 1989.
Em uma de suas publicações mais recentes, Peter Wagner aborda o tema “Espíritos Territoriais e Missões Mundiais” onde discute principalmente as relações existentes entre as atividades demoníacas e a propagação do evangelho. Este artigo contém muitas coisas corretas e dignas de consideração. Nele também podem ser encontrados uma série de relatos e acontecimentos extravagantes. Por exemplo, Peter Wagner escreve a respeito de uma determinada sulamericana de nome Rita Cabezas, cujo trabalho consiste em pesquisar os nomes da hierarquia de Satanás:
“Não irei descrever seus métodos, apenas quero ressaltar que tudo se iniciou com suas abrangentes práticas psicológicas e de libertação, vindo a desenvolver-se posteriormente até o recebimento de palavras de reconhecimento e revelação. Ela descobriu que imediatamente abaixo de Satã existe a nível mundial seis principados de nomes Damian, Asmodeo, Menguelesh, Arios, Beelezebub e Nosferasteus. Abaixo de cada um deles, relata ela, há seis regentes para cada país.”
Neste ponto, entre outros, também são citados os nomes dos seis regentes cujo país de competência são os Estados Unidos, os quais, conforme consta teriam os seguintes nomes: Ralphes, Anoritho, Manchester, Apolion e Deviltook além de um anônimo.
Abertamente pensa-se ter o conhecimento das cousas profundas de Satanás (Apocalipse 2,24).
O espiritismo disfarçado contudo fica completamente evidente no trecho acerca do misterioso Triângulo das Bermudas, o qual Peter Wagner, com uma postura de aprovação, reproduz:
“Kenneth McAll, depois de passar muitos anos trabalhando como médico de uma missão na China, retornou à Inglaterra como psiquiatra de aconselhamento. Na China ele havia iniciado um ministério de libertação e se empenhou neste tema através de abrangentes pesquisas e publicações. Em 1972 ele e sua esposa passaram pelo Triângulo das Bermudas a bordo de um navio. Muitos navios e aviões já haviam desaparecido naquela região sem deixar vestígios, no entanto eles acreditavam que isto não lhes poderia suceder. Aconteceu. Uma violenta tempestade os dominou, mas felizmente eles foram salvos. Pelas suas investigações, McAll descobriu que naquele local cerca de dois milhões de escravos, que não estavam em condições de serem vendidos devido à doenças ou por estarem muito fracos, foram lançados ao mar pelos seus capatazes que então eram reembolsados pelas seguradoras. Ele tinha a impressão que Deus o estava impelindo a empreender algo. Em 1977, McAll reuniou vários bispos e sacerdotes anglicanos entre outros por toda a Inglaterra para uma celebração eucarística de jubileu. Pouco tempo depois, uma outra celebração foi realizada nas próprias ilhas Bermudas. A intenção declarada era de “conseguir uma especial libertação para todos aqueles que haviam chegado a um final inoportuno no Triângulo das Bermudas.” Consequentemente, a maldição foi revogada. McAll relatou em 1982 que “desde a celebração até agora – 5 anos – não ocorreu nenhum acidente inexplicável no Triângulo das Bermudas.””
Crescimento da igreja e combate na batalha espiritual alavancados por missas para falecidos ?
Entrementes Peter Wagner recebeu não só o carisma da cura de enfermos, como também o peculiar dom de poder aumentar o comprimento de pernas curtas. Seu batismo no espírito foi obtido com Yonggi Cho, a respeito de quem o “Dictionary of the Pentecostal and Charismatic Movements” relata que Jesus teria se revelado a ele como um bombeiro durante a sua conversão.
O coreano Yonggi Cho é o pastor da maior igreja do mundo. No entanto, como Dave Hunt mostra claramente, seu bestseller “A Quarta Dimensão” pode ser classificado muito mais como uma apologia do ocultismo, diga-se um xamanismo cristão camuflado, que um cristianismo bíblico. À vista disto, não surpreende o fato de o periódico inglês “Sword & Trowel” ter publicado um artigo a respeito das técnicas de cura de Yonggi Cho sob o título “Occult Healing Builds the World’s Largest Church” (Curas Ocultistas Constroem a Maior Igreja do Mundo).
Hank Hanegraaff é da mesma opinião. Em seu livro “Christianity in Crisis” (Cristianismo em Crise), ele francamente conclui:
“A visão de Cho a respeito do pensar quadridimensional não é nada mais nem menos que ocultismo. Em seu bestseller “A Quarta Dimensão”, Cho revela seu afastamento da teologia cristã histórica para adentrar o mundo do ocultismo.”

A INFLUÊNCIA DE AGNES SANFORD

Agnes Sanford é a peça-chave responsável pela reinserção dos ministérios de cura nas principais denominações da cristandade nos Estados Unidos. Talvez não exista outra mulher neste século que tenha exercido tamanha influência sobre a cristandade atual nos Estados Unidos como esta professora e autora de muitos livros de sucesso. Ela foi a precursora decisiva da expansão do “dom esquecido”.
Também o padre católico Francis MacNutt foi motivado por Agnes Sanford para este ministério de curas. Ele foi um dos primeiros católicos a se engajar na renovação carismática e um dos primeiros a praticar a oração por curas em círculos de oração. A respeito disto ele descreve:
“Estas escolas foram fundadas por Ted Sanford e sua mulher Agnes com a finalidade de convencer os clérigos que o ministério de curas deveria fazer parte das tarefas normais de todos os pastores. Apesar do falecimento de seu marido há alguns anos, a senhora Sanford continou a obra do ensino, sendo talvez mais responsável do que qualquer outro pela renovação do ministério de curas nas grandes denominações da América.”
Em seu livro a respeito do dom da cura pelo espírito ela relata:
“No falar em línguas, este poder que está oculto no inconsciente de todas as pessoas é … despertado para vida, de forma que o inconsciente pode estabelecer contatos com o inconsciente de alguma outra pessoa que resida em qualquer lugar deste mundo, ou com alguém que tenha residido aqui no passado ou então só irá viver no futuro…”
Em outra obra significativa, “Heilendes Licht” (Luz Curadora), o envolvimento espiritualista e a ligação “cristianizada” com espíritos de mortos se torna ainda mais evidente:
“Também os “espíritos dos justos que já atingiram a perfeição”, para os quais talvez tenhamos orado enquanto eles ainda estavam na terra são presentes (Hebreus 12) e agem através de nós, pois as pontes que são construídas de espírito a espírito duram além do abismo da morte… No pedido pela sua vinda e no trabalho conjunto dos outros “santos” nós vivenciamos uma afluência de poder. Muitos de nós a sentem como uma verdadeira corrente cheia de vida que penetra nas partes mais interiores do corpo e sobe pela espinha dorsal. Ela é tão forte que somos forçados a permanecer bem retos respirando de modo bem leve e suave. Talvez também não consigamos falar por alguns instantes… Esta plenitude deve ser passada adiante.”
Novamente com base no livro “A Terceira Onda do Espírito Santo” podemos descobrir como os métodos de cura desta mulher produzem efeito. Mike Flynn, sacerdote de uma igreja episcopal na Califórnia, escreve com relação a Agnes Sanford:
“Havia algumas coisas que me inquietavam, pelo que decidi procurar Agnes Sanford… Agnes, que estava de pé atrás da minha cadeira, disse que oraria por mim apesar disto. Ela me contou que costumava tremer durante as orações mas eu não deveria me incomodar com isto. Ela colocou as mãos sobre a minha cabeça e permaneceu em silêncio por algum tempo.”
Após isto ele pratica as típicas visualizações nas quais o Jesus da Palavra é substituído por um Jesus da imagem, ou melhor, da imaginação. Uma mulher que vem a ele com problemas e dificuldades para aconselhamento é curada como segue:
“Eu tinha me acostumado a imaginar a presença de Jesus em imagem. Em todos os lugares que estava eu o podia ver sentado no trono. Assim eu olhava para Jesus. Ele se levantou do seu trono, ajoelhou-se ao lado da mulher, colocou o seu braço direito sobre o ombro dela, e com a mão esquerda ele lhe tocou o coração e retirou uma coisa que parecia uma massa gelatinosa preta. Esta massa ele colocou no seu próprio coração onde ela se atrofiou até desaparecer completamente. Então novamente ele pôs a mão no seu coração de onde ele tirou uma massa branca que colocou no coração da mulher no local onde tinha estado a massa preta. Repentinamente Jesus se voltou para mim e disse: “Faça isto”… Nos anos que se seguiram eu orei por centenas de pessoas desta forma e ensinei muitos a orarem assim.”
Este método de “cura interior” (visualização), ou seja, a idéia de que através da criação de uma imagem de Jesus na mente nos tornamos participantes de suas forças divinas se alastrou enormemente através de Agnes Sanford. Em seu bestseller “A Sedução do Cristianismo”, Dave Hunt expõe como estas técnicas de visualização são conhecidas no mundo pagão, principalmente pelos xamãs, propiciando um acesso direto e rápido ao mundo dos espíritos. Sem levar em conta que é inconcebível que o exaltado Senhor, perante o qual todo joelho terá de se dobrar, desça do trono para se ajoelhar com uma pessoa.
Também Richard Forster recomenda esta técnica de visualização no seu conhecido livro “Nachfolge feiern” (Festejar o discipulado). Por exemplo, é recomendado que se imagine como se abandona o seu corpo para desaparecer cada vez mais longe no universo até que enfim se chegue exclusivamente à calorosa presença do criador eterno. Mas Richard Forster também faz parte dos muitos admiradores de Agnes Sanford. Ele escreve:
“Agnes Sanford e meu querido amigo, Pastor Bill Vaswig, em muito me auxiliaram a compreender melhor o significado da fantasia para a intercessão.”
No livro “Nachfolge feiern” também podemos encontrar passagens muito recomendáveis mas por outro lado a ingenuidade com que são tratados movimentos e personalidades que perseguiram e destruiram a igreja de Deus é trágica. Deste modo ele recomenda os exercícios de Inácio de Loyola, o fundador da ordem dos jesuítas, excedendo-se ao ponto de afirmar:
“Seu (o de Inácio) pequeno livrinho sobre ensaios de meditação com ênfase na fantasia (imaginação) teve uma influência positiva inacreditável no século XVI.”
No entanto foi neste século que graças a Inácio de Loyola e seus jesuítas teve início a contra-reforma, pela qual milhares e milhares de seguidores de Jesus foram mortos.
Em todos os casos, praticamente todos os meios carismáticos que propagam as curas foram levedados pela enorme influência mediúnica e mística de Agnes Sanford. Por isto ela era uma estimada e frequente preletora em Camp Farthest Out, cujo diretor internacional foi o já citado Roland Brown. Também Larry Christenson deve seus impulsos neopentecostais essencialmente ao livro “Heilendes Licht”, como ele mesmo reconhece no prefácio da edição alemã.
Arnold Bittlinger, em conjunto com Larry Christenson o pai do movimento carismático em território alemão, publicou em seu periódico “…und sie beten in anderen Sprachen” (e eles oram em outras línguas) um artigo de Agnes Sanford sob o título “Erfahrungen mit dem Sprachenreden” (Experiências com o falar em línguas).
No teste de dons de Christian Schwarz, Agnes Sanford é citada como importante responsável pela existência do dom da interpretação do falar em línguas. Este é apenas um dos muitos exemplos neste teste em que somos obrigados a por grandes pontos de interrogação com relação ao dom diakritischen destas estratégias de crescimento da igreja.
A cura corporal também é recomendada por Morton Kelsey que teve fortes relações com Agnes Sanford. Uma de suas principais obras é entitulada “Healing and Christianity” (Cura e Cristianismo). Kelsey admite que seu método amadureceu através do estudo de C. G. Jung. No entanto é necessário ressaltar que a carreira científica de Jung se iniciou com sessões espíritas com a sua prima Helly Preiswerk. Kelsey inclusive recomenda o contato com os mortos:
“Graças à defesa da fantasia ativa de Jung e ao seu entendimento a respeito dos mortos, os quais na verdade continuam vivendo, eu pude ter um encontro especial com minha mãe (falecida)… Tudo me pareceu muito real.”
O que diremos então do dom de discernimento de John Wimber se nos seus estandes de livros são vendidas obras de Agnes Sanford e Morton Kelsey ? Aliás, inclusive em sua obra “Heilungsdienst praktisch” (O Ministerio de Curas na pratica), o livro “Heilendes Licht” – uma obra profundamente mediúnica e mística – é exaltado como sendo “o clássico deste século sobre esta temática da cura divina”.
Também Arnold Bittlinger cita Morton Kelsey positivamente na publicação mencionada acima sob o título “Glossolalie – psychologisch betrachtet” (O falar em línguas sob o ponto de vista psicológico):
“Na escola de C. G. Jung o falar em línguas é citado como uma língua que se origina do inconsciente coletivo. Neste sentido escreve por exemplo o aluno de Jung, Prof. Morton Kelsey: ‘Na glossolalia ocorre uma verdadeira conscientização de conteúdos que advém das camadas mais remotas do inconsciente coletivo.’ (M. Kelsey, Tongue Speaking, New York, 1964, página 199).”
Continuando com Bittlinger:
“Por esta concepção, o falar em línguas seria uma expressão do inconsciente coletivo que une toda a humanidade. Esta também foi a minha impressão quando, pela primeira vez me deparei com este fenômeno. Através disto o fenômeno da xenoglossia poderia ser explicado.” (nota: palavra grega para o fenomeno do falar em linguas)
Como já foi frisado brevemente, C. G. Jung derivou os arquétipos de sua doutrina do inconsciente coletivo arquétipos da literatura espírita. Não causa surpresa que depois de todas as referências positivas dos homens de frente do movimento neopentecostal, a significante influência de C. G. Jung também seja admitida abertamente pelo lado carismático: “C. G. Jung tem uma grande importância para muitos líderes da renovação carismática.”
Levando em conta o fato de que foi através de Arnold Bittlinger que o movimento pentecostal fincou os pés na Alemanha, novamente somos levados a nos perguntar qual é o espírito que age neste movimento se, sem receios, se recorre a pessoas que publicamente se dedicaram ativamente ao espiritismo.
Esta promiscuidade com correntes não-bíblicas se torna ainda mais nítida com outra publicação de Arnold Bittlinger.
Para se ter uma idéia do papel-chave e do ponto de vista doutrinario ligados a esta pessoa, ainda quero adiantar duas citações, escreve Wolfram Kopfermann:
“Uma literatura própria da renovação da igreja evangélica ainda está em formação. Até agora são dignas de consideração algumas obras de Arnold Bittlinger, tratando principalmente a respeito dos dons – sobretudo a oração em línguas estranhas – que conformam o padrão. Aliás cabe a Bittlinger o mérito de já na década de 60 ter refletido e exposto teologicamente os anseios do movimento carismático de uma forma tal que eles puderam ser aceitos pelos normalmente críticos ouvintes (e leitores) alemães.”
Arnold Bittlinger explica a respeito do fenômeno da fala em línguas:
“O falar em línguas é constantemente o fenômeno através do qual as pessoas encontram o acesso à dimensão carismática… Na oração individual o falar em línguas tem um papel importante dentro do movimento carismático. Milhões de cristãos, – entre eles pastores, sacerdotes e bispos – mesmo sem praticar este dom em cultos públicos, acharam um caminho para uma oração interiorizada pela glossolalia.. Por isto podemos dizer: ‘Sem a glossolalia não existiria uma renovação carismática.’”
Quero agora citar uma parte da publicação acima mencionada. Arnold Bittlinger trata do tema da integração de outras tradições religiosas na cristandade ocidental. O artigo original foi editado pelo Conselho Mundial das Igrejas em inglês sob o título: “Integrating other Religious Traditions into Western Christianity”.
“Nas minhas pesquisas no campo da renovação carismática, da espiritualidade ecumênica e da psicologia, pouco a pouco entrei em contato com experiências e práticas espirituais não-cristãs.
Desde 1962 eu realizei pesquisas a respeito da renovação carismática. Eu fui um dos membros da equipe de diálogo entre a igreja católica apostólica romana e o movimento da renovação carismática-pentecostal. Também exerci o papel de conselheiro da renovação carismática no Conselho Mundial das Igrejas.
No decorrer das minhas investigações eu passei a me interessar pelas igrejas africanas independentes, nas quais eu encontrava uma mistura harmônica de elementos tradicionais africanos e cristãos. Quando descobri que muitos dos elementos carismáticos destas igrejas tinham suas raízes em tradições anteriores ao cristianismo comecei a procurar estes elementos também em outras religiões. Descobri que principalmente os carismas da cura e da profecia por vezes eram mais convincentes nestas religiões do que no movimento da renovação carismática – ao menos enquanto influenciado pelo estilo de cristianismo norte-americano. No Xamanismo encontrei paralelos fascinantes à obra de Jesus. Cada vez mais eu a considerava um prototipo do xamanismo. Com referência às curas, fiquei muito impressionado pela alegre preparação a estas que pude encontrar entre os índios. Isto me motivou a incentivar uma introdução semelhante também para os nossos ministérios de cura cristãos.
No que se refere às profecias, estou impressionado pelas experiências do hinduísmo. Alguns de nossos “profetas” europeus descobriram e desenvolveram seu dom profético sob a influência de gurus hindus. Também outras experiências carismáticas por vezes tem seus surpreendentes semelhantes em outras tradições religiosas (por exemplo o “Orar no Espírito” na Yoga japonesa). Estou certo que o movimento de renovação carismática se tornará ainda mais significativo – principalmente para a missão da igreja – se ele também levar a sério os dons carismáticos de outras religiões.
A partir de 1966 eu passei a fazer parte de um trabalho de uma academia ecumênica que também está ligada à uma comunidade. Um dos objetivos centrais deste trabalho consiste em se desenvolver uma espiritualidade ecumênica. Mas nós também estávamos interessados na espiritualidade de outras religiões. Assim por exemplo realizamos uma conferência sob o tema da significação de Abraão como uma raiz da fé no judaísmo, cristianismo e islamismo e outra a respeito da espiritualidade africana, hindu e judaica com palestrantes destas tradições. Também tivemos conferências sobre o I Ching chinês e o Bardo Godol tibetano (nota: o livro dos mortos tibetano). No entanto nossa principal preocupação consiste em voltar às nossas próprias tradições célticas e germânicas no sentido de reavivá-las para então poder integrá-las a nossa fé cristã.”
Não há dúvidas de que a maioria dos carismáticos irá desaprovar estas declarações. Também Wolfram Kopfermann rejeita categoricamente este sincretismo. Mesmo assim, a trajetória de Bittlinger é praticamente um exemplo-mor da manifestação do espírito sedutor destas correntes e da consequente abertura a fontes cada vez mais estranhas à bíblia. Inicialmente as experiências carismáticas no arraial protestante evangélico são embaladas em formas aparentemente fiéis à bíblia. Então repentinamente são descobertos elementos espirituais enriquecedores na igreja católica, em seguida na liturgia da igreja ortodoxa e finalmente é encontrada uma espiritualidade semelhante ou idêntica em outras religiões e cultos pagãos através da experiência religiosa conjunta. As eclosões carismáticas levam ao diálogo ecumênico para então conduzirem de volta à igreja católica e depois disto ao paganismo puro.

OPERADORES DE CURAS MILAGROSAS

Também Oral Roberts prega com convicção o ministério de curas. Já há décadas ele realiza suas cruzadas de curas. Aliás as metodologias que ele emprega para arrancar ofertas das carteiras das pessoas provaram que ele é antes um lobo disfarçado de ovelha que um humilde servo de Cristo. Assim ele remeteu toalhas de oração e até “água santa” que, corretamente aplicada, curaria todos os problemas possíveis.
A William Branham apareceu um anjo, supostamente da presença de Deus, o qual lhe comunicou que ele tinha o dom de curar pela fé. Branham negou a Trindade e acreditava que a palavra de Deus nos foi dada em três formas: pelo zodíaco, pelas pirâmides do Egito e palas Sagradas Escrituras.
Ele foi um dos mais convictos defensores da necessidade de curar e transmitir o Espírito pela imposição de mãos. Ele tinha forças curadoras inacreditáveis e frequentemente sentia calor em suas mãos quando ele tocava a alma enferma. Através de suas habilidades fortemente ocultas ele podia diagnosticar doenças e pecados, em pessoas que ele sequer conhecia, por inspirações mediúnicas. O movimento que mais colocou a base organizacional à sua disposição foi a GdvEI (Homens de Negócios do Evangelho Pleno).
Quando Branham faleceu, Demos Shakarian, o fundador da GdvEI, escreveu:
“Seguidamente o Rev. Branham comentava que a única comunidade à que ele pertencia era a da GdvEI.”
Isto é digno de nota pela enorme influência financeira e organizacional que os GdvEI tiveram e ainda têm sobre a propagação da renovação carismática.
É certo que ainda muitos outros exemplos esclarecedores poderiam ser apresentados. No entanto, depara-se sempre com o mesmo modelo padrão – quase que sem exceções.
Não se estaria recorrendo à fontes que poderiam ser extremamente perigosas através destas doutrinas e práticas do ministério de curas ? Segundo Apocalipse 13,3 existirá em determinado tempo uma cura milagrosa que repercutirá por toda a terra: o sobre-humano anticristo será curado de uma ferida mortal, o que causará a admiração de todo o mundo. Uma análise da literatura secular revelará que o assunto da cura é predominante, principalmente na esfera da Nova Era. As bruxas tratam temas como intuição, profecia, cura espiritual e da alma com grande naturalidade em seus seminários. Não estaria ocorrendo um direcionamento escatológico às manifestações sobrenaturais do sedutor que está por vir (Apocalipse 13:13-14) ? E isto tanto nos meios seculares como nos cristãos! Nos dias atuais estamos vivendo uma verdadeira enxurrada do espiritismo. O jornal “Die Welt” inclusive relata como “Satanás encarna a vitalidade desta geração.” O reino da morte está realizando uma invasão poderosa.
John Wimber em uma das pregações à sua comunidade disse:
“Surgirão homens que viram o Senhor Jesus Cristo e realizarão sinais e milagres de apóstolos. Nós não tivemos homens desta espécie desde o primeiro século. No entanto se Deus empregou isto no início, porque ele não faria uso deste recurso no final ? Também existirá uma nova concepção do sobrenatural. Aparições de anjos serão normais em reuniões e também o Senhor mesmo aparecerá nas próximas semanas, meses e anos. As curas se tornarão tão comuns que inclusive crianças serão capazes de realizá-las continuamente… até ressureições dos mortos se tornarão em bem comum… Vocês verão evangelistas de curas que irão erguer suas mãos e luz sairá delas. Se esta luz atingir qualquer pessoa doente, então ela imediatamente será curada. Vocês verão braços e membros amputados crescerem quando a luz do evangelista os atingir.”
Os participantes de congressos com John Wimber e Reinhard Bonnke relatam de fortes experiências psíquicas como repousar no Espírito, êxtases, sentimentos de felicidade inconcebíveis, “risos e choros no Espírito”, etc. A “Terceira Onda” de John Wimber com todas as manifestações de outros evangelistas que a acompanham é algo novo ?
Os defensores destas “evangelizações power” devem ser confrontados com um trecho que pode ser lido no clássico “War on the Saints” que trata da sedução espiritual. Escrevendo a respeito da forma que um espírito falso pode se manifestar também entre os filhos de Deus durante uma pregação, os autores Evan Roberts (o agraciado instrumento do reavivamento no País de Gales) e Jessie Penn-Lewis relatam – em parte como uma surpreendente antecipação aos acontecimentos atuais:
“A maior parte dos presentes podem nem perceber a intromissão furtiva. Alguns, impossibilitados de suportar a tensão da agitação por mais tempo, caem ao chão. Outros são derrubados por uma impetuosidade sobrenatural e ainda outros começam a gritar extasiados. O pregador abandona a plataforma e passa por um jovem senhor que é invadido por um sentimento de êxtase que não o deixa por bastante tempo. Muitos riem em um coro entusiasmado de felicidade. Alguns realmente tiveram auxílio e benção espiritual pela explanação da palavra, e isto pelo agir sereno do Espírito Santo antes de se chegar a este clímax. É por este motivo que eles aceitam as peculiares manifestações que se sucedem como vindas de Deus. Eles não conseguem diferenciar as duas “correntes” totalmente distintas que vem pelo mesmo “canal”. Quando questionam estas degenerações, eles temem estar lutando contra sua íntima convicção que lhes diz que o início foi de Deus. Outros bem sabem que seu julgamento espiritual deve rejeitar estas manifestações, mas, pela seu desejo de receber bênçãos, eles sufocam estas objeções e dizem: “Na verdade não podemos entender estas manifestações corporais. Mas não é preciso entender tudo o que Deus faz. Apenas sabemos que a pregação foi a verdade de Deus e correspondeu às nossas necessidades. Ninguém pode questionar a sinceridade e as boas intenções do pregador… Por isto, mesmo que não entendamos o restante e confessamos que nos causa repulsa, mesmo assim tudo deve ser de Deus.” Este facho de luz clareia a condição de confusão na qual por exemplo a comunidade do País de Gales tinha desembocado após o reavivamento. Nos países onde houve um irrompimento de nova Vida, quase sem exceções, em pouco tempo um espírito sedutor vinha se mesclar ao espírito verdadeiro. E da mesma forma – também quase sem exceções – o falso e o verdadeiro eram aceitos como um só, porque os crentes não consideravam a possibilidade de existirem tais influências antagônicas.”

A PROPAGAÇÃO DOS MILAGRES É INCENTIVADA PELA BÍBLIA ?

A Bíblia conta como uma pessoa do reino dos mortos quis pregar o evangelho. Ela tinha as melhores e mais legítimas intenções. Trata-se do homem rico que é citado em Lucas 16, nos versículos 19 a 31. Ele quer que um morto (Lázaro) ressucite para advertir seus cinco irmãos. Acredita que com um milagre deste porte as pessoas não teriam mais dúvidas e se arrependeriam dos seus pecados.
A resposta que ele obtém é: “Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.”
No entanto isto decididamente não é suficiente para o homem rico de modo que do reino dos mortos vem a negativa frente à palavra de Deus: “Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão.” A sua sugestão em outras palavras era que “a Bíblia é boa, mas a palavra não basta. Nós precisamos de sinais, milagres, curas, visões, ressureições dos mortos… – então realmente irá ocorrer algo no Reino de Deus. Então haverá um inacreditável crescimento da igreja. Então as pessoas irão crer e se converter.”
Mas isto literalmente foi uma proposta que veio das profundezas do reino dos mortos. E é porque infelizmente este reino dos mortos (a esfera de poder de Satanás) se expande cada vez mais nos últimos dias (Ap. 6,8) que paralelamente as propostas e os clamores por grandes sinais e ações poderosas se multiplicam. No entanto, isto apenas comprova que também se bebeu de uma fonte estranha.
O supracitado Cameron Peddie já escrevia a respeito da situação daquela época (durante a guerra) na Inglaterra:
“Os nossos pastores ficariam pasmos se eles soubessem quantos de suas comunidades recorrem a meios espiritualistas para deles receberem a cura.”
A quem ainda causa espanto que quase todos os grupos evangélicos da Inglaterra foram levedados pelo movimento carismático ? Lá praticamente não se teme mais o contato e a mistura entre estes grupos. Por isto infelizmente tem de se constatar que os operadores de curas de espírito obtém grandes sucessos tanto no mundo como – disfarçadamente – dentro da igreja.
Benny Hinn – a nova estrela na “constelação cristã” da televisão americana -nem disfarça mais esta relação entre o reino dos mortos e a “evangelização com sinais e milagres”. No dia 7 de abril de 1991, em uma de suas pregações ele revelou que tinha visitado o túmulo da famosa pregadora pentecostal dos Estados Unidos, Aimee McPherson, fundadora da influente Igreja do Evangelho Quadrangular.
“Eu senti uma unção inacreditável… ! Eu tremia por todo o corpo… tremia sob o poder de Deus… “Querido Deus”, eu disse, “eu sinto a unção.”… Eu acredito que a unção tinha permanecido sobre o corpo de Aimee.”
Como consequencia disto em seus cultos as quedas para tras e risos incontrolaveis se tornaram comum. Ele tambem julga poder passar o Espirito Santo pelo sopro.
Não se tem conhecimento de uma religião ainda tão equivocada que de nenhuma forma apresente algum tipo de cura em sua proposta. Peter May lamenta corretamente:
“A ênfase que hoje é dada às curas tem um efeito neurótico. Puxa-se o exterior, o visível e o passageiro para o centro das atenções, enquanto o interior, o invisível e o eterno são negligenciados. Somos desviados do valor positivo que o sofrimento tem…Acrescenta-se a isto o fato de que aqueles que têm suas atenções voltadas aos sinais priorizam o imediato e o espetacular, descuidando do tratamento de doentes crônicos. Esta unilateralidade cria expectativas errôneas com respeito à saúde e à essência da salvação, minando a certeza da salvação daqueles que não são curados. Estes fatos são de crucial importância quando se pensa na saúde espiritual da igreja.”
Em todos os casos, o homem rico tem de compreender que não é um milagre que convence as pessoas, mas a palavra de Deus: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos. (Lucas 16,31)”

TODAS AS CURAS PROCEDEM DE DEUS ?

Walter Hollenweger foi um propagador decisivo para os movimentos pentecostal e carismático. Seu livro “Enthusiastisches Christentum” (Cristianismo Entusiasmado) contribuiu decisivamente para o reconhecimento destas correntes pela igreja em geral.
Também ele sequer encobre este parentesco espiritual que se configura entre os curadores espiritas e os evangelistas de curas. Em sua palestra sobre “Curas” na “Conferência de Pesquisa Pentecostal e Carismática” ele abertamente declara:
“”Toda cura procede de Deus”, enfatizou Hollenweger, não querendo fazer qualquer diferença significativa entre o dom da cura operado entre os curandeiros do terceiro mundo e o dom de cura cristão. O fator decisivo é o contexto no qual o dom é exercido.”
Também em outro ponto este parentesco espiritual vem à tona. Nos encontros de cura com John Wimber, Wolfram Kopfermann e outros é praxe que se coloque as mãos sobre as partes doentes, até onde o tato o permitir. Quase não encontramos um exemplo bíblico para esta prática, especialmente se olharmos o ministério dos discípulos de Jesus ou de seus apóstolos. Entretanto um dos primeiros, se não o primeiro, que ensinou que benevolentemente deve-se colocar as mãos sobre a parte doente do paciente para com olhares afáveis se transmitir força de vida ao enfermo foi Franz Mesmer. Este mesmo Franz Mesmer é o fundador do chamado magnetismo animal e um dos pioneiros do espiritismo.
Um pensamento mágico sempre requer um ponto de contato, principalmente o contato direto com a parte enferma. Através deste contato visível cria-se a expectativa do agir ou do fluir de uma força curadora. Não se age pela fé, mas pelo olhar “palpável”.
Kenneth Hagin, o miraculoso operador de curas líder do “faith movement” – um movimento de curas cada vez mais popular nos Estados Unidos – o expõe abertamente:
“Eu imponho as mãos pela instrução do cabeça da Igreja, Jesus Cristo, e em obediência à lei do contato e da transferência. O contato das minhas mãos transfere o poder curador de Deus… Lá está ele! … Ele curará todos vocês se vocês o misturarem com fé…”
John Wimber, ou sua esposa Carol, o formulam de modo semelhante:
“Nós ainda não tínhamos percebido que aquilo que Deus dá a nós pode ser transferido a outra pessoa pela imposição de mãos.”
Aqui o operador da cura também é um intermediador mágico. Ainda que por tantas vezes, para tranquilizar as mentes daqueles que creem, afirme que ele mesmo não pode curar, mas somente Jesus. Isto não altera o fato de que ele na verdade se constitui num médium para o espírito sedutor que cura através dele e que precisa deste contato físico.
Especialmente grave é a doutrina de Kenneth Hagin que afirma que Jesus não morreu apenas fisicamente, mas também espiritualmente. Após a sua crucificação ele desamparadamente teria baixado ao inferno onde teria sido maltratado pelo diabo por três dias e três noites e supostamente deste modo teria consumado a nossa redenção.
Esta afirmação doutrinária, originada das inspirações espíritas de um certo E. W. Kenyon, levou a consideráveis atritos e separações significativas dentro do próprio movimento carismático durante os últimos anos.
O livro “Christianity in Crisis” tacha os ensinamentos desta “Faith Teacher” como um “tumor letal, que grassa no Corpo de Cristo.” (citação da borda da capa).

A ONDA DE SEDUÇÃO

Qual a conclusão a que chegamos frente aos fatos apresentados ? Não seria praticamente inevitável que se conclua que estes sinais e milagres se encaixam na esfera das seduções anunciadas para o final dos tempos (2 Tessalonicences 2,9) ? O Novo Testamento já nos adiantou que estas seduções terão grande sucesso principalmente nos últimos dias (vide Mateus 24,11 entre outros).
Dr. Gerhard Maier explica em seu comentário a Mateus 24:
“É perceptível que Jesus enfatiza principalmente o alerta frente aos enganadores. A sedução é mais perigosa para a igreja do que a perseguição. Enquanto a perseguição une a igreja, a sedução a divide. A perseguição revela o que é verdadeiro, a sedução faz o falso triumfar… Mas o que será o pior de tudo naquele tempo ? Sofrimentos corporais ? Não. Catástrofes ou guerras ? Não. Perseguição ? Não. Os versículos 23 a 27 nos dão a resposta. É a sedução… Isto nos faz entender como a batalha contra a heresia é importante.”
Isto nos lembra do alerta que lemos na carta de Judas, “exortando-vos a batalhardes diligentemente pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.” (versículo 3).
Ainda quero repetir a palavra admoestadora de Wilhelm Busch, que ele em outros tempos falou com relação ao agir miraculoso do evangelista de curas alemão Hermann Zaiss:
“O diabo pode se fazer passar por um anjo da luz, como a Bíblia diz. Portanto pode ocorrer que um movimento exalte o nome “Jesus” e mesmo assim tenha um espírito “estranho”, um fogo estranho (Levítico 10)… Milagres não provam nada. Segundo Apocalipse 13,13 também o espírito do abismo realiza milagres… Não! Com este espírito nós não queremos ter nenhuma relação… O nosso coração clama por um reavivamento. Mas não pelo caminho do velho, novamente reeditado movimento pentecostal. Não! Por este meio não!”

SINAIS E MILAGRES

Por fim, ainda deve ser apontado o seguinte: via de regra se recorre ao livro de Atos dos Apóstolos para endossar as atuais manifestações de sinais e milagres. Afirma-se que estas demonstrações sobrenaturais de poder ocorrem também em nosso tempo pelo simples fato de Deus ainda ser o mesmo.
Naturalmente o Deus vivo e Todo-Poderoso pode agir e intervir de modo sobrenatural como e quando ele quer. Mas antes de qualquer outra coisa, deve ser constatado que nas passagens que tratam da volta de Jesus, os termos “sinais e milagres” não são citados com neutralidade ou positivamente, antes, apenas com relação à sedução. Que o nosso Deus é o mesmo dos tempos antigos é certo. Mas isto não quer dizer que ele aja também hoje da mesma forma (veja Hebreus 1,1).
Cremos nas Sagradas Escrituras em todas as suas palavras e que Deus realizou os milagres bíblicos. Mas pode ser verificado que no decorrer da história da salvação apenas existiram determinados períodos nos quais sinais e milagres vindos de Deus tiveram uma função especial e ocorreram com grande frequencia. Por exemplo, para os tempos da primeira igreja, vale a passagem de Hebreus 2,3-4:
“como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação ? a qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres, e por distribuições do Espírito Santo segundo a sua vontade.”
É sabido que o Senhor normalmente confirmava algo com duas ou três testemunhas e nos versículos 3 e 4 nós temos as três testemunhas da nova aliança.
A primeira testemunha é o nosso Senhor Jesus Cristo, “anunciada inicialmente pelo Senhor”. A seguir vêm os apóstolos, as testemunhas de olhos e ouvidos, que confirmam a palavra, pois é dito “confirmada pelos que a ouviram”. Como terceira testemunha, Deus mesmo é mencionado, na medida em que ele confirmava sua palavra com sinais e prodígios. Porque então Deus deveria agir assim ainda hoje depois do testemunho ter sido plenamente completado ? Quando examinamos estes versos com mais cuidado notamos que o predicado da frase principal é passivo e esta no auristo do indicativo (gramatica grega). Fica claro que temos aqui o tempo pretérito. O autor da carta de Hebreus já na sua época escrevia no tempo pretérito. É bem verdade que o versículo 4 está escrito no tempo presente. Mas este está subordinado temporalmente ao predicado da oração principal. O emprego do tempo passado nestes versículos da carta de Hebreus nos dá uma explicação do fato de Deus ter agido com tantos sinais nos tempos de Jesus e da primeira igreja. Se por exemplo nos lembrarmos do agir ajuizador de Deus para com Ananias e Safira (Atos 5), então fica claro que este não é o castigo normal para o pecado dos crentes frente ao Senhor nos dias de hoje! Também os versículos de Marcos 16:17-20b, constantemente citados por correntes heréticas ou outros grupos sectários (Mórmons, Ciência Cristã), desembocam na mesma explicação de Hebreus 2,3-4 com relação ao tempo – principalmente no que se refere aos sinais.
Devemos observar que exatamente os mesmos termos de Hebreus 2:4, – sinais (semeion), prodígios (teras) e ações poderosas (dynamis), que só aparecem juntos em cinco passagens da bíblia – são empregados em 2. Tessalonicenses 2,9, embora em outra sequência. Como já foi exposto, ali são descritos o retorno de Jesus e os acontecimentos imediatamente anteriores a ele. Por conseguinte, estes sinais, prodígios e ações poderosas que estiveram presentes no início da igreja irão aparecer novamente, porém com um prenúncio diferente. É nisto que sob diversos aspectos o movimento carismático cumpre a palavra de Deus. Mesmo que nunca tivéssemos escutado a respeito de tais correntes, já teríamos de antever, somente com base na profecia bíblica, que algo desta ordem deve surgir e se espalhar. No entanto desta vez a fonte não é divina, mas, como o versículo 9 de 2. Tessalonicenses 2 inequivocamente diz, satânica. Isto também é mostrado com relativa clareza pela história dos movimentos pentecostal e carismático. Se à primeira vista talvez possa parecer que se pretenda relembrar os acontecimentos da igreja primitiva no sentido positivo – uma vez que também são empregados os mesmos termos – há algo completamente distinto que se oculta atrás desta fachada. Se os conselheiros conscientes olharem para o que se passa por detrás dos bastidores daquilo que inicialmente se porta como algo bíblico, então eles normalmente encontram uma fonte oculta. Já citamos como isto se constitui em terra fértil para o desejo ardente de sinais, milagres e também de dons especiais.
A passagem de Hebreus 2:3-4 também poderia explicar o motivo pelo qual as passagens da bíblia que se referem ao tempo imediatamente anterior à volta de Jesus (o que corresponde mais ou menos aos nossos dias) utilizam os termos de sinais e milagres apenas em ligação à sedução, como já havia sido apontado.
Neste sentido temos a citada passagem de 2. Tessalonicenses 2,9 ou então Mateus 24,24: ”porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos.” ou então Apocalipse 13,14: “…Seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar”. Veja também Apocalipse 16,14 e 19,20.
Neste sentido, nos meios carismáticos sempre de novo são mencionadas as passagens bíblicas de Atos 2,17-18 como suposto cumprimento atual da profecia de Joel ou então Marcos 16,17-18. Estas passagens dizem respeito ao princípio da igreja. Para o fim do tempo da graça verifica-se uma cenário completamente distinto.
É interessante que também o conhecido professor bíblico e experiente missionário inglês Michael Griffiths recorra a estes versículos de Hebreus. Com relação ao dom de curas milagrosas ele escreve:
“Deveríamos notar que a passagem de Hebreus 2,4 faz crer que sinais, prodígios, ações poderosas e dons são uma especial confirmação do testemunho apostólico para as palavras do Senhor Jesus, pelo que Paulo explica ao Corínthios que “as credenciais do apostolado foram apresentadas no meio de vós, com toda a persistência, por sinais, prodígios e poderes miraculosos.” Daí pode ser tirado um forte argumento – principalmente quando milagres e sinais são relacionados à confirmação da obra dos primeiros apóstolos – para se afirmar que o dom tenha terminado… Parece que Lucas escolheu propositadamente exemplos para certificar os serviços apostólicos de Pedro como também de Paulo. Seguramente o agir miraculoso no Velho Testamento está claramente concentrado em determinados períodos da história, como por exemplo a saída do Egito e o tempo de Elias e Eliseu. De modo semelhante pode se argumentar que podemos esperar que o ministério do Senhor Jesus e a confirmação do testemunho dos apóstolos teria sido um período destes. Também registramos a relativa raridade de milagres dos apóstolos como de ressureições dos mortos e a total inexistência de curas de lepra e cegueiras (sem considerar a cegueira temporária de Paulo). No entanto, se por um lado reconhecemos a relativa carência de curas, por outro lado deveríamos nos manter abertos à possibilidade de tais milagres hoje, principalmente na primitiva situação de pioneirismo onde a necessidade de algum tipo de confirmação do testemunho apostólico pode ser apropriado… Mas eu também preciso dizer que conheci missionários em lugares particularmente duros e difíceis que oravam de modo todo especial pelo dom da cura milagrosa. Não sei de nenhum caso em que esta oração alguma vez tenha sido atendida.”
Talvez isto também venha explicar porque normalmente uma análise mais detalhada dos casos daqueles que supostamente ficaram sãos em uma “cruzada de curas” nos traz grandes decepções.
Assim é relatado a respeito do resultado de uma pesquisa que segue:
Após uma cruzada de curas do Dr. Price em Vancouver foram proclamados 350 casos de curas. Diversos cristãos se uniram para averiguarem a veracidade desta afirmação. Os resultados foram: 39 casos morreram dentro de um período de seis meses pela doença da qual eles supostamente teriam sido curados; cinco dos casos contraíram doenças psiquicas; em 301 casos revelou-se após seis meses que não tinham obtido qualquer benefício; muitos deles reconheciam isto francamente; de cinco foi relatado que eles realmente teriam sido curados, no entanto, eles sofriam de males psicossomáticos que requeriam tratamento psiquiátrico.
Em seguida foi proposta a seguinte comparação:
Milagres bíblicos Milagres modernos – sempre com sucesso normalmente sem sucesso nenhuma recaída conhecida recaídas admitidas cura quase sempre imediata ou logo em seguida normalmente não logo em seguida, por vezes gradativas ressureição dos mortos nenhuma ressureição todos os tipos de doenças normalmente de males psicossomáticos nenhuma dependência observável de técnicas psicológicas notada dependência de técnicas psicológicas__

O QUE É DECISIVO

Hoje constantemente os cristãos e as igrejas conscientes são deparadas com objeções do tipo: vocês não tem poder, vocês tem pouca força e nos círculos de vocês não é assim como deveria ser conforme a bíblia! Se formos sinceros temos de nos curvar frente a esta objeção. Toda pessoa que dissesse que com ela está tudo em ordem provavelmente se sentiria uma hipócrita. No entanto a alternativa para a vida de fé autêntica decididamente não é o método rápido da imposição de mãos, do rápido recebimento de uma “segunda bênção” pelo tato para a recepção do “batismo do Espírito”, das experiências e do recebimento de dons, carismas e revelações. Tudo isto em última análise leva à exaltação do ego. O caminho bíblico para se chegar uma quantidade maior de frutos do espírito é outro.
Há apenas um relato bíblico em que o Pai anda; em que o Criador corre apressadamente em direção à criatura: a parábola do filho pródigo. Aqui temos o caso em que a bênção, a plenitude e a graça de Deus é dada a alguém na velocidade do vento. O pastor Wilhelm Busch certa vez fez a pergunta: O pai corre em direção à quem ? Aos grandes deste mundo, aos que parecem piedosos ou aos crentes de igreja ? Para o tema deste livro teríamos de estender a pergunta: ou às pessoas que ambicionam mais dons do espírito, ou um “batismo do Espírito” ou mais revelações ? Não, mas o Pai se dirige ao pecador que implora por misericórdia: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Lucas 15,21). Se nós nos apresentarmos desta forma perante o Senhor nós receberemos “correndo” a graça, a bênção, a plenitude e o poder de Deus. Este é o caminho para o coração de Deus, o caminho para mais força espiritual: arrependimento! Nas cartas as igrejas do Apocalipse são mencionadas muitas situações dignas de lamentação. Realmente podem ocorrer recaídas na vida de fé. No entanto o Senhor Jesus não repreende nenhuma das igrejas por elas não terem recebido o batismo do Espírito Santo ou por ela ter poucos dons. Mas ele adverte: arrepende-te!
Queira o Senhor nos conceder a graça de andarmos diariamente o caminho da cruz, o caminho do quebrantamento e da obediência e a partir disto sempre novamente podermos receber a graça, a bênção e a força de Deus para que também nestes últimos dias possamos vencer e em toda a sobriedade levarmos uma vida que contribua para a honra de Deus e que deixe marcas de bênçãos.

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