O Alfabeto do Diabo (portug.)

 

 Dr. Kurt E. Koch

 

O  ALFABETO  DO  DIABO

–  Traduzido de original alemão DER ABERGLAUBE  –

I. A Perspectiva para Julgar a Prática do Ocultis­mo e da Superstição

II. O Alfabeto do diabo

1.  Adivinhação (métodos)
2.  Amuletos
3.  Antropossofia
4.  Astrologia
5.  Ateísmo
6.  Breves Contra Incêndio
7.  Bruxaria
8.  Caminhar Sôbre Fogo
9.  Cartomancia
10. Ciência Cristã
11. Clarividência
12. Curandeirismo e Benzedura
13. Curandeirismo Mágico (métodos)
14. Datas e Dias Significativos
15. Diagnóstico Ocular
16. Doutrinas Falsas (Heresias)
17. Espiritismo
18. Fanatismo
19. Fantasmas
20. Fetichismo
21. Hipnotismo e Sugestão
22. Ioga
23. Interpretação de Sinais
24. Literatura Ocultista
25. Maçonaria
26. Magia Branca e Magia Negra
27. Magia Lunar
28. Movimentos de Línguas
29. Necromancia
30. Neo-racionalismo
31. Pacto de Sangue
32. Pêndulo e Varinha
33. Protecção Oculta
34. Psicanálise
35. Psicografia
36. Psicometria
37. Quiromancia
38. Remoção de Verrugas
39. Simbolismo Numérico
40. Sugestão Telepática
41. Superstição
42. Telepatia
43. Teologia Moderna
44. Terapêutica pela Côr
45. Terapêutica pelo Magnetismo (Mesmerismo)
46. Transferência Oculta

III. A Libertação por intermédio de Cristo

1. Visão geral das consequências da Supers­tição
2. Como devemos combater a Superstição?
3. Exemplos de Libertação

IV. O Que diz o Nôvo Testamento

 

PREFACIO

O diabo é um demagogo multo versátil e maleável, capaz de multas transformações. Aos parapsicólogos êle diz: “Trago-vos uma nova ciência.” Aos ocultistas, asse­vera-lhes: “Dou-vos a chave para os últimos segredos da criação”. Diante dos religiosos e dos moralistas, veste a máscara da sobriedade e Ihes promete o auxilio do céu. Aos racionalistas e teólogos modernos declara: “Não es­tou aí. Nem mesuro existo!”

O diabo é um estrategista competente. Domina as tá­ticas do ataque. Encobre de nevoeiro as frentes de luta. Oculta-se numa camuflagem de conversa religiosa ôca. Opera com os mais recentes métodos científicos. Sabe levar, hábilmente, seus argumentos para o plano social e humano. Somente Ihe interessa atingir o alvo: o de enga­nar suas vítimas, engodando e aprisionando-as.

Quem pode enfrentar tais estratégia e tática? Só Aquêle que ousou medir fôrças com o príncipe das trevas, Aquêle que o repeliu no deserto. Aquêle que rompeu o véu do nevoeiro, o Triunfador do Gólgota, que derrotou todo o poder das trevas. Paulo anuncia, triunfante, em Colossenses 2.15:

“Cristo despojou os principados e as potestades, públicamente os expôs ao desprêzo, triunfando dêles na cruz.”

Com êste Cristo, a quem foi dado todo o poder, ocupar-nos-emos neste livro. Em tôdas as cousas Jesus tem a primazia. Col. 1.18.

No decorrer da leitura dêste livro o leitor verificará que multas vêzes fizemos referência a fatos reais, a fim de confirmar e ilustrar o fenómeno e as consequências da superstição e do ocultismo. Gostaria, pois, de ressaltar, logo de inicio, que êsses exemplos são extraídos de minha própria experiência de clínica pastoral e, a menos que es­pecificamente se mencione o contrário, eu mesmo conversei com uma ou mais das pessoas relacionadas em cada exemplo.
O Autor

 

I. A PERSPECTIVA PARA JULGAR A PRATICA DO OCULTISMO E DA SUPERSTIÇÃO

A superstição, nascida do mêdo e da aspiração de poder, é o maior contaminador espiritual de todos os tempos. “Por superstição compreendemos a dependência espiritual de fenómenos e podêres inexplicáveis, não su­jeitos às íeis naturais comuns, bem como a crença rela­cionada com acontecimentos e fatos que nada têm a ver entre si.” Foi assim que o médico chefe, Dr. Schrank, definiu o caráter da superstição (Psicologia da Superstição no Arquivo Riedel). Superstição e fé estão em nítida contradição, ainda que se baseiem, quanto ao conteúdo, na ideologia e no juízo religioso do crítico e do observa­dor. Para o budista ou para o muçulmano, por exemplo, a fé cristã é heresia e superstição. Falando em superstição cabe-nos, pois, esclarecer, inicialmente, uma pers­pectiva.

Para a comunidade cristã, seja lá o que fôr que se entenda por superstição, decorre da própria doutrina de Cristo. Para nos, Jesus Cristo é o divisor dos espíritos. Ele é a rocha inabalável sôbre a qual se quebram as ondas volúveis das ideologias profanas. Tôda atividade “que se pauta por Cristo” é fé; a que se opõe a Ele é superstição. Este é o critério e a medida mais ampla para o julgamento das idéias supersticiosas. Nossas diretrizes, portanto, não se’ deduzem apenas de princípios da ciência natural, mas da Palavra de Deus.

Essa afirmativa já nos apresenta uma delimitação mul­to séria. Compulsando a literatura científica dos que com­batem a superstição, verificamos que seu ponto de vista difere em multo da concepção cristã acima exposta. A ciência reconhece somente leis naturais e conceitos pura­mente humanos; não passa de imanência. Isto é perfeitamente razoável no dominio e alçada da ciência natural, porque ela realiza seu trabalho somente com o que é in­teligível. A transcendência, o sobrenatural, o além, o de­moníaco e o divino Ihe permanecem inacessíveis, a menos que nesses têrmos também se incluam fatos imanentes. No que concerne ao conceito de “demoníaco”, multas vêzes se tentou e conseguiu, aparentemente, dar uma explica­ cio plausível do fenómeno. Por êsse motivo a ciência na­tural e os que se apegam unicamente a ela não captam a verdadeira essência da superstição. Assim, seus méto­dos de defesa são completamente insuficientes. Exemplo evidente disto é o livro de Johann Kruse, Bruxas Entre Nós? (Hexen unter uns?) Do ponto de vista material, o livro é, atualmente, a exposição mais instrutiva sôbre superstição. De modo geral êsse livro segue a opinião de que não há demônios genuínos relacionados com a superstição. Deixa de reconhecer sua verdadeira base, pois de outra sorte não teria dito que o curandeirismo e a ben­zedura são práticas inofensivas.

A ciência, por outro lado, não está tio interessada em explicar satisfatoriamente a superstição quanto está em buscar a resposta na psicologia profunda, isto é, do sub­consciente. Assim, por exemplo, o Dr. Schrank interpreta as aparições de fantasmas como projecções do próprio sub­consciente. Também êle sugere que um grupo de pessoas comuns, num estado que se podia chamar de alucinação coletiva, pode ter uma experiência audível e visual de um fantasma. Essa explicação pode ser exata em muitos ca­sos. A doutrina de Jaensch sôbre a “visão de impressões passadas” ou a teoria dos “arquétipos” de Jung mostram­-nos a possibilidade de tais interpretações. Mas o ensino cristão conhece, ademais, outros fatos e dimensões que estão além da área da mente puramente científica.

A superstição não é apenas sinal de ignorância, cre­dulidade leviana, falta de esclarecimento e conhecimento, mas também significa uma tendência no sentido das fôrças que se opõem a Deus. A raça humana se encontra no campo de batalha entre duas fôrças antagónicas e é fraca demais para poder conservar sua neutralidade. E válido o pensamento de E. Geibel, não obstante a frequência das citações: “Quem fechar a porta à fé, pela janela receberá a superstição. Quem enxotar os anjos de Deus, será ator­mentado pelos fantasmas do diabo.” Paulo o diz ainda mais claramente em Efésios 6.12: “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e, sim, contra os prin­cipados e potestades, contra os dominadores dêste mundo tenebroso, contra as fôrças espirituais do mal, nas regiões celestes.” Como cristãos sabemos da realidade dêsses po­deres. Contudo, ao dizer isto, não devemos cair no outro extremo e rotular de demoníaco tudo quanto não puder­mos entender. Como cristãos ainda podemos fazer uso das descobertas científicas, pois isto se enquadra no pre­ceito original de Deus que o homem domine a Terra (Gen. 1.28). Mas a ciência não tem direito algum de dar a úl­tima palavra e os cientistas que assim o reivindicam não passam de presunçosos arrogantes.

Embora haja dois poderes opostos entre si neste mun­do, não quer isto dizer que somos arrastados de um lado para outro, sem esperança alguma, entre esses dois podêres. Não, o desejo de Arquimedes de ter um ponto de apoio fora da Terra, no universo, e isto significa também fora do alcance da ciência, está consumado. A cruz de Cristo está no mundo testemunhando o fato de que Ele venceu todos os podêres das trevas. Cumpriu-se o cântico triunfante do Salmista: “Nas tendas dos justos há voz de júbilo e de salvação; a destra do Senhor faz proezas (Salmo 118.15). Cristo despojou de poder todos os sinis­tros e sombrios podêres do inferno e do submundo infer­nal. Assim, com esta vitória a apoiá-lo, o individuo pode falar confiantemente, com tôda clareza, a respeito dos podêres demoníacos, sabendo que Cristo Ihes retirou os úl­timos vestígios de sua fôrça. Conhecemos o terror dêsses podêres satânicos, mas também sabemos que pela mediação de Cristo nada nos causará dano. Ternos a Palavra de Deus que nos foi dada como escudo: “Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiôes, e sôbre todo o poder do inimigo, e nada absolutamente vos cau­sará dano” (Lucas 10.19). Assim, com os olhos fixos fir­memente em Jesus, podemos empreender a caminhada através do diabólico alfabeto da superstição. O temor do Senhor supera o mêdo de Satanás.

 

II. O ALFABETO DO DIABO

Adivinhação. Modalidades mais importantes de adivinhação: astrologia, cartomancia, quiromancia, rabdomancia, espelho mágico, psicomancia e assim por diante. E preciso fazer distinção entre os tipos sugestivo e intuitivo de adivinhação. Sugestionar e pressentir são os dois con­dicionadores da adivinhação. Possivelmente 95% de tôda a adivinhação, ou até mais, se considerem como mentira, embuste e fonte de renda. Mas a mentira também é peri­gosa por causa de seu poder sugestivo. Os 5% restantes dependem de podêres extra-sensoriais cujo caráter ético é motivo de disputa entre os teólogos e os parapsicólogos. A Bíblia, contudo, é absolutamente clara sôbre esta matéria. A profecia é inspirada pelo Espírito Santo e é de Deus. A adivinhação é inspirada pelo espírito satânico e é do diabo. É fácil averiguar as consequências da adivinhação. As Sagradas Escrituras qualificam a adivinhação como blasfémia contra Deus. E agora alguns exemplos podem ser suplementados por milhares de casos semelhantes.

1. Uma mulher de 42 anos de idade multas vêzes havia consultado astrólogos e tinha horóscopos feitos para ela durante a vida. A seguir começou a dar sinais de aba­timento físico e mental e, por duas vêzes, tentou o suicídio com barbitúricos. Também era atormentada por acessos repentinos de ira. Na assistência espiritual confessou tudo quanto praticara, mas ainda era incapaz de crer realmente. Teve de lutar vários meses a fim de obter paz e certeza de salvação.

2. Um conhecido obreiro cristão leu, casualmente, em um hotel, o horóscopo do dia. Não era, absolutamente, simpatizante da astrologia. Leu apenas o horóscopo cor­respondente ao dia de seu aniversário. Dele constava, entre outras coisas: “Os que dirigem automóvel, hoje, devem ser especialmente cuidadosos”. Durante o resto da viagem diminuiu a velocidade, involuntàriamente. A noite, comentando com alguém, disse que já fôra influenciado pela astrologia, porque naquele dia tinha viajado com menor velocidade que de costume.

3. Uma mulher costumava consultar cartomantes, e por diversas vezes pediu a um determinado astrólogo que lhe confeccionasse horóscopos minuciosos. Também es­teve com uma cigana para ler a sorte pelas linhas das mãos. Além disso comprou breves de proteção, breves contra o fogo e breves de adivinhação. Posteriormente foi acometida de tentações de suicídio e começou a sentir forte aversão por tudo quanto fosse divino. Um neurologista diagnosticou-lhe histeria.

4. Uma jovem senhora quis aprender adivinhação. Procurou, então, uma sua irmã que praticava o ocultismo para que lhe ensinasse. Por ocasião de um trabalho de evangelização na igreja de sua paróquia, ambas resolve­ram assistir às conferências. A irmã adivinha converteu-se a Cristo, e logo após sua conversão começou a sofrer de perseguições noturnas. Forças invisíveis surravam-na a ponto de deixá-la ensagüentada. Esta situação levou-a a buscar assistência espiritual.

5. Uma jovem praticou adivinhação por diversos anos. Afinal se desenvolveu em suas mãos eczemas difíceis de curar. Ela queria tornar-se cristã, mas não podia crer.

Não faz parte da misericórdia de Deus para conosco que o futuro nos seja velado? Se soubéssemos tudo o que nos espera, então seriam impossíveis as decisões, a inicia­tiva ficaria paralisada, e seríamos roubados de nossa ale­gria de viver. Deus, em seu silêncio, é muito mais mise­ricordioso do que todos os adivinhadores, que acham estar prestando serviço à humanidade revelando o futuro. Além disso, essas revelações são de caráter muito duvidoso, e trazem consigo muito sofrimento e muitas opressões.

Amuletos. O uso de amuletos (do árabe: hamalet, pendente) é costume milenar em todo o mundo. O indí­gena usa uma unha de tigre para obter a fôrça dêsse ani­mal. O europeu prega uma ferradura na porta a fim de proteger-se contra infortúnios. Muitos penduram um signo de sorte na corrente do relógio. No cantão de Appenzell (Suíça) os homens usam pequenos brincos de ouro como proteção contra doenças dos olhos. Os motoristas carre­gam seus mascotes ou talismãs (do árabe: tilsam, figura de magia), enquanto os pilotos levam no avião um animalzinho tal como um cão ou um canário, para dar-lhes sorte. Durante a guerra muitos soldados levavam consigo breves de proteção na esperança de que isso os tornaria invul­neráveis ás balas do inimigo. Não importa qual seja o costume, todos êles são esforços lastimáveis para com­pensar a falta de fé em Deus.

Antropossofia. Fundada por Rudolf Steiner, a antropossofia tem como objetivo pesquisar a natureza humana. Exercícios de concentração devem conduzis à dominação do pensamento e da vontade e ao despertar das fôrças ocultas latentes no ser humano. Por meio de um proces­so de clarividência pretende-se que o indivíduo atinja a uma visão do mundo transcendental e das existências an­teriores do indivíduo. O caminho bíblico da salvação pela fé no Salvador é substituído pela vereda da contemplação mística. Uma das principais doutrinas da antropossofia é a crença na reencarnação. Supõe-se que o homem deva reencarnar de 800 em 800 anos. Em conexão com esta idéia, gostaria de citar dois exemplos:

6. Um professor sueco fêz a seguinte experiência hipnótica: Investigou a vida da pessoa pesquisada até sua infância e depois foi além e perguntou a respeito de acon­tecimentos que haviam ocorrido antes que ela houvesse nascido. Sob hipnose, a mulher fêz declarações que mais tarde se confirmaram mediante referência a alguns regis­tros oficiais. Os adeptos da reencarnação pretendem ver nisto uma comprovação de sua doutrina.

7. Em uma viagem de Munique a Karlsruhe um ho­mem me fêz parar e pediu carona. Depois que êle entrou no carro, entabulamos conversa e eu lhe perguntei qual a sua profissão. Disse-me que era sacerdote antropossofia. Perguntei-lhe a respeito do ponto central de suas crenças e êle me disse que era a reencarnação. Relatou que o homem, segundo a religião dêles, deve voltar a esta vida cada 800 anos. Por intermédio de certas inclinações, aptidões e tendências, seria possível até adivinhar o que a pessoa teria sido há 800 anos. Respondi-lhe que estaria interessado em saber o que eu tinha sido há 800 anos pas­sados, então o sacerdote me perguntou se eu tinha pre­conceito contra alguma coisa. A fim de induzi-lo a ca­minho errado, declarei, em tom de gracejo, que eu não tolerava pastôres e padres. Prontamente êle respondeu: “Então há 800 anos o senhor era professor de Teologia.” .Até hoje não consegui ver a lógica de sua conclusão.

Mas também estou certo de que não é possível des­fazer-se da antropossofia com apenas umas poucas fra­ses. Se alguém deseja entrar no assunto mais completa­mente, recomendo o livro de Hutten, Seher, Gruebler und Enthusiasten (Videntes, Pensadores e Fanáticos). Para o momento o tempo só nos permite um esbôço rudimentar. Está comprovado que a doutrina de Steiner é um sincre­tismo maléfico de concepções indianas, gnósticas, ocul­tas, teosóficas, humanistas e cristãs, que embora muito fascinante, é uma doutrina errônea e perigosa.

Após a publicação da primeira edição dêste livro, en­contrei-me com um ex-amigo de Rudolf Steiner que me disse: “Tenho algumas cartas circulares de Steiner nas quais êle dá conselho e normas sôbre como praticar levi­tação. Ao defrontarme com esta prática espiritista, deixei o movimento”. Uma experiência desta natureza deveria abrir os olhos cegos dos membros da antropossofia.

Astrologia. Nesta colorida coreografia da superstição entra em cena a Astrologia. Em seu livro Psychologie des Aberglaubens (Psicologia da Superstição), o Dr. Schrank escreve: “Quando o lider astrológico Werle declara que a astrologia é quiromancia, portanto arte de adivinhar, cons­cientemente abandona o fundamento da ciência e se en­caminha para os pantanais da superstição. Podemos ver quão perigosa ela é pelo modo em que produz sérios dis­túrbios psíquicos, temor da vida, desespêro e abalos ner­vosos em pessoas sensíveis. A astrologia paralisa a ini­ciativa e o poder de discernimento. Embrutece e estimula a superficialidade; molda a personalidade a nível de mo­vimento subterrâneo que viceja nas trivialidades.” Já que um médico e cientista reconheceu essas consequências, não mais tenho necessidade de comprová-las. Não obs­tante, cito dois dos exemplos mais recentes da minha ex­periência pessoal.

8. Após duas conferências em Estrasburgo, um pas­tor francês me relatou o seguinte: Um estudante de psi­cologia da Sorbona (Paris) desejara escrever a tese de doutorado sôbre a psicologia da superstição. O jovem, resolveu o probo ema muito habilidosamente. Pôs um anún­cio num jornal apresentando-se como astrólogo. Mediante pagamento antecipado de 2000 francos êle prometia ela­borar minucioso horóscopo. O estudante recebeu muitas cartas e pôde financiar os estudos com o dinheiro que ar­recadara. Preparou apenas um horóscopo para todos os clientes, baseando-o no princípio de que tôda declaração ali constante deveria ser tão ambígua quanto possível. Ademais, deve o quiromante assegurar a todo cliente bons predicados de caráter, que é o que todos desejam crer. Assim, todos os candidatos receberam o mesmo horóscopo. Posteriormente o estudante recebeu muitas cartas de gratidão. Depois escreveu sua tese de doutorado. Sua experiência tinha sido um êxito completo.

9. Um jovem consultou um astrólogo. Este lhe pre­parou um horóscopo minucioso no qual constava que o rapaz casaria muito jovem. Mas a primeira espôsa não seria a que o destino lhe determinara. A segunda espôsa é que o faria feliz. Realmente o môço casou em breve. No dia do casamento dirigiu-se a seu irmão mais velho e lhe disse: “A mulher com a qual me caso hoje não 8 a certa. Só a segunda me fará feliz. Mas para que eu possa encontrar a segunda, necessàriamente devo casar-me an­tes com a primeira.” Imagine-se sob que equívoco êsse jovem entrou para a vida matrimonial. Verificou-se que a mulher era uma boa espôsa e ela conquistou a confiança e afeição dos sogros ràpìdamente. Nos três primeiros anos de casados tiveram três filhos, mas apôs o nascimento do terceiro filho o marido abandonou a espôsa. Posterior­mente êle obteve divórcio por causa de sua própria cum­plicidade. Então encontrou a segunda mulher escolhida para êle, segundo o horóscopo. Só deu certo por uns pou­cos meses. A segunda espôsa se tornou seguidora fanática dos Testemunhas de Jeová. Tentou conquistar o ma­rido para a seita. Ele se opunha inteiramente ao compor­tamento fanático da espôsa, e assim a abandonou também e de nôvo obteve divórcio. Havia-se tornado ultima infe­liz do enunciado astrológico, que o influenciava sugesti­vamente.

Ouçamos agora o que a Sociedade Astronómica disse oficialmente sôbre a astrologia, em 1949:

“A Sociedade Astronômica, aproveitando o ensejo da convenção dêste ano, em Bona, adverte encarecidamente o grande público sobre a propagação contínua dos males da astrologia. A crendice de que a posição dos astros por ocasião do nascimento de uma pessoa possa influenciar a vida desta, e que o homem possa consultar os astros em questões relativas à sua vida pública ou particular, tem sua origem na antiga idéia astronómica de que êste mun­do, e com êle a raça humana, se situa no centro dos acon­tecimentos cósmicos. Todavia, êste conceito já desapare­ceu há muito. O que hoje se apresenta como astrologia, cosmobiologia etc., nada mais é do que superstição, char­latanismo e negócio.

Não obstante, há círculos astrológicos que se distan­ciam das normas prescritas para as análises de caráter e conselhos para tôdas as situações da vida; a essa tolice, porém, êles contrapõem a sua própria astrologia `científica’, a qual pretendem seja séria e honesta. Mas ainda está por ser demonstrado que essas novas astrologias se rela­cionam, de alguma forma, com a ciência e com os mé­todos científicos. O cumprimento ocasional de algumas predições astrológicas não pode alterar a situação. A as­trologia nada mais é do que um suposto conjunto de re­gras ao acaso. Tal sistema não pode alegar que dá interpretações e prognósticos baseados cientificamente, quer sôbre assuntos privados, quer sôbre assuntos públicos.

Os observatórios, e os astrônomos que nêles traba­lham, constantemente são solicitados por indivíduos e por agências oficiais a emitir suas opiniões sôbre a astrolo­gia. Essas opiniões não podem diferir daquelas aqui ex­pressas pùblicamente pela Sociedade Astronômica.”

Ateísmo. O ateísmo é outro baluarte da superstição. A maioria dos ateus é inconseqüente. Abandonaram a fé em Deus, porém se tornaram escravos da superstição como bem o demonstra a vida de Voltaire, um dos maiores cíni­cos do mundo. Geralmente falando, é desesperados a vida dos ateus militantes e de suas famílias.

10. Um jovem veio a mim em busca de assistência espiritual. Relatou-me acidentes graves e anomalias psí­quicas pelos quais sua família havia passado. Perguntei­-lhe por possíveis doenças mentais ou sujeições ocultas na família, mas a resposta foi negativa. Finalmente chegamos a uma conclusão. Seu avô fora importante no comércio atacadista da região de Hamburgo. Era terrível maldizen­te e blasfemador. Sempre que teve oportunidade tentou denegrir a fé cristã, por meio de palestras e de publica­ções. O legado espiritual era de conseqüências desastro­sas sôbre os descendentes.

11. Um ateu escreveu um livro no qual despejava injúrias e blasfêmias sôbre o Cristianismo. Todos os seus descendentes são anormais. Todos os seus filhos nasce­ram aleijados de um braço ou de uma perna ou ficaram aleijados em conseqüência de doenças posteriores. Além disto, alguns dos filhos são débeis mentais, e alguns dos netos apresentam as mesmas deformações físicas. Ade­mais, todos os seus descendente têm tendência depressiva e todos são pronunciadamente ímpios. “Não vos en­ganeis: de Deus não se zomba!” (Gál. 6.7).

Este caso me foi relatado na Suíça, pela neta dêsse ateu. Incredulidade e superstição sempre significam ren­dição a podêres opostos a Deus, que usam a vida da pes­soa como palco de suas manifestações.

Breves Contra Incêndio. Breves contra incêndio, sor­tilégios, breves celestiais, apesar da pretensa piedade, per­tencem ao domínio da superstição e da feitiçaria.

12. Na assistência espiritual uma mulher contou-me que seu pai lia, todos os domingos, uma meditação com a família reunida. Após a leitura bíblica êle sempre lia, em voz alta, de um breve celestial, amarelecido pelo tempo e guardado entre as páginas de sua própria Bíblia. Um dia a família leu o livro de Modersohn, Im Banne des Teufels (Sob Encanto do Diabo), e descobriu a terrível natureza dos breves celestiais. Sem que o pai soubesse, queima­ram o breve. Quando o pai descobriu, ficou furioso e ba­teu em todos. Mas todos os familiares se sentiam aliviados do pesado fardo após a queima do breve, porque até então achavam que algo na família não estava certo.

13. Durante um retiro espiritual o pastor relatou-me o seguinte fato: “Um presbítero da igreja, que residia na região de Wuerzburgo, certa vez quis mostrar-me uma ‘bênção contra incêndio’. Fomos visitar o agricultor e gran­de proprietário rural, que nos levou até seu enorme gal­pão. Em cima, na gigantesca viga central, encontrava-se um pequeno compartimento, onde estava a ‘bênção contra incêndio’. Um papel amarelecido, do qual constava: `Ano de 1645, 24 de agôsto: Em nome do Pai, do Filho e do Espí­rito Santo, eu, Satanás, protejo esta casa contra relâmpago e fogo. Assinado… (ilegível).’ O fazendeiro foi persua­dido a desfazer-se desta `bênção contra incêndio’, que depois foi enviada a Munique para investigação de ordem químico-criminal. O relatório confirmou que de fato o do­cumento tinha cêrca de 300 anos. A assinatura consistia em uma mistura de sangue hircino e humano. A tarde, lá pelas cinco horas, foi retirada a `bênção contra incêndio’. Três horas depois houve uma trovoada; um relâmpago atingiu as construções, e casa e galpões foram devorados, com animais e todo o equipamento, pelas chamas de um incêndio. Só os homens se salvaram. Coincidência? As edificações da fazenda distam cem metros da linha da es­trada de ferro Wuerzburgo – Rothenburgo. Durante a se­gunda grande guerra encontrava-se nas imediações um comboio carregado de munição que voou pelos ares; ne­nhuma vidraça das construções fôra danificada Por oca­sião da derrota da Alemanha, em 1945, a SS fizera das edificações da fazenda seu quartel-general, em tôrno do qual se lutava encarniçadamente. Nenhum balaço atingiu a propriedade. Também em séculos anteriores, havia aconteci­do o mesmo. Quando os franceses lutaram na área de Ansbach-Bayreuth, a fazenda também permanecera incó­lume. Mas o que tem isso a ver com o dia 24 de agôsto?

Pompéia e Herculano foram destruídas, num mar de fogo, no dia 24 de agôsto do ano 79 A.D. Na noite de São Bar­tolomeu, 24 de agôsto de 1572, dezenas de milhares de huguenotes incluindo mulheres, velhos e crianças foram massacrados. Evidentemente, essa data na `bênção contra incêndio’ significa feitiço especial! Perguntamos: Que dis­se o proprietário da fazenda, depois de acontecido o de­sastre? As edificações estavam no seguro e foram recons­truídas. Quando o presbítero visitou as novas instalações, o fazendeiro o abraçou e lhe disse: `Como me sinto feliz que êsse pêso não existe mais!’ A maldição estava rompida; o fazendeiro reconhecera: Antes perder tudo que ser aliado do demônio.” Mas quem destruiu as construções da fazenda: Deus ou Satanás? No capítulo primeiro do livro de Jó lemos que Satanás pode ter permissão para trazer do céu “fogo de Deus” (Jó 1 .16). Evidentemente, o diabo, na qualidade de príncipe angelical decaído (Ju­das 6), de quando em quando tem permissão especial de Deus para chegar às chaves do comando divino. Se ao menos se soubesse algo dos homens e destinos relacio­nados com a história dessa propriedade! Quem menos­prezar as inflexíveis barreiras dos preceitos divinos, quem praticar abominação de feitiçaria só o fará sob graves pre­juízos psicológicos. Satanás pode, realmente, conceder uma forma de “proteção” ou “êxito”, que errôneamente se toma por “bênção”, mas a que preço aterrador! Pode muito bem ser que Satanás, depois de ter sido retirada a “bênção contra incêndio”, tenha dado vazão à ira. Jó 2.6; 2 Cor. 12.18 e Mt. 10.28 são dignos de reflexão. Os filhos de Deus podem, porém, estar tranquilos, sem temor algum, não obstante o poder do inimigo, uma vez que estejam de conformidade com Efésios 6.10-20, revestidos de “tôda armadura de Deus”, armados com a couraça da justiça, protegidos com o capacete da salvação, cingidos com a verdade, empunhando a espada do espírito e abraçando o escudo da fé e demais armas do arsenal divino.

Bruxaria. A crença em bruxas é um dos mais som­brios capítulos não só da Idade Média, mas também dos tempos atuais. Podemos ver isto claramente lendo o livro de Kruse, Hexen unter uns? (Bruxas Entre Nós?). Quanta tribulação desmedida atingiu pessoas inocentes! Cito al­guns exemplos extraídos da documentação de alguns tri­bunais.

14. No ano de 1934, em Glares, uma mulher foi quei­mada em sua casa, sob acusação de haver enfeitiçado cavalos.

15. No ano de 1951, dois homens dos campos de Lueneburgo incendiaram a casa de uma suposta bruxa. A velhinha pôde salvar-se, mas dois familiares morreram carbonizados.

16. No ano de 1951, um rapaz de 19 anos, em Brunswick, assassinou o próprio pai, porque acreditava ter sido enfeitiçado por êle. Depois dêsse ato tresloucado, o rapaz enforcou-se.

E preciso muita experiência, e muitas vêzes ainda o dom de discernimento de espíritos, para poder diferençar entre a tola crendice em bruxas e as verdadeiras obras dos praticantes da magia negra.

Caminhar Sôbre Fogo. Tenho topado com o fenômeno de caminhar sôbre o fogo em muitos países. Mas em cada lugar se caracteriza por seus aspectos especiais.

Na índia, os que caminham sôbre o fogo preparam-se durante um período de três meses em prolongada medi­tação. Após êste preparo são capazes de caminhar pelo fogo sem o menor sinal de dor em suas faces impassíveis.

Na ilha de Bali os caminhadores sôbre o fogo atuam sob a hipnose dos sacerdotes. Dizem-lhes que um tigre os persegue e que o único meio de escapar é correr atra­vés do fogo. Quando êsses caminhadores sôbre o fogo saem do estado hipnótico, revelam verdadeiros sinais de mêdo e estão completamente exaustos.

Nas ilhas Fiji, sòmente a tribo Bequa (pronuncia-se Beng-ga) possui o privilégio de caminhar pelo fogo. Aque­cem-se pedras brancas ao fogo e elas ficam tão quentes que ninguém pode aproximar-se delas; para movê-las de um lado para outro servem-se de varas compridas. O pre­paro dos caminhadores sôbre o fogo, nesse caso, leva apenas um dia. Todavia, quando estão prontos, não se acham em transe hipnótico nem em transe espiritista; ao contrário, riem e brincam quando caminham sôbre as pe­dras. Sua pele continua completamente ilesa, embora se alguém tentasse a mesma façanha morreria queimado instantâneamente.

Em Bangkok, um professor universitário, meu amigo pessoal, teve permissão para examinar as plantas dos pés de alguns caminhadores sôbre o fogo. Não encontrou ne­nhum sinal de queimadura, nem mesmo o cheiro de fu­maça.

Que devemos dizer a respeito desta experiência mais ou menos comum no mundo oriental? Existe alguma ex­plicação para o estranho fenômeno de caminhar pelo fogo?

17. No Japão, um antigo caminhador sôbre o fogo veio a mim em busca de conselho. Confessou suas atividades anteriores e disse que realmente havia ludibriado o auditório. O fogo fôra aceso numa plataforma elevada e em baixo do centro da plataforma havia um caminho estreito. O fogo aceso em ambos os lados dêste caminho era de carvão de madeira. As pessoas que se achavam ao redor e abaixo da plataforma não podiam ver o cami­nho através do fogo. Perguntei a êste homem se tôda exi­bição de caminhar pelo fogo era falsificada do mesmo modo. “Não”, respondeu êle. “A maioria é genuína. Sò­mente é falsificada, às vêzes, por causa dos turistas.”

18. Na África do Sul outro caminhador pelo fogo confessou esta prática oculta. Era um indiano que traba­lhava numa plantação de cana-de-açúcar. Disse-me que realmente podia caminhar pelo fogo. Ele se prepararia du­rante alguns dias por meio de jejum e meditação, abstendo-se de bebida alcoólica e de intercurso sexual, alimen­tando-se sòmente de dieta vegetariana, etc. Perguntei-lhe se achava que os poderes que possuía sobre o fogo se originavam de seu subconsciente. “Isso é impossível’, respondeu. “O diabo dá êste poder aos que o servem.” E também confessou que ao tornar-se cristão perdeu o poder de caminhar pelo fogo.

Sei que os estados de hipnose e de transe podem pro­teger os caminhadores sobre o fogo contra dor, mas não podem proteger o indivíduo de queimar-se. Certa feita, na Índia, uma jovem mãe caminhava pelo fogo tendo ao colo o filhinho. Contudo, ela não se achava plenamente pre­parada para a provação. O filhinho caiu-lhe dos braços ao fogo e morreu em poucos segundos. Antes que as pessoas pudesem socorrê-lo, seu corpinho se reduziu a cinzas.

Atrás do fenômeno do genuíno caminhar pelo fogo há forças demoníacas operando, e os cristãos recém-conversos podem sentir este fato na atmosfera. Para mim, por­tanto, a questão é se os verdadeiros cristãos podem ou não tomar parte em tais exibições demoníacas.

Mas ainda não chegamos ao fim do problema. Qual o motivo por que Satanás concede tais poderes a seus seguidores? O diabo é, fundamentalmente, um imitador de Deus. Tenta contrafazer todos os milagres e poderes da Bíblia. Deus protegeu os três fiéis no meio do fogo (Dan. 3), e assim Satanás busca alardear o mesmo poder. No entanto, com Satanás é o poder do inferno.

Busquemos antes o Senhor que prometeu: “Quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arde­rá em ti” (Is. 43.2).

Os poderes de Satanás nos são proibidos. E terrível, portanto, quando encontramos os cristãos nominais da tribo Bequa nas ilhas Fiji praticando esta arte demoníaca do príncipe das trevas. Nosso dever é confiar no Senhor, sejam quais forem os perigos que tivermos pela frente, sa­bendo que Ele é maravilhosamente capaz de livrar-nos de todos os problemas e dificuldades desta vida.

Cartomancia. A cartomancia, como meio de adivinhação, é uma arte duvidosa, embora largamente difundida. Há diversas formas de cartomancia: mentira grosseira e meio para ganhar dinheiro, adivinhação sugestiva e tele­pática, e por último, mas não menos importante, a carto­mancia mediúnica com auxílio de faculdades extra-senso­riais e demoníacas. Eis alguns exemplos que confirmam nosso ponto de vista:

19. Uma mulher de 49 anos relatou-me o seguinte a respeito de sua família: Sua sogra e seu espôso são cató­licos. A sogra é conhecida cartomante. Marido e filhos suportavam pesada carga. Eram atormentados por irasci­bilidade e por depressões. Ela, pessoalmente, fôra influen­ciada pelo espírito irrequieto da sogra e do marido. Tôda vez que desejava ir à igreja era atormentada pop dores de cabeça e vômitos. Quando a sogra estava à morte, cuidou da moribunda durante algumas semanas e testemunhou sua morte horrível. O sacerdote, provàvelmente, recebera informações inverídicas dos familiares quando procurado para oficiar no sepultamento, porque durante a cerimônia do entêrro êle chamou a essa mulher de “mártir santa”.

20. No decorrer da assistência espiritual, um jovem relatou que se casara com a filha de uma cartomante. A sogra era dotada de faculdades dignas de nota. Se hou­vesse discórdia na família e o jovem não tomasse o parti­do da sogra, mais tarde ela o atormentava de modo invisí­vel. Sentia coceiras e ardumes por todo o corpo sem que nada pudesse fazer. Levou tempo para que êle reconhe­cesse a causa de seus problemas. Sua sogra também era capaz de predizer calamidades.. Disse-lhe ela certa vez: “Hoje à noite um  soldado cairá da janela e morrerá na queda.” Não quis acreditar. Dois dias depois, contudo, os jornais noticiavam um fato ocorrido em tais circunstân­cias. Também era capaz de prognosticar a vinda de car­tas importantes e conhecer-lhes o conteúdo. Para o jovem espôso essa mulher se tornou sinistra e êle o disse a um psiquiatra. Por fim a mulher foi internada numa clínica de moléstias nervosas mediante recomendação do departa­mento de saúde. Não obstante, a partir dêsse dia o jovem passou a ter coceiras e ardumes pelo corpo inteiro, nova­mente, e os médicos nada puderam fazer para aliviá-lo.

21. Uma mocinha foi ter com uma cartomante. Esta lhe disse que ela teria um filho ilegítimo e que mais tarde o pai da criança iria abandoná-la. Aconteceu que um ano mais tarde ela deu à luz um filho ilegítimo cujo pai era um estudante. Agora ela vive atormentada pela idéia de que o estudante vai abandoná-la e ao filho.

Ciência Cristã. Devido às suas conseqüências, a ciên­cia cristã faz parte dos movimentos ocultistas. A fundado­ra, Mary Baker Eddy, veio do espiritismo. Ensinava que a morte e a doença seriam vencíveis pelos podêres psíqui­cos que em nós existem. Contudo, até hoje não temos prova alguma. Todos os adeptos da Ciência Cristã têm de morrer e sua fundadora também já morreu. Em minha clí­nica espiritual vi-me forçado a dispensar atenção especial aos. praticantes desta doutrina. A análise das conseqüências leva à conclusão de que deve haver entre suas filei­ras homens dedicados ao ocultismo. Quantas vêzes me foi confessado que ex-adeptos da Ciência Cristã foram perseguidos pelos praticantes.

22. Um homem, que fôra membro ativo da Ciência Cristã, reconheceu o caminho errado que trilhava e comu­nicou que se retirava do movimento. Da central de Boston avisaram-no de que iria arrepender-se. Pouco. tempo de­pois foi acometido por uma inexplicável moléstia. Trocou de pele como cobra duas vêzes, e na terceira vez veio a falecer.

Conheci casos semelhantes a êste no campo da ma­gia. Assim os benzedores e curandeiros são capazes de infligir moléstias às pessoas tão fàcilmente quanto cura-las.

23. Uma mulher que por longos anos fôra membro da Ciência Cristã encontrou a Cristo e retirou-se da seita. Desde então é perseguida por sinistras tentações. Está convicta de .que o praticante do circulo a que pertencera agora voltou seus podêres contra ela.

24. Uma criança de seis anos adoecera. Os sogros da jovem mãe são adeptos da Ciência Cristã, e disseram à nora: “Vamos concentrar-nos na criança esta noite. Tudo estará bem.” Na manhã seguinte, às sete horas, a sogra telefonou e disse: “Tenho a impressão de que agora a criança está passando melhor.” A mãe pôde apenas res­ponder: “Mas a criança já faleceu à meia-noite.”

As vêzes os dirigentes da Ciência Cristã publicam tra­balhos tão maravilhosamente adornados com pensamentos cristãos que chegam a impressionar o cristão menos avi­sado. O Christian Science Monitor cai nesta categoria, e menciono apenas um livro, de Agnes Sanford, Healing Light (publicado em português sob o título A Luz Divina nos Cura). Embora excelentemente escrito, não se coa­duna com a Palavra de Deus.

Clarividência. Quanto á clarividência, clari-audiência e hiperestesia, que entram no rol dos podêres e comprometimentos mediúnicos, vão sòmente alguns exemplos.

25. Uma menina de 6 anos sonhou que a casa de seus pais fora incendiada por um vizinho. Quando na manhã seguinte contou o sonho aos pais, êstes a acalmaram e lhe deram ordens para que a ninguém contasse êsse sonho. Um ano mais tarde o sonho da menina se consu­mou. Uma noite a casa foi devorada pelas chamas de um incêndio. As investigações policiais confirmaram a culpa do vizinho.

26. Uma mulher de 44 anos relatou-me o seguinte: O primeiro marido fôra executado pela Gestapo. Quatro dias antes ela previra o fuzilamento. Seu segundo marido foi internado em um hospital. Em sonho ela viu a cama dêle vazia no hospital e uma mão desfalecida. Durante a visita, no dia seguinte, ela realmente verificou que o espôso estava com as mãos frias e pálidas. Logo depois êle morreu. Agora está noiva do terceiro homem e na as­sistência espiritual declarou que já havia previsto a morte do terceiro marido.

27. Um jovem desaparecera repentinamente de seu povoado. Os familiares procuraram o desaparecido. Pre­sumiu-se suicídio. Tôda a aldeia participou da busca. Tudo em vão. Solicitaram, então, os préstimos de um aleijado do povoado vizinho. O homem tinha fama de possuir ca­pacidades notáveis. Esse aleijado declarou que o jovem tinha sido assassinado, e seu corpo jazia num bosque re­tirado. Realmente o corpo do jovem foi encontrado no lo­cal indicado, comprovando-se graves ferimentos de pan­cadas.

28. Na Alsácia há três tipos de benzedores mágicos: O padre dos chinelos, os provadores de urina e os dormi­dores. O padre dos chinelos pede aos clientes a remessa de seus chinelos. Ao segurá-los nas mãos, pode indicar com exatidão a doença do paciente. O provador de urina não lhe faz a análise para verificar seu teor de albumina, açúcar e hemoglobina etc. Apenas coloca uma amostra nas mãos e assim chega a uma diagnose Forreta. Os dor­midores entram em transe e depois são capazes de indicar a doença dos pacientes, nos quais se concentram quando em transe.

29. Um homem dotado da faculdade de hiperestesia é capaz de diagnosticar doenças com precisão absoluta. Um professor de medicina o pôs à prova e verificou que o homem pode diagnosticar os casos mais difíceis de um momento para outro. Desde então êsse professor manda muitos casos problemáticos para o mágico diagnosticar. E êste também é capaz de comprovar a causa da morte de pessoas falecidas quando lhe fôr enviado algum objeto que pertencera ao morto.

Curandeirismo e Benzedura. No curandeirismo são largamente difundidas as seguintes práticas: benzer, exor­cismo, costurar, simpatia, massagem mágica, soprar, uso de bentinhos etc. Não se trata apenas de alguns hábitos inofensivos praticados por insuspeitos estudantes de fol­clore, conforme sugeririam os racionalistas. Benzer signi­fica tratamento por magia. A prática, portanto, de qual­quer dêstes meios de cura mágica é feitiçaria, mesmo quando efetuada em nome da Trindade. Feitiçaria é fazer uso de podêres demoníacos e zombar de Deus. Para ilus­tração das perigosas conseqüências da benzedura, cito a seguir alguns exemplos.

30. Uma mulher é benzedeira. Seguidamente benzia o próprio filhinho. Quando o menino chegou aos oito anos começou a revelar um temperamento terrível. Costumava torturar animais até à morte ou enterra-los vivos. A partir dos treze anos tornou-se um ébrio notório. Atualmente in­gere até dez litros de vinho por dia. Sexualmente é um bruto horrível; pratica relações sexuais com animais. O pároco da localidade atribui as perversões morais dêsse indivíduo às benzeduras a que a mãe o submetera.

31. O benzedor F. Sch. de Emmental, Suíça, morreu em delírio de perseguição. Em pleno inverno, com tempe­ratura a 20 graus centígrados abaixo de zero, descalço e com apenas camisa e calça, corria pelo povoado. Quando os membros da família o trancavam no quarto, pulava pela janela.

32. Um agricultor gabava-se de não precisar de se­guro para seus cavalos. Amiúde procurava K. que benzia os animais. Certo dia, um dos filhos foi atropelado por um trem, quando dirigia a carroça puxada por quatro cavalos. Filho e animais morreram. Os outros dois filhos para nada prestam e moralmente são de mau caráter. O agricultor teve morte horrorosa.

33. Numa certa região irrompera uma peste entre os animais. O benzedor K. de Kl. entregou aos camponeses breves que continham fórmulas de benzedura. As estre­barias e ranchos nos quais foram colocados esses papéis permaneceram a salvo da peste. Hoje em dia o povoado de Kl. é conhecido como adversário da igreja. Sôbre a aldeia paira um feitiço. O caso me foi relatado pelo pastor do lugar.

34. Durante o trabalho de assistência espiritual um homem de 42 anos relatou-me que seu bisavô era feiti­ceiro e benzedor mágico de animais. Quando seus filhos adoeciam, ele os benzia, em nome da Santíssima Trinda­de, com um pedaço de toucinho, que depois enterrava perto da casa. As crianças recuperavam a saúde. Mas os descendentes desse homem estavam em situação pavoro­sa. Filhos e netos, todos sofriam de algum distúrbio. Al­guns, dentre eles, quiseram seguir a Cristo mas não pu­deram. Vários eram dotados de faculdades mediúnicas, como a clarividência e o pressentimento. Outros são per­vertidos sexualmente. Quatro netos têm fortes tendências sexuais. Querem casar mas não podem. Na casa paterna observam-se fenômenos de assombração. O próprio ho­mem que me narrou isto sente a maldição de não poder casar. Era noivo de uma môça distinta, mas desfez o noivado.

35. Uma mulher era paralítica, por isso seus familia­res a levaram a um benzedor, que murmurou algo ininte­ligível sôbre ela. No dia seguinte ela expeliu água e pus pelos ouvidos e pelos poros da face. Desde então a mu­lher pôde andar. Seus filhos todos sofrem de distúrbios. Um dêles é epiléptico, bem como dois netos. Embora te­nham expressado o desejo de tornar-se cristãos, são inca­pazes de fazê-lo.

36. Um homem benzia verrugas. Quando reconhe­ceu o perigo dessa prática, abandonou-a. Hoje sofre de­pressões e não pode crer em Deus. Seus filhos são irascíveis e, muitas vêzes, vêem fantasmas e caretas horripi­lantes na casa paterna.

37. Um pastor contou-me que, quando criança, os pais o mandaram a um benzedor de verrugas, que as fa­zia desaparecer por meio de cerimônias misteriosas. No dia seguinte não havia mais nenhuma. Mais tarde êle se tornara médium. Depois, quando já estudante de teologia, soube por uma irmã de caridade da morte dêsse benzedor de verrugas. Ela relatou que a morte fôra acompanhada por terríveis fenômenos secundários. Dias seguidos êle ge­meu, maldisse e lamuriou. Havia no quarto um mau cheiro horrível. As irmãs não suportavam ficar no quarto do mo­ribundo. Certa vez, quando a irmã voltou ao quarto, o ho­mem havia morrido. Jazia com o crânio estourado e esta­ va quase inteiramente prêto.

A benzedura acarreta graves opressões. Mas a liber tacão é possível por meio de Cristo. “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” A seguinte experiência da clínica espiritual o comprovará.

38. Uma mulher de 28 anos de idade veio em busca de conselho. Havia cinco anos que sofria de eczemas acompanhados de dores contínuas. Os dermatologistas não descobriram a causa. Interroguei-a sobre práticas ocultistas na família. Minha pergunta teve resposta afir­mativa. O avô curava homens e animais em nome da San­tíssima Trindade. Também a avó era benzedeira. Duas irmãs levam uma vida dissoluta. A própria mulher que re­latava os fatos possui a faculdade da brizomancia e da vidência. Uma vez lhe apareceu em sonhos o cunhado que estava na Argélia e disse: “Amanhã volto para casa.” De fato, no dia seguinte êle regressou. Uma vez sonhou que mãos prêtas estariam se aproximando dela e que ratos pretos estariam roendo-lhe as pernas. No dia seguinte apareceu a sua irmã e, por motivos fúteis, começaram uma terrível briga. Nas suas pernas apareceram eczemas que nenhum médico pôde curar. De bom grado a informante foi conduzida a Cristo. Ela confessou seus pecados e acei­tou o perdão pela fé. Orei com ela. No dia seguinte ela disse que as dores atrozes nas pernas haviam desaparecido depois da oração.

Curandeirismo Mágico (métodos). Quanto ao curandeirismo mágico, já discorremos, embora parcialmente, sob o título de Curandeirismo e Benzedura, e em parte será considerado sob Magia Branca e Magia Negra. Tais mé­todos de cura não pertencem aos domínios da Ciência, vis­to como escapam ao domínio da razão. A magia pertence, como dissemos acima, à ordem da natureza mediúnica, na qual prevalecem outros preceitos. O curandeirismo mágico é muito mais difundido do que geralmente se pensa. Um pastor da região do Weser me contou que em sua pró­pria igreja havia apenas umas dez famílias que não haviam praticado magia de uma forma ou de outra. Um médico dos campos de Luenenburgo declarou, numa reunião de pastores, que no setor de seu trabalho não havia uma só família que não praticasse a cura mágica. Um pastor da Suíça me comunicou que em cada casa de sua povoação se usam o 6.° e 7.° Livros de Moisés (um livro sobre ma­gia negra). Para exemplos, veja as seções deste livro sob Curandeirismo e Magia Branca e Negra.

Datas e Dias Significativos. No colorido do alfabeto dos costumes supersticiosos vem a seguir o prognóstico, o presságio ou agouro relativo a dias e épocas do ano que trazem bom ou mau agouro. Ě vergonhoso ver como o homem, que Deus destinou para ser o senhor da Terra, se tenha escravizado tanto ao mundo. Inicialmente alguns exemplos.

39. Na região do Weser, na Alemanha, o 1.° de abril é tido como um dia de azar. Nenhum aprendiz ou operário inicia um trabalho novo nesse dia.

40. Um pastor relatou-me um costume existente na paróquia de seus pais. Desde tempos remotos, os campo­neses da região costumavam, na véspera de Natal, duran­te o bimbalhar dos sinos, amarrar em torno de suas árvo­res frutíferas cordas de palha; ao mesmo tempo em que invocavam os nomes da Santíssima Trindade rezavam um verso mágico. O zelador da igreja recebia gorjeta a fim de prolongar os toques dos sinos, para que os camponeses pudessem amarrar o maior número possível de árvores. Quando do toque do sino para oração vespertina, toda a família se encontrava nos pomares. O pastor local sempre combateu o costume, mas a prática continua.

41. Em Wuerzburgo, na Alemanha, ouvi que muitas pessoas lavam suas carteiras, na véspera de Ano Nôvo, numa das fontes da cidade. Dizem que assim procedem para que no decorrer do ano não lhes falte dinheiro.

Idéias e costumes como êsses existem por tôda parte. Na sexta-feira santa, por exemp6o, as pessoas colocam ovos na chocadeira para obter melhores pintos. No dia de Santa Bárbara as môças casadeiras cortam um ramo e o colocam na água. Se florescer, a môça casará. No dia de Natal sacodem-se as árvores ou se abrem as janelas para fazer entrar a felicidade. Entre Natal e Ano Nôvo não se pode deixar roupa nos varais. Isto traria infelicidade. No Ano Nôvo ou na festa do Espírito Santo deve-se comer maçã a fim de preservar a saúde. Na noite anterior à Pás­coa busca-se água de um riacho para aspergir os doentes. O 1.° de abril é dia de azar; 1.° de maio é dia de sorte. Os nascidos aos domingos e no mês de maio são tidos como filhos da sorte; os nascidos nas sextas-feiras são filhos do azar. Muitos conselhos de camponeses e usos tradicionais se baseiam não na observação da natureza, mas em idéias supersticiosas. Assim se acredita que os primeiros doze dias do ano são fundamentais para o ano inteiro. Chuva nos dias caniculares anunciariam mau tem­po para seis semanas. Muitas normas quanto à semeadura e plantio em tempo de lua crescente ou minguante têm sua origem não na boa experiência, mas na supers­tição.

Diagnóstico Ocular. Hoje em dia existem acaloradas controvérsias em tôrno da diagnose ocular. Os que fazem diagnóstico pelos olhos afirmam que podem reconhecer na íris as doenças do corpo inteiro. Para tanto, dividem a íris do ôlho direito em setôres e a íris do ôlho esquerdo em círculos concêntricos. Dizem que todo órgão do corpo está localizado nesses círculos e setôres. Isto quer dizer, segundo êles, que tôda enfermidade se manifesta através de transformações características produzidas nas fibras da íris. E preciso ressaltar, antes de tudo, que há cêrca de dez sistemas de diagnóstico ocular, e todos diferentes. Ademais, a Medicina admite que de fato há doenças que têm efeito visível sôbre a íris, como, por exemplo, algumas formas de reumatismo. Além do mais, a aparência geral do ôlho pode fornecer certa soma de informação útil quan­do do diagnóstico de uma doença. Quanto ao mais, todos os próceres da ciência médica rejeitam o misterioso diag­nóstico ocular. Um professor de oftalmologia deu a se­guinte resposta a um inquérito sôbre êsse assunto: “En­carregado pela faculdade de medicina, respondo à sua in­dagação sôbre a diagnose ocular. Em primeiro lugar de­vemos dizer que ela nada tem a ver com as ciências exa­tas. Trata-se de caótico conglomerado de expressões pseudocientíficas e de teorias mais ou menos supersticio­samente baseadas, para não usar têrmos mais duros. Por exemplo, há diagnosticadores oculares que pretendem ler nos olhos que o avô sofreu ataque de apoplexia, ou que o paciente cometeria suicídio, querendo até predizer se o suicídio será sangrento ou incruento. Partindo do fato ana­tômicamente comprovado que cada órgão do corpo está provido de nervos, e também dos chamados `nervos vitais’, afirmam os diagnosticadores oculares que tôdas as quali­dades espirituais e de caráter são localizadas por meio de fibras simpáticas em determinadas áreas da íris, e que uma simples mancha em determinado setor comprova que o paciente sofre do fígado, é invejoso, avarento e assim por diante.

A diagnose ocular vem da China e suas raízes estão na astrologia, de ligação íntima com as constelações e suas explicações. Essas cousas foram, muitas vezes, exa­minadas exaustivamente, e a comprovação é de que são insustentáveis. Na ciência médica da oftalmologia se re­conhece que muitas doenças comuns podem ser diagnos­ticadas pelo estado dos olhos, mas nesses casos se sabe que a doença afeta os olhos diretamente. O diagnóstico negativo dos olhos não significa, portanto, que o corpo está com saúde, mas dentro de certos limites a consideração do estado dos olhos pode ajudar na diagnose. E verdade que realmente se pode ver uma parte do tecido cerebral examinando o nervo óptico, e que os vasos sanguíneos do olho estão suficientemente expostos de sorte que se possa ver a circulação do sangue. Contudo, isto não é o mesmo que possuir todos os órgãos do corpo re­presentados nas íris.” Assinado: Prof. Dr. Velhagen.

Contudo, este parecer especializado nem de longe encerra o problema da diagnose ocular. As questões com as quais se defronta quem dá assistência espiritual não podem ser respondidas por argumentos puramente médi­cos. Na assistência espiritual não vem ao caso se a diag­nose ocular é aceitável pela Medicina, mas se prejudica ou não a fé que tem o cristão verdadeiro. Fundamentado em longas observações, posso tranquilizar a quem fizer essa indagação religiosa. Há formas de diagnose ocular que não comprometem a fé cristã. Possivelmente há seis méto­dos de diagnose ocular que correspondem a esse con­ceito. Se em meu trabalho de assistência espiritual eu topar com casos que contrariem essa opinião, farei a de­vida correção na próxima edição deste livro. Mas até ago­ra não há motivo para preocupação.

Entretanto, há formas ocultas de diagnose ocular que encontrei em meu trabalho, sobre as quais devo advertir. Melhor será que eu ilustre o problema através de um exem­plo com o qual me defrontei na Alsácia.

42. Por ocasião de uma semana de conferências em Gebweiler, uma mulher veio a mim e me contou que sua filha teria que morrer nos próximos dias. Admirado, per­guntei-lhe como soubera disso. Ela explicou que um diagnosticador ocular de Estrasburgo profefizara que sua filha morreria quando tivesse o quinto filho. E agora a filha es­perava pelo quinto filho dentro de poucos dias, e então se cumpria o tempo. Respondi a essa senhora que nossa vida está nas mãos de Deus e que o diagnosticador ocular ě um falso profeta sujeito à ira divina. O que aconteceu? Ainda durante o trabalho de evangelização nasceu a crian­ça. Nada aconteceu à mãe nem à filhinha. A mulher vol­tou mais uma vez lamentando: “O senhor verá, ainda vai haver complicações!” Estive prestes a aborrecer-me e re­truquei: “Haverá complicações se a senhora se recusa a livrar-se dessas idéias supersticiosas.” Como terminou o caso? A jovem mãe, cuja morte fôra profetizada, vive até hoje. Mas quanto mêdo provocara a profecia perniciosa! Ě evidente que não se tratava de diagnose ocular, mas de quiromancia.

Muitos de nossos curandeiros e praticantes de medi­cina popular ocultista fazem uso da diagnose ocular, não de modo científico, mas de maneira mediúnica. Isto sig­nifica que êtes não têm interêsse na observação da íris, mas em contacto mediúnico. Dêste modo o ôlho humano serve a um propósito psicométrico quase como as linhas da mão servem aos quiromantes quando as usam como contacto material ou como um “estimulante da intuição”. Aqui, portanto, a diagnose ocular se torna quiromancia. Eis o motivo por que êsses diagnosticadores alcançam grande êxito. Na verdade alguns dêles, com pouco ou nenhum treinamento médico, podem diagnosticar enfermi­dade com 100°lo de precisão. Estamos aqui tocando num problema que os racionalistas rejeitam, mas ainda existe. O mundo dos cientistas, no qual vivemos, está integrado e sobreposto por um mundo mediúnico governado por leis inteiramente diferentes. A mente humana não consegue entender qualquer ligação entre essas duas ordens da na­tureza, e os discípulos de cada ordem se guerreiam cons­tantemente. A ordem da natureza mediúnica já foi pres­sentida por muitos. Quando o panteísta fala da natureza como se ela fôsse animada, há na idéia um grão de ver­dade. Quando o panteísta eleva a natureza ao nível de igualdade com Deus, então pratica idolatria da natureza, o que significa abandonar o Criador, e isso é blasfemai. Há uma dose de verdade nos enunciados dos professôres Osty, Hans Driesch e Eduard von Hartmann, quando falam da alma do mundo. Mas quando houver elevação em têrmos de igualdade com Deus, estamos entrando novamente na idolatria.

Qual é, pois, o caráter da ordem mediúnica da natu­reza? O Nôvo Testamento diz que a Terra é o domínio de Satanás. Por natureza nos encontramos sob a “soberania das trevas”. Quem se chegar a Cristo será salivo e liberto do domínio do mundo tenebroso. Quem não aceitar a Cristo como Senhor, permanece sob o poder de Satanás. Quem, de livre e espontânea vontade se entregar ao “prín­cipe dêste mundo”, ou quem viver sob comprometimentos ocultos, legados por seus antepassados, será palco de ma­nifestações sobejas por parte dos podêres do mundo das trevas. As fôrças mediúnicas não são de Deus, mesmo que apareçam sob uma camuflagem inofensiva e religiosa ou às vêzes científica. As práticas e as conseqüências do :ocultismo confirmam isto milhares de vêzes. Sirvam de demonstração três exemplos relativos ao diagnóstico ocular ocultista.

43. Um pai levou seu filho a um médico. Este usava a diagnose ocular para determinar a natureza da doença. Foi além disto e também profetizou o futuro do rapaz. Após o tratamento, a moléstia orgânica desapareceu. Mas houve transformações visíveis na vida religiosa do môço. Des­cobriu que ficava psiquicamente perturbado sempre que desejava ir à igreja, e isto ocorria especialmente durante o sermão. Não pôde mais orar, crer em Deus e participar nos cânticos cristãos. Seu vivo interêsse pela fé cristã desaparecera. Caiu, porém, em muitos vícios. Tornou-se ébrio, fumante inveterado e onanista. Sofreu sob depres­sões psíquicas e foi atormentado por tentações de homi­cídio. Finalmente o jovem sofreu colapso nervoso total, tornando-se psìquicamente falido. Dos sofrimentos físicos havia sido curado, mas a cura lhe provocou complicações psíquicas.

44. Uma mãe levou seu filho de 11 anos a um mé­dico que praticava a diagnose ocular. O rapaz se tornou um terrível onanista, que praticava masturbação duas vêzes por dia. Atormentavam-no ainda a irascibilidade e a mania de escarnecer de outros e de provocar brigas. Na escola, seu aproveitamento era nulo. No trato com a própria mãe passou de um extremo de respeito, de docilidade, a outro de desobediência total.

45. Uma mãe foi com sua filhinha de 6 anos a um benzedor e diagnosticador ocular em Appenzell, Suíça. Depois do diagnóstico ocular a menina foi submetida a um tratamento mágico. A enfermidade desapareceu, mas o caráter da menina transformou-se dràsticamente após o tratamento. Tornou-se sobremodo irascível, sexualmente anormal e começou a ter depressões. O mesmo aconteceu à sua irmã, que, ainda criança, fôra tratada pelo mesmo homem. Os demais irmãos, que não foram benzidos, não demonstraram anormalidades.

Doutrinas Falsas (Heresias). A legião das doutrinas falsas é hoje tão grande que se perde a conta. Não posso deixar de mencionar algumas doutrinas falsas com as quais amiúde deparo em minha clinica espiritual. Adventismo, antropossofia, a religião Bahai, a Ciência Cristã, os ado­radores do Gral, os seguidores de Herbert W. Armstrong, os discípulos de Jacob Lorber, os testemunhas de Jeová, o masdeísmo, a teologia moderna, os mórmons, a igreja -neo-apostólica, o espiritualismo, o espiritismo, a teosofia, a maçonaria e muitas outras. Essas seitas se caracterizam por um fanatismo extremo e por um total desacôrdo de suas doutrinas com a Bíblia. Mas o que envergonha a nós cristãos e o que nos deve conclamar ao arrependimento é o forte laço de união e a responsabilidade recíproca e fraternal dos membros dessas seitas. Citarei um exemplo que envolve a igreja neo-apostólìca na Alemanha.

46. Um dia, um membro desta seita estêve em casa de minha sogra e lhe narrou o seguinte: “Seu marido, mi­nha senhora, apareceu entre nós, vindo do reino dos mor­tos e solicitou que fôsse aceito como membro de nossa igreja. Ademais, é desejo de seu marido que todos os seus familiares se tornem membros da comunidade neo-apos­tólica.” Minha sogra respondeu-lhe: “Em vida meu marido era cristão sóbrio e de posição definida. O que me está contando é inaceitável. Meu marido jamais quis saber de doutrinas falsas.”

Tão longe vai a falsidade dêsse movimento, que encenam aparições a fim de ludibriar os incautos. Tudo isso não passa de espiritismo grosseiro. O que experimenta­mos na própria família, ainda em outras ocasiões verifiquei no meu trabalho de aconselhamento. Essas aparições de mortos nada mais são do que uma tática eficaz de propa­ganda dos neo-apostólicos.

A heresia mais confundidos de tôdas é a Teologia Moderna. No mundo ocidental esta teologia se chama neo­-racionalismo. Seus adeptos alegam que os cristãos só podem aceitar o que o intelecto pode compreender. Se­gue-se, pois, que deveríamos negar que Jesus é o Filho de Deus e que é nosso Redentor. Também não crêem na res­surreição e na segunda vinda de Cristo. Negam a existên­cia de milagres, de respostas às orações, do diabo, dos demônios e até da existência pessoal de Deus. Só nos resta perguntar: o que sobra da Bíblia?

Mas existe um desenvolvimento até mais terrível nes­ta forma moderna de teologia. O diabo sabe como apa­nhar os crentes na armadilha. Hoje, os teólogos uma vez mais usam as velhas palavras como “a cruz”, “perdão”, “nôvo nascimento” e assim por diante, mas esvaziam es­sas palavras de seu conteúdo original e as enchem com novas idéias racionalistas.

Embora eu ore por êsses pobres modernistas e deseje o bem-estar dêles, posso ver o ar de espanto em seus olhos quando, na eternidade, reconhecerem que a antiquada Biblia se cumpriu ao pé da letra. Quão maravilhoso é que nossa fé se baseie no Deus da Bíblia e não nas idéias dêsses teólogos depauperados.

Espiritismo. O espiritismo se tornou movimento de âm­bito mundial. O professor Blanke, de Zurique, é de opinião que atualmente conta com cêrca de 70 milhões de adeptos, de tôdas as correntes religiosas. Mencionaremos, contudo, as diversas formas do espiritismo moderno. O assunto é tratado com algum pormenor no livro Entre Cristo e Sata­nás, por isso não vamos fazer repetições aqui. Os modos pelos quais podemos encontrar o espiritismo incluem vi­sões espiritistas, levantar mesa, copo girante, psicografia, falar em estado de transe, materialização (supostas apari­ções de mortos, vindos do reino dos mortos), excursão da alma (transmigração da alma de homens ainda vivos), te­lecinesia (movimentação à distância sem causas visíveis), levitação (suspensão de um objeto ou do corpo humano apenas pela ação do fluido humano; trata-se de imitação da ascenção biblica), aportamentos (aparecimento e desa­parecimento de objetos em recintos fechados). Nos cír­culos espiritistas conhece-se a perseguição e a defesa má­gica. Aparições de mortos e assombrações ligados a de­terminado lugar também se podem incluir na lista. O mais embaraçoso e perplexo são os cultos religiosos espiritistas e espiritualistas entre os cristãos (espiritualismo). Alguns exemplos demonstrarão a problemática dêsses fenômenos demoníacos.

47. Uma mulher de 65 anos morava numa casa onde se realizavam reuniões espíritas. Tôdas as noites, entre meia-noite e 1 hora havia em sua residência terrível ba­rulho. Os móveis se deslocavam e objetos eram arremes­sados pelo ar. Numa determinada noite, quebraram-se 40 vidros cheios de frutas e hortaliças em conserva, que se encontravam no porão, em um compartimento fechado. A mulher abandonou a casa. Com isso, cessaram os fenômenos de assombração. Porém, à mesma hora em que se verificavam os fenômenos anteriores, parecia que a agar­ravam pelo pescoço e sentia estranha sensação de sufo­camento. Tôda vez que invocava o nome de Jesus, ter­minavam imediatamente as molestações.

48. Uma diaconisa foi passar uns dias numa casa de férias. A noite ouvia pancadas. Atemorizada, recorreu à .oração. Foi quando lhe pareceu que a agarravam pelo pescoço e a estrangulavam. Quis, então, saber quais haviam sido os antigos moradores da casa e soube que, durante a guerra, soldados da SS de Hitler realizavam sessões espí­ritas nesse quarto. A diaconisa buscou auxilio de um crente. Este orou para que o quarto fôsse libertado dos maus espíritos. Imediatamente, porém, a espósa dêsse homem foi acometida de profunda melancolia, que durou dez semanas.

49. Uma mulher contou-me que teve uma vizinha espírita que possuía o dom da clarividência. Um dia a espí­rita apareceu-lhe à porta e avisou-a: “Seu filho, brevemen­te, correrá grande perigo. Por favor, tome cuidado.” Qua­torze dias depois a criança foi atropelada e morta por um automóvel. A espirita morreu, depois, de um modo horrível.

50. Uma mulher crente visitou uma única vez uma espírita para receber tratamento mágico. Desde então perdeu a certeza de sua salvação. Começou a ter depres­sões e tentações de suicídio. Além do mais, descambou para o uso de bebidas alcoólicas e do fumo e caiu em des­regramento sexual.

51. Uma mulher frequentou, por diversos anos, reu­niões espiritistas. Por fim, não mais necessitava de mé­dium para estabelecer relações com os espíritos. Era ca­paz de perceber, em estado consciente, a presença de es­píritos e falar com êtes, como se fôssem pessoas de sua família. Os filhos lhe saíram com tendências depressivas e idéias de suicídio.

52. Um espiritista me informou que desde os 35 anos tinha um guia do além. Esse guia lhe transmitia ordens que êle sempre cumpriu. De uma feita foi incumbido de procurar um jovem casal que igualmente havia iniciado ligações com o além, mas encontrava dificuldades para entender-se com o mundo dos espíritos. O espírito indicou­-lhe o enderêço exato do casal, como pôde comprovar. Os jovens referiram-se que começaram com a levitação de mesa, mas ainda não dominavam bem a técnica corres­pondente. O espiritista lhes ensinou, então, como deve­riam proceder em suas relações com os espíritos. Seu guia também lhe disse que êle teria um papel importante a desempenhar na eternidade, quando morresse. Mercê de sua fidelidade de muitos anos ao espiritismo, assumiria posição elevada entre os espíritos. O espirita acredita nessas incumbências e promessas. Arrematou o arrazoado afir­mando: “O senhor me conhecerá na eternidade.” Quando o adverti dos perigos dessas relações com o mundo dos espíritos, declarou-me: “O senhor tem uma trave diante dos olhos.”

53. Um rapaz de onze anos sofria de enurese crônica (incontinência de urina). Os país faziam tudo para livrá-lo dessa situação desagradável. Todos os tratamentos médicos foram infrutíferos. Finalmente, a mãe foi ter com um espírita que também praticava a magia negra. Uma peça de roupa do rapaz recebeu passe mágico. O rapaz tinha de vestir essa peça e daquela data em diante esta­ria livre da enurese. Posteriormente, na adolescência, o rapaz tentou o suicídio. Aconteceu que uma noite sua irmã, que era crente, ficou muito perturbada e começou a orar pelo irmão. De súbito ouviu, aterrorizada, chamar pelo seu nome. O irmão, precipitado e pálido, saiu de seu quarto para o da irmã e confessou sua tentativa de suicídio. Dis­se que, de repente, quando colocava o laço no pescoço, vira o rosto dela diante dêle. Experiências mágicas e es­piritistas têm forte tendência para depressão e tentativas de suicídio.

Devemos fazer uma menção especial sobre o espiri­tismo brasileiro. O Brasil é uma fortaleza espiritista. Po­demos encontrar aí quase todas as formas de espiritismo, variando desde o espiritismo de Kardec socialmente orien­tado até as formas criminosas do culto da macumba.

Não se pode deixar de louvar certo modo de obra ca­ritativa de grupos pertencentes ao movimento de Kardec. Eles têm construído escolas, hospitais, lares para crian­ças, hospedarias, edifícios de conferências. Em Curitiba (Paraná), visitei o Albergue Noturno. A encarregada, uma senhora agradável, deu-nos de boa vontade toda informa­ção que necessitávamos, e nos disse orgulhosamente: “Já temos 30 milhões de membros só no Brasil. Dentro de 20 anos talvez esta cifra represente metade da população.” E um fato, o espiritismo está crescendo incessantemente.

Fiquei interessado em ouvir o motivo do trabalho. A mulher que acabei de mencionar explicou: “As pessoas reencarnam após consideráveis intervalos de tempo. De­pendendo do que se tenha feito de bom ou mau nesta vida, ou subimos ou descemos na próxima existência.” Eles par­tilham esta crença com muitas das religiões do Oriente. Básicamente é o meio de salvação pelas obras. Mas nada tem em comum com o que a Bíblia ensina.

Um estudo das formas criminosas de espiritismo no Brasil fica para a seção que trata dos cultos de umbanda e macumba.

Finalmente, esta seção do livro não estaria completa sem menção das formas religiosas de espiritismo que se encontram na Grã-Bretanha e na América em particular. Visitando a Inglaterra, vi muitos, muitos templos espiritua­listas espalhados por todo o país. Em seus cultos o ser­mão não é pregado por um ministro mas por um médium que fala sob a influência de espíritos do além. A pessoa fala em estado de transe e dessa forma obtém revelações dos mortos. Mas em vez de uma longa discussão sôbre o assunto, basta dizer que as Escrituras Sagradas salientam que tais práticas são abominação para Deus. Podemos encontrar isto escrito em Lev. 20.27 e Deut. 18.10-12.

Fanatismo. O exuberante fanatismo espiritual é um dos males das comunidades cristãs da atualidade. Corren­tes fanáticas sempre houve em todos os tempos e em todos os movimentos cristãos. São a espuma e a imundície que os movimentos verdadeiros trazem à tona e as expelem. O fanatismo espiritual tem muito de comum com os movi­mentos ocultistas. Isto se evidencia, antes de tudo, nas conseqüências. A imposição de mãos por parte de faná­ticos muitas vêzes tem os mesmos efeitos secundários da benzedura ocultìsta. Em segundo lugar, isto se revela nos sintomas semelhantes. Dentre os fanáticos espirituais mais fàcilmente se identificam aquêles cuja fé se orienta psi­quicamente e que possuem inclinação mediúnica. Os três exemplos a seguir sustentam esta observação.

54. Na cidade de Karlsruhe fui procurado, diversas vêzes, por uma ex-médium espiritista. Desejosa de seguir a Cristo, buscava orientação espiritual e se desligou de tudo quanto era prática espírita de outrora. Lamentàvelmente, ainda tem de lutar contra sua antiga inclinação me­diúnica. No curso da conversação ela me disse: “Assisti às conferências dos curandeiros Branham, Hicks e Zaiss. Com os três tive contacto mediúnico imediato, principal­mente com Branham”, e acrescentou: “Com o senhor não consigo estabelecer contacto mediúnico”, ao que lhe res­pondi: “Dou graças a Deus que a senhora não o conse­gue.” A mesma experiência se repetiu em Munique. Após uma reunião na qual eu havia falado sôbre os perigos do ocultismo, uma senhora me procurou e me disse que ela também tinha sido capaz de fazer contacto mediúnico ime­diato com aquêles três grandes curandeiros.

55. Um pastor, que serviu no povoado de Schleswig­-Holstein, totalmente contaminado pela magia, observou que os crentes que se entregavam à prática da magia caiam fàcilmente no extremismo. Essa observação é sumamente importante, porque vem demonstrar o fato de que o fana­tismo tem muito em comum com o ocultismo.

56. Um pastor suíço relatou-me o seguinte: Havia anos que tinha sintomas de paralisia na perna e braço di­reitos. O tratamento médico não lhe trouxe melhoras. Por isso assistiu a tôdas as conferencias de Tommy Hicks, e participou de suas reuniões de curas milagrosas. Como Tommy Hicks não podia orar pessoalmente com todos os doentes, mandou que se levantassem e colocassem a pró­pria mão sôbre a parte enfêrma. A seguir orou por todos os enfermos que se levantaram. O pastor seguiu o conse­lho de Hicks. Depois sentiu que ia desaparecendo a para­lisia do braço e da perna. Sentiu um formigamento e no­tou como se um pêso corresse braço abaixo, desaparecen­do pelas pontas dos dedos. Ocorreu o mesmo com a per­na semiparalizada. Essa cura durou de maio de 1955 a dezembro de 1956. Então perguntei a êsse pastor se já tivera algo a ver com benzedura. Respondeu-me que sim, e que uma vez fôra benzido com êxito contra verrugas.

Os dois últimos exemplos nos mostram a estreita re­lação que existe entre fanatismo e ocultismo. A sujeição oculta está no mesmo nível da atitude mental fanática. Quem se entrega ao ocultismo ou quem sofre por envolvi­mentos de seus antepassados, está francamente sujeito ao fanatismo. No exemplo n.° 56 perguntei pela benzedura porque desejei saber se o pastor teria inclinação mediú­nica. Minha suspeita se confirmara. Por causa .desta propensão. mediúnica o pastor sentiu a sensação de formigamento e o desaparecimento da enfermidade através do braço e das pontas dos dedos. Esta é uma característica típica das curas por meio da terapia de fundo mágico. A opinião de que movimentos religiosos fanáticos represen­tam, muitas vêzes, correntes ocultistas, não é minha ape­nas. João Seitz, de Teichwolframsdorf, a quem Deus dotou com diversos dons espirituais, chamou de elite do inferno aos movimentos pentecostais extremistas surgidos logo nos albores do século XX. Alguns obreiros do Reino de Deus, nos Estados Unidos, designaram a Branham de mé­dium. De quando em quando alguém opina que Branham era batista e não pentecostal. Formalmente isto é certo, mas os pentecostais extremistas, antes de tudo, é que lhe dão maior apoio. Além disso, êle não é reconhecido pelos batistas alemães.

Já que uma vez ou outra vimos empregando a pala­vra “pentecostal”, devemos deixar claro o seguinte: Nem todos os pentecostais são extremistas) Homens sóbrios e crentes também os há no seio das comunidades pentecostais. Pessoalmente, conheço diversos crentes pentecostais admiráveis na Nova Zelândia e nos Estados Unidos. Al­guns pastôres me referiram que principalmente as comu­nidades pentecostais de Muehlheim seriam sóbrias e de orientação bíblica. Quanto ao movimento de Branham, é honroso para alguns conhecidos líderes pentecostais suí­ços, como Hollenweger em Zurique, Schneider em Winter­thur, Steiner em Basiléia, Weiss em St. Gallen, que, de­pois de reconhecerem o mau espírito do movimento de Branham, dêle se tenham afastado. Ora, se os irmãos das comunidades pentecostais acharam demasiadamente exa­geradas as atividades e maquinações de Branham, não haveria argumento de maior importância que justificasse a atitude de tais líderes.

Sob ressalva explícita de que há irmãos pentecostais sóbrios, dou a seguir uma série de exemplos provenientes de minha prática de conselheiro espiritual, acêrca dos mo­vimentos extremistas e fanáticos.

57. Uma mulher, atormentada por dores atrozes, foi a uma conferência dirigida por Hicks. Depois da conferencia ainda ficou para a reunião de curas. Hicks ordenou aos enfermos que formassem uma corrente com as mãos dadas. Minha confidente seguiu as instruções. Além dis­so um cooperador de Hicks impôs as mãos sôbre eia. Ato contínuo desmaiou e durante três semanas ficou acamada. Desde então essa mulher sofre de depressões e de estra­nha inquietação. Aquela convicção religiosa que antes pos­suía desapareceu por completo.

58. Uma diaconisa da Casa Materna Betlehem teve oportunidade de verificar as supostas curas de Tommy Hicks. A irmã declarou que era uma verdadeira catástrofe o que aconteceu por intermédio dêsse homem.

59. O operador de milagres Hicks impôs as mãos sôbre uma criança vesga. Depois do tratamento, os pais da criança vieram em busca de auxílio pastoral e decla­raram que seu filho não mais tinha podido dormir desde que Hicks lhe impôs as mãos; passava a noite inteira de olhos abertos em seu bercinho. Os pais acham que exis­te relação entre o tratamento feito por Hicks e êsse sin­toma singular.

60. Um pastor suíço foi a uma reunião de curas mi­lagrosas de Hicks. Este disse aos que buscavam cura: “Se credes que Cristo vos pode tocar agora, ponde vossa mão sôbre o lugar que desejais seja curado.. Uma corrente de cura fluirá através de vós.” O pastor cumpriu essa ordem. Três semanas depois êle veio ter comigo em bus­ca de conselho. Confessou que durante semanas sofrera graves tentações e, por algumas vêzes, parecia ter perdido a certeza de sua fé. Reconheceu que o tratamento a que se submetera não era realmente bíblico. As conseqüências que êle próprio sofreu fizeram-no desconfiar dessas curio­sas fôrças terapêuticas.

61. Em Zurique, uma mulher estêve numa das reu­niões de curas milagrosas dirigidas por Branham. Este lhe afirmou: “Vejo uma luz sôbre a senhora. Um anjo vem a seu encontro. A senhora recuperará a saúde.” A mulher orou durante o tratamento feito por Branham. Não melho­rou.; ao contrário, piorou. Semanas seguidas sofreu ten­tações acompanhadas de dúvidas. Finalmente um sério desespêro levou-a à minha clínica pastoral.

62. Quando Branham falou aos enfermos em Zuri­que, estêve entre os ouvintes um homem semi-aleijado em conseqüência de paralisia infantil. No decorrer da confe­rência notou que o intérprete de Branham o fixava insis­tentemente. No mesmo instante êle sentiu que diminuía a inflexibilidade da perna. Após a reunião podia levantar o pé cêrca de 15 centímetros mais alto do que antes. Re­lacionou, então, êsse acontecimento com a sugestão pro­vocada durante a conferência. Contudo, dentro de três se­manas êsse restabelecimento parcial desaparecera. Numa conversa de orientação espiritual, êsse doente confessou que teria realizado a auto-sugestão segundo o método de Coué. Para êle, essa conferência lhe dera um impulso su­gestivo, cujos efeitos cessariam, como no caso dêle, após três semanas.

63. Numa reunião de cura milagrosa, Branham dis­se ă congregação: “Se crerdes que sou profeta de Deus, dizei sim!” Junto com outros ouvintes um pastor disse sim. Mais tarde, ao dirigir-se para casa, teve um desmaio. Foi acometido de vômitos e de hemorragia. Os médicos não conseguiram descobrir a causa dêsses sintomas tão estra­nhos. Então o pastor começou a sentir depressões e pop algumas semanas se encontrou em situação desesperado­ra. As perturbações e as dúvidas em tôrno de sua fé per­duraram alguns meses.

64. Um pastor relatou-me o seguinte fato a respeito de um membro de sua congregação. Uma mulher que ha­via sido membro de sua igreja por muitos anos permitiu que um pastor pentecostal extremista impusesse as mãos sôbre ela. Desde então ela passou a ter visões. Numa des­sas crises chegou a declarar que dentro em pouco ascen­deria ao céu. Quando chegou o dia, reuniu os’ familiares e se preparou para o acontecimento. Tomou banho, vestiu uma longa camisola de dormir, deitou-se na cama, com uma expressão radiante de alegria. Seu marido pediu a presença do pastor da igreja a que pertencia para que aca­basse com êsses abusos. A mulher declarou em presença do pastor: “Hoje, à meia-noite, o Senhor Jesus vem me buscar!” A hora esperada aproximava-se. Todos os paren­tes estavam nervosamente atentos para o que iria aconte­cer. O pregador ordenou que parassem todos os relógios que soavam as horas e pediu aos familiares que não orien­tassem a mãe a respeito das horas. Por volta de 30 minu­tos após a meia-noite a mulher disse: “Já deve ser meia­-noite!” O pastor respondeu-lhe: “Logo será 1/2 hora.” Esta resposta prostrou-a inteiramente. Ela estava muitís­simo decepcionada por não haver subido ao céu. O pastor falou com o dirigente pentecostal acêrca do caso. Este declarou: “Quando sob imposição de mãos houver batismo com o Espírito Santo, é fácil que espíritos estranhos consigam entrar.” A mulher tinha, de fato, experimentado isto no seu “batismo do Espírito” e mais tarde fôra sedu­zida pelos falsos espíritos que entraram sorrateiramente em sua vida.

65. Uma mulher fôra convidada a Participar de uma reunião numa igreja pentecostal. Lá ouviu falar em uma lingua estranha, de sonoridade agradável. Por ínterêsse anotou, segundo a fonética, algumas frases. Alguns meses depois ela falou com um missionário sôbre o assunto. O missionário contou-lhe que trabalhava em uma região onde se fala essa língua e lhe traduziu as frases. A mulher ficou surpresa ao descobrir que se tratava de blasfêmias contra a Santíssima Trindade e de expressões imorais.

66. Uma mocinha converteu-se a Cristo. Como re­cém-convertida, pouco sabia sôbre qual a igreja a que fi­liar-se, e se envolveu com uma igreja pentecostal extre­mista. Após a imposição das mãos pelos dois dirigentes dessa igreja pentecostal, a môça sentiu-se dotada de dons mediúnicos. Era capaz de entrar em transe e dêsse modo tornar-se mediadora entre o mundo dos mortos. Visto como orava muito quando em estado normal, originou-se uma terrível divergência entre o seu Prazer pelas orações e a sua faculdade mediúnica. Começou a ser atormentada por depressões e tentações de suicídio. A noite vivia aterrori­zada por fantasmas. Os outros membros dessa igreja pentecostal passaram por casos semelhantes. Finalmente essa môça entrou em contacto com cristãos sóbrios e de posi­ção definida. Imediatamente reconheceu a diferença entre êsses cristãos e as maquinações fanáticas e espiritistas de sua comunidade pentecostal. Libertou-se, então, dessa sei­ta tão extremista e depois de duras lutas ficou completa­mente livre.

67. Um homem que havia muitos anos sofria de en­xaqueca, permitiu que um membro da igreja pentecostal impusesse as mãos sôbre êle. Desde então a enxaqueca desapareceu, mas depois ficou sensível à lua e a certos ventos. Não mais se sentia capaz de orar, sofria depres­sões e se deu ao vício da embriaguez. Ao ouvir a palavra de Deus, sentia um verdadeiro esvaziamento interior. Nada mais o fazia reagir.

68. Um evangelista de uma igreja pentecostal ex­tremista dirigia um trabalho de evangelização. No fim da conferencia avisou: “Se alguém deseja receber o batismo do Espírito Santo hoje à noite, queira permanecer para uma breve reunião complementar.” Diversas mulheres e môças ficaram. O evangelista disse a elas: “Cincoenta anjos estão aqui neste momento para testemunhar o batismo pelo Espírito!”. A seguir impôs as mãos sôbre mu­lheres e môças e orou com elas. A senhora que me rela­tou o fato, e que participou dêsse batismo pelo Espírito, disse que perdera os sentidos quando da imposição das mãos. Ao voltar a si, encontrava-se em um quarto de ja­nelas com grades. Uma enfermeira informou-a de que fôra internada, três dias antes, naquele hospital especializado em doenças nervosas. Depois de examinada quanto às suas faculdades mentais, recebeu alta. A relatora informou-me que desde aquêle tempo está como que possessa. A noite vê e ouve espíritos e vultos negros. Também os vizinhos dessa casa e outros moradores ouvem vozes mas­culinas. A mulher afirmou que quase não pode mais orar e que gritos de animais e vozes masculinas provinham dela. Declarou-se possessa e como conhece a Biblia há mais de 20 anos, está convicta de que êsse evangelista não é ser­vo de Deus, mas do demônio. Uma segunda confissão da mulher confirmou o relato. Esse evangelista apoderou-se de 5.000 francos de uma vítima que êle hipnotizou. Além disso, colocava as mãos sôbre os seios das mulheres e mô­ças, bem como sôbre as partes inferiores de seus cor­pos desnudos. Dizia que todo o corpo deveria transbordar com o Espírito de Deus.

69. Certa pregadora de uma igreja pentecostal ex­tremista declarou às suas seguidoras que a vinda de Cris­to estaria próxima. Nas reuniões, mulheres e môças se despiam e, completamente nuas, aguardavam o arrebata­mento. A vinda de Cristo, contudo, não se deu, mas em compensação apareceu a polícia e prendeu a pregadora. Foi enviada para a prisão por causa de seus desvarios.

70. Um jovem acometido de câncer da bexiga ouviu falar de um evangelista pentecostal extremista que teria o dom de curar. O jovem, que tinha poucas esperanças, pro­curou tal evangelista. Este orou com o enfêrmo, impon­do-lhe as mãos e declarou que a partir daquela hora es­taria curado. Disse-lhe que deveria permanecer confiante, quaisquer que fôssem as circunstâncias. O môço deveria ter na conta de servo do diabo todo aquêle que lhe viesse falar outra cousa. Depois que o evangelista deixou o doen­te, êste declarou a todos os visitantes que fôra curado pela imposição das mãos. Foi visitado por um pastor local que desejava prestar-lhe assistência espiritual. O jovem, po­rém, mostrava-se insensível a todo conselho fundado biblicamente. Dez vêzes o pastor repetiu as visitas, pois o homem, a despeito de sua cura, vivia acamado e não se levantava. Por ocasião da décima visita, o pastor entrou eněrgicamente no assunto e assim interpelou o paciente: “Ou estás realmente curado e então te levantas, ou admi­tirás que não fôste sarado.” Depois dêsse tratamento enér­gico, o canceroso declarou que sentia dores atrozes e que não podia mexer-se. Por fim se mostrou disposto a uma conversa de orientação espiritual que evidenciou ter o can­ceroso vivido em horrendo retraimento interior. No dia seguinte faleceu.

71. Uma senhora cristã tornou-se membro de uma igreja pentecostal extremista. Deixaram-lhe claro que con­versão e nôvo nascimento não seriam suficientes. Ela ainda deveria ser batizada peto Espirito Santo peta imposição de mãos. Depois de alguma hesitação, consentiu em tal cerimônia. Com o “batismo do Espírito” ela foi submetida à orientação especial de alguns espíritos. Nas conversa­ções quotidianas, sempre recebia dêsses espíritos novas incumbências. Diziam-lhe, por exemplo, que não deveria mais comer carne de porco, que na vida matrimonial de­veria viver castamente, e outras coisas mais. A mulher, atormentada assim por tais espíritos, terminou em verda­deira opressão e constrangimento. Resolveu, por isso, des­ligar-se dessa igreja pentecostal extremista. Mas isto era mais fácil de dizer do que fazer. Os espíritos agora desen­volveram gigantesca atividade. Dia e noite não a deixa­vam em paz e conjuraram céu e inferno para que não dei­xasse o ambiente pentecostal. Aparições de mortos tam­bém começaram a embaraçar-lhe o caminho. Após dura refrega viu-se, finalmente, livre. Aquela opressão, aquelas aparições de espíritos chegaram, então, a seu têrmo.

72. Um professor ingressou com sua espôsa numa igreja pentecostal muito extremista. A reunião de oração dessa igreja era de tal sorte turbulenta que seus membros se elevavam gradativamente em êxtase, gritavam, delira­vam e rolavam no chão. A espôsa do professor estava grá­vida na ocasião em que frequentavam a igreja. Durante a própria reunião, enquanto os membros da igreja estavam neste estado de êxtase, a mulher grávida caiu ao chão com­pletamente rígida. Quando a criança nasceu, verificou-se que era anormal. Os outros cinco filhos eram completa­mente normais. E que a mulher somente passou a ser membro dessa seita extremista após o nascimento de seu quinto filho.

Não nos levem a mal os leitores se repetidas vêzes nos referimos ao fanatismo religioso dos pentecostais. Quere­mos deixar claro que não vai nisso ódio ou animosidade de espécie alguma. Só nos move a palavra da Escritura que ordena: “Provai os espíritos se procedem de Deus” (1 Jo. 4.1). Vivemos numa época em que lôbos ferozes, disfarçados sob o manto de profunda religiosidade, inves­tem contra a Igreja de Cristo, desviando os incautos para caminhos errados. Tão nefasto apostolado êtes o exercem através da palavra e dos escritos. Esses movimentos pu­blicam e difundem uma série de publicações.

Para não faltarmos ao propósito de objectividade e de verdade que informam estas páginas, devemos reconhecer que nem tudo, no movimento liderado por Zaiss, é impos­tura. Eis alguns fatos que confirmam o exposto. Um mé­dico me disse: “Por intermédio do irmão Zaiss recebi o impulso para seguir a Cristo.” Um professor comunicou ao pastor Kemner que foi impelido à conversão numa reunião da igreja dirigida por Zaiss. Estes testemunhos devem ser tomados a sério. Além disso são prova de que Deus pode salvar os homens por via de movimentos errôneos. A gra­ça salvadora de Deus alcança até as profundezas do in­ferno. Pode, portanto, ser um sinal da grandeza imensu­rável e o poder da graça divina. Lamentàvelmente observei, na clinica espiritual, que os que receberam um impulso verdadeiro no movimento de Zaiss estão por demais liga­dos a êsse homem. Quase não são capazes de ouvir as pregações de outros obreiros do Reino de Deus; tampouco suportam a mínima crítica sequer. Em seu cristianismo há um quê de fanatismo. O professor, do qual falei acima, pôde reconhecer estas cousas por meio da graça divina. Para libertar-se do círculo fanático e encontrar a ampli­tude biblica, abandonou o movimento de Zaiss. Ficou pro­vado, porém, que êle recebeu de Zaiss o impulso para Cristo.

O capítulo sôbre fanatismo espiritual não deve encer­rar-se sem que batamos no próprio peito e nos arrepen­damos. A moleza em nossas fileiras é muito grande, por tantas vêzes haver tão pouco do poder de Deus e dos dons do Espírito. Muitos dos movimentos extremistas são, amiú­de, provocados pela inoperância da igreja cristã. A defesa mais eficaz contra êsses movimentos seria um movimento de contrição e de arrependimento em nossos meios e a súplica unânime para que o Senhor nos conceda um ver­dadeiro despertamento espiritual. Além disso, a igreja de Cristo deve manter-se agora em maior expectativa ante a vinda do Senhor que, de uma vez por tôdas, porá fim a êsse terrível retalhamento e confusão de sua igreja.

Fantasmas. Motivo para discórdia e desavença é o dos fantasmas ou assombração, tal como se dá com os demais fenômenos mediúnicos. Distinguimos, aqui, a assombração ligada intimamente a determinada pessoa, que é a expres­são de uma doença ou de defeito qualquer, da assombração ligada apenas a um local em que o fenômeno ocorre durante decênios e até durante séculos. Também neste campo há racionalistas incorrigíveis, que consideram to­dos êsses fenômenos como naturais ou pura tolice. Do mesmo modo há, também, “crentes” ocultistas que tomam, sem reservas, as cousas mais absurdas e confusas por ver­dadeiras. As duas correntes devem ser chamadas a um julgamento justo. A clínica espiritual me demonstrou que êste mundo enigmático dos fantasmas está sempre relacionado a experiências ocultistas de antigos ou atuais moradores da casa mal-assombrada. Independentemente da clínica espiritual, tive oportunidade de investigar pessoalmente casas mal-assombradas. A seguir dou alguns exemplos.

73. Uma diaconisa via, durante noites seguidas, em seu quarto, um vulto horripilante. Uma noite este passou a molestá-la. A irmã se enfureceu, pegou o chinelo e atirou contra o vulto. No mesmo instante apareceu junto à cabeceira da cama um anjo de expressão mal-encarada. A irmã teve um medo terrível desse anjo. Diante da multiplicidade de fatos semelhantes, averiguados em meu trabalho de orientação espiritual, deveríamos investigar, de início, se o medo angustiante ou a alegria seriam motivados pela visão de um anjo da luz ou das trevas. Mas não se pode atribuir à maior parte dessas visões significação real e objetiva. Neste setor há mais alucinações doentias ou visões de rememoração do que fenómenos verdadeiros.

74. Uma senhora idosa veio em busca de orientação espiritual. Falou que fenómenos estranhos de assombração estariam ocorrendo em sua casa. A noite apareciam cães em seu dormitório e tentavam lambê-la; a cama é levantada por mãos invisíveis, e, de quando em quando, nota vultos no quarto. Quando ora, as aparições desaparecem prontamente. Tal assombração já dura por muitos anos. Essa senhora goza de completa sanidade mental e não sofre depressões nervosas. Indagada se alguma vez já tivera contacto com o ocultismo, respondeu que, quando criança, fora curada de difteria e de mais outra doença com auxílio da magia negra.

75. Uma mulher de Toggenburgo, Suíça, insistiu junto a Uli Ruppeiner, de Herisau, para que lhe fizesse uma visita. Êle foi e ouviu da mulher o seguinte: Seu esposo se
enforcara em um quarto. Desde o dia do sepultamento se
ouviam no quarto barulhos, assobios, arranhões e rangidos. O pastor local fora o primeiro a quem ela expusera que estava acontecendo. Êle achava, entretanto, que êsses fenómenos de assombração não seriam objetivos.
Seriam consequências de seus nervos irritados em excesso. Uli ouviu tudo atentamente. A seguir entrou no quarto o homem se enforcara e intercedeu junto a Cristo
para que libertasse aquele recinto. Desde então não mais
apareceram os fenómenos de assombração. Seja como
fôr, fossem tais assombrações reais ou fruto apenas do
estado doentio da mulher, em ambos os casos se patenteou a vitória de Jesus Cristo.

76. Em uma casa pastoral, durante gerações seguidas era visto, durante a noite, um vulto branco, cujo aparecimento sempre se fazia acompanhar de muito barulho. Fortes machadadas soavam na porta. Não havia um ministro cuja família permanecesse na casa por muito tempo. Contudo, um dos pastores teve a coragem de enfrentar essa assombração. Sempre que êle invocava o nome de Jesus, o vulto e o barulho desapareciam imediatamente.

77. Numa reunião de pastores um deles relatou que em duas casas de sua paróquia voaram pedras durante três dias, de maneira inexplicável. As pedras eram lançadas de fora para o interior das casas. As janelas não se quebravam, mas apenas apresentavam furos redondos à semelhança de tiros de projéteis. As pedras eram quentes. No terceiro dia provocaram um incêndio. Os moradores comunicaram o acontecimento à polícia, cujas investigações não chegaram a resultado algum. Ninguém conseguiu descobrir os apedrejadores invisíveis.

78. Em uma casa, à noite, ouviam-se fortes pancadas. Após demoradas e infrutíferas investigações, a família comunicou o fato à polícia. A polícia montou guarda ao redor da casa e comprovou a veracidade da afirmação. Para meu conhecimento pessoal foi-me apresentado o relatório policial. Todavia, nem os moradores nem a polícia suspeitavam de que tais pancadas misteriosas podiam relacionar-se com ocultismo. De fato, nessa casa morava um homem que fora benzido magicamente.

79. Dois inquilinos de uma casa de apartamentos apresentaram queixas recíprocas à polícia. A noite se ouviam fortes pancadas no prédio. Os inquilinos de cima culpavam os de baixo, e vice-versa. A família do apartamento inferior pediu a uma mulher crente que dormisse na residência. Sempre que essa mulher dormia na casa mal-assombrada, recomendavam-se à guarda de Deus. E eis que nessas noites não se ouviam tais batidas. Um caso quase igual registrei na Suíça. Também aqui ambas as famílias apresentaram queixa recíproca à polícia. Dois policiais montaram guarda no apartamento inferior e dois no superior. Os policiais também ouviram as pancadas. O caso não pôde ser esclarecido.

80. Uma casa apresentara fenómenos de assombração por diversos anos. Amigos crentes da família aconselharam-na a revistar a casa e ver se descobriam literatura ocultista. As investigações tiveram êxito. Uma velha empregada da família possuía o 6.° e 7.° Livros de Moisés (“Clavícula de Salomão”) e o lia assiduamente. Queimaram o livro imediatamente. Desde então cessaram as assombrações.

81. Um obreiro do Reino de Deus, meu amigo pessoal, relatou-me um caso que se passara em sua casa paterna, quando êle ainda era jovem.  Inexplicavelmente surgiram, certo dia, fenómenos de assombração. Ouviam-se pancadas nas paredes. A noite todos os moradores da casa percebiam pesados passos de homem, e muitas outras coisas mais. Como esses espíritos barulhentos persistissem com suas maldades, o pai do meu amigo chamou um homem crente, que orou em todas as salas e em todos os quartos da casa e ordenou aos espíritos que abandonassem essa residência. Desde aquele dia terminaram os fenómenos de assombração. Contudo, apareceram interessantes manifestações paralelas. Imediatamente após o exorcismo, dois porcos pertencentes aos moradores da casa mal-assombrada foram acometidos por uma espécie de hidrofobia. Corriam em círculo pelo chiqueiro e gritavam terrivelmente. Depois que o dono da casa observou durante algum tempo o estado de loucura dos animais e nada pôde fazer por eles, matou-os.

Para quem deseje avaliar esses casos de um ponto de vista psiquiátrico, devemos deixar bem claro que essas experiências não são as de esquizofrênicos ou de pessoas mentalmente enfermas. Em alguns dos casos até a polícia pôde verificar que o fenómeno era genuíno. Em Kiel, na Alemanha, por exemplo, uma casa foi investigada simultaneamente por oito policiais e dois pastores. Cada um dos dez observou fenómenos de assombração. Além disso, é muito importante notar que essas assombrações, quando intimadas em nome de Jesus, desaparecem imediatamente. As vozes e pancadas ouvidas por esquizofrênicos não cessam à invocação do nome de Jesus.

O arremate dessas histórias de fantasmas será feito corri o relato de uma libertação maravilhosa.

82. Dois homens, pai e filho, vieram ter comigo e me narraram o mistério que lhes envolvia a casa: Todas as noites, entre 23 e 24 horas, toda a família era perturbada por fenómenos de fantasmas. Todos são despertados por barulho ou passos. A mãe e a filha sentiam como se estivessem sendo estranguladas. As vezes outros membros da família são acariciados no rosto, e ficam todos paralisados de medo. A família atribulada fêz tudo o que pôde para livrar-se dessas aparições. Saíram em busca de auxílio junto ao sacerdote católico que lhes aconselhou aspergir a casa com água benta e utilizar três cruzes e três velas sob invocação dos nomes da Santíssima Trindade. O conselho foi seguido, mas em vão. A seguir buscaram auxílio junto a diversos mágicos. Foram aconselhados a estender um pano preto sobre três velas e depois queimar esse pano sob invocação dos nomes da Santíssima Trindade. Além do mais deveriam, sempre em nome da Trindade, colocar três fósforos debaixo do travesseiro. A seguir deveriam segurar as soleiras das portas e das janelas com duas facas em cada peça, colocadas em forma de cruz. Também essas práticas mágicas não deram resultado. Outro mágico os aconselhou a enfiar dois pregos enferrujados numa cebola e colocá-los debaixo da cama, à noite. A família continuou a ser atormentada. Como os dois homens me deram a impressão de ser completamente normais e sãos, não fiz qualquer pergunta sob o ponto de vista psiquiátrico. Orientei-me unicamente segundo correlações ocultistas. Nisto surgiu o seguinte: Essa família manteve, durante longos anos, 15 livros de feitiçaria em sua casa. Ademais, faziam uso do auxilio de dois mágicos perigosos. Além disso buscavam o conselho de muitos cartomantes e benzedores mágicos, e tinham uma vizinha que praticava a magia negra, usando o que se chama “o Escudo Espiritual”. Por isso a sessão de aconselhamento revelou que se tratava de um caso de envolvimento em ocultismo. Esclareci aos dois homens que seu procedimento não era correto quando buscavam junto a ocultistas da magia branca a solução de seus problemas. Depois disto indiquei-lhes o caminho da libertação por meio de Cristo. Como precisasse deixar a localidade, entreguei essa família aos cuidados de um pastor local, depois de prestar-lhes alguns esclarecimentos adequados. Não faz muito tempo, recebi comunicação de que toda a família entregava, sua vida a Cristo e que com isso haviam cessado imediatamente as assombrações.

Fetichismo. O uso de fetiches, como outros costumes ocultistas, teve origem no paganismo. A palavra latina facticius significa mágico, eficaz. Pode-se descrever o fetiche como um objeto carregado de poderes mágicos, levado como meio de proteção. Amuletos, talismãs e fetiches estão no mesmo plano.

O culto de relíquias na Igreja Católica Romana muitas vezes cai no mesmo nível. Um exemplo recente.

83. Numa preleção em Munique um químico pesquisador me deu num envelope uma relíquia constituída de um pequeno pedaço de tecido tirado de uma camisa. Na frente do envelope estavam escritas as palavras: “Ex veste P. R. Mayer S. J.”, e no verso, “St. Michael JHS München (Munique)”. Que significava isso? Em 1945 morreu em Munique o sacerdote jesuíta R. Mayer após servir à sua igreja a vida toda. O Vaticano já havia recebido solicitação para fazê-lo santo. Nosso desejo não é diminuir as realizações desse homem. Contudo, achamos difícil entender a Igreja Católica quando ela publica um documento dando uma lista de orações ao Padre Mayer que, alega ela, foram respondidas. A quem, pois, a Igreja Católica manda orar — a Cristo ou ao Padre Mayer? Estamos exagerando? O documento a que acabamos de referir-nos traz o imprimatur da Igreja, e contém as palavras: “O Padre M. é o santo patrono de minha vida”, “Tenho orado fielmente ao P. M.”, “Após uma oração urgente ao P.M. foi devolvida uma maleta contendo dinheiro para uma viagem”, e assim por diante. Isto se acha até mais claramente ilustrado no documento intitulado “Es wird nicht still um diesen Toten” (Embora êle esteja morto nem tudo está calmo). Na página 13 lemos: “Já foram distribuídas 600.000 fotografias, 40.000 biografias completas, 200.000 biografias abreviadas, 500.000 livretes arrolando respostas e orações e foram solicitadas mais de 200.000 relíquias.” 200.000 relíquias! E agora tenho uma delas: um pedaço de camisa. O químico que me deu essa relíquia disse que o material ainda continha goma. Que tem de bom esta relíquia? Admitindo que a Igreja Católica tivesse a melhor das intenções, e que as relíquias fossem apenas objeto de lembrança, as pessoas comuns o entenderiam deste modo? Há provas de que não. Em Munique uma senhora católica deu uma dessas relíquias a uma senhora evangélica, aconselhando-a a colocá-la sobre quaisquer feridas ou partes enfermas do corpo. Disse que imediatamente começariam a ser curadas. Temos aqui um caso de fetichismo religiosamente disfarçado. Isto aconteceu em pleno século XX e ninguém, no campo protestante, se aventura a dizer uma palavra em contrário por temer as consequências. Não se pode deteriorar a relação com a grande Igreja irmã!

Hipnotismo e Sugestão. O hipnotismo e a sugestão constituem domínios onde se movimentam tanto médicos e psicólogos, como leigos e charlatães. Na classe médica a hipnose é utilizada para diagnósticos, mas também para a terapêutica. O Dr. Lechler, psiquiatra cristão e de renome dos círculos cristãos do continente, é de opinião que somente se justifica o emprego da hipnose quando se destina ao diagnóstico, isto é, no determinar a enfermidade do paciente.   Outros especialistas, entretanto, utilizam-no para o tratamento. O Dr. Paul Tournier, famoso médico de Genebra, vai mais além e declara que toda forma de hipnose é uma invasão na personalidade do indivíduo. Mas como dissemos, outros especialistas usam a hipnose no curso de seu tratamento e terapêutica. Todavia, nossa preocupação no momento não é com o uso profissional da hipnose. Nosso principal objetivo é mostrar, por meio de uns poucos exemplos, os perigos envolvidos quando os encantadores e os curandeiros fazem uso da sugestão e da hipnose.

84. O pastor H. de D. me contou que fôra chamado para atender a um membro de sua igreja que se achava enfermo. O doente, uma mulher, disse-lhe que deveria morrer dentro de alguns dias. Uma cartomante lhe havia profetizado a morte. O pastor tentou persuadi-la de que era pura impressão. Prometeu permanecer ao lado dela durante todo aquele dia se assim o desejasse. O médico não comprovou nenhuma doença orgânica. O pastor visitou-a algumas vezes esforçando-se por encorajá-la. O dia passou e a morte não aconteceu.

85. Certa mãe, sempre que tinha pessoas doentes na família, consultava uma benzedeira. Esta fazia três vezes o sinal da cruz sobre o enfermo e três passes por cima do local afetado. O doente sempre sarava. De uma feita, essa mesma mãe foi ter com um mágico de Appenzell, Suíça, que lhe declarou: “Sou capaz de sugestioná-la de tal modo que não mais achará o caminho de volta para casa.” Realmente, a mulher perambulou pela região durante horas e não encontrou mais o caminho de casa. A noite acordava, às vezes, agarrada por mão gélida. Espavorida, via diante de si um homem de baixa estatura e de olhar penetrante. Pois bem, essa mulher, tantas vezes benzida magicamente, teve morte horrível. Seus filhos são anormais. O filho é irascível, sexualmente anormal, perverso, e finalmente foi internado numa clínica de moléstias nervosas por causa de sua esquizofrenia. A filha tem as mesmas tendências do irmão. Quanto à influência sugestiva do cinema e às vezes de aulas, vejam-se estes dois exemplos:

86. Fui procurado por uma mulher que me relatou,
em lágrimas, que seu filho fora ver um filme de “far-west”,
e depois em casa experimentou os métodos de tortura que
vira no filme, e assim perdera a vida.

87. A mãe de um rapaz de 14 anos relatou-me na
clínica espiritual o que o filho ouvira na escola acerca do tempo da revolução alemã: A explicação minuciosa de como se processavam os diversos métodos de enforcamento. Em casa o rapaz quis experimentá-los e acabou morrendo.

As vezes a aplicação do hipnotismo pode causar transferência e assim tornar-se perigoso. O exemplo a seguir o demonstrará.

88. Uma senhora crente narrou-me o que se passara
com a própria mãe. Tinha cálculos biliares e sofria de cólicas agudas. Numa dessas crises de cólicas chamaram o
médico. Este, mesmo sem aplicar injeção alguma para aliviar os sofrimentos da paciente, removeu-lhe as dores em de minutos por meio de hipnose. Depois do tratamento hipnótico a mulher estava completamente transformada. Era acometida de ataques de raiva que chegavam
às bordas da loucura. Em sua ira às vezes atirava pratos
contra a parede. Num momento de raiva arrancou a instalação elétrica da parede. Os filhos adultos dessa mulher,
a partir daí, assumiram atitude de repulsa em relação ao
hipnotismo.

Este não é apenas um caso isolado. Transferências desta natureza muitas vezes me foram confessadas no curso de meu trabalho de orientação.

Ioga. Basicamente, ioga é um sistema de filosofia e psicologia do Extremo Oriente, sobretudo hindu. Ao escrever esta seção tive a meu dispor a ampla obra de Mishra sobre ioga de Pantajali, The Textbook of Yoga Psychology (Julian Press, Nova Iorque). Outras informações me vieram através de um professor indiano, Professor de Roy. O mais precioso do material, entretanto, provém de minhas viagens à índia, Tailândia e outras regiões da Ásia Oriental. Por fim, mas não de menor importância, houve diversas ocasiões em que tive de aconselhar pessoas prejudicadas em sua vida cristã pela prática do ioga.

Por falta de espaço não me é possível fazer aqui uma explanação mais ampla. Em uma obra futura o ioga será analisado pormenorizadamente.
De início vamos dar alguns esclarecimentos a respeito da obra de Mishra. A palavra ioga tem um significado correspondente ao unio mystica do misticismo alemão, isto é, a união mística com a alma do universo. A diferença entre a mística e o ioga consiste no fato de o ioga ser de natureza ateísta ao passo que os místicos buscam a Deus. A semelhança reside no fato de que partilham a ideia de auto-realização. Pela prática de muitos exercícios purificadores o homem deve encontrar seu EU superior. Este EU superior, ou EU verdadeiro, é uma parte do EU supremo ou cósmico. O ioga denomina a esse processo, como já dissemos, de auto-realização. Já estamos vendo nestas poucas observações, que o ioga jamais pode harmonizar-se com o Cristianismo.

Para termos um quadro mais claro vamos arrolar alguns enunciados sobre o ioga, extraídos da obra de Mishra:

“Todo órgão do corpo está relacionado com a alma.

Todo homem tem uma natureza física e uma natureza espiritual e ambas lutam por predominância. Harmonia e união das duas naturezas se alcançam por meio de exercícios psicológicos.

O Eu eterno ou superior do homem é onipotente, onipresente e onisciente.
O Eu superior do homem é transcendente e imanente, não tem começo nem fim, não nasce nem morre.

Todo ser material se constitui de átomos; mas a inteligência, o espírito e o Eu contêm substâncias edificadoras superiores aos átomos.

O ioga inclui todos os ramos da física e da metafísica.
Ioga significa a síntese do universo físico e metafísico.
Céu e inferno são apenas produtos do espírito humano.

A sistemática do ioga também está presente no íntimo da magia, do misticismo e do ocultismo.”

Essas poucas afirmativas, que poderiam multiplicar-se centenas de vezes, demonstram que o ioga7 está em oposição total ao ensino da Bíblia. Portanto é perigoso que os cristãos se tornem susceptíveis ao ioga como a uma epidemia de modas.

Uma visão geral dos diferentes sistemas de ioga, facilmente compreensível, podemos obtê-la através das exposições do Professor de Roy, as quais foram confirmadas pelas minhas próprias observações.

A maior parte dos sistemas de ioga podem dividir-se em quatro estágios convenientes, pelo menos para a mente ocidental. O primeiro estágio abrange: ginástica terapêutica, exercícios de respiração, exercícios de relaxamento, contemplação e meditação. Também aqui se incluiria o que às vezes se denomina treinamento autógeno. Costumase dizer que os cristãos podem participar deste primeiro estágio sem receio e sem escrúpulos de consciência. Há médicos, até, que os recomendam e os exercitam em seus pacientes.

O segundo estágio abrange o controle do inconsciente. Por exemplo, os que dominam este estágio podem controlar e governar seus sistemas nervosos viscerais. Encontrei mestres do segundo estágio de ioga que evidenciavam admiráveis sucessos. Por meio de simples concentração eram capazes de acelerar ou retardar a circulação do sangue. Assim, podem tornar vermelho um dos lóbulos da orelha, e pálido o outro. Um desses indivíduos podia fazer aparecer estigmas da crucifixão nas palmas das mãos. Essa imitação dos estigmas de Jesus não constitui, portanto, milagre religioso. Observei um ioga que transpassava faces e braços com uma faca, sem que as feridas sangrassem. Depois de retirada a faca, as feridas se fechavam rapidamente e saravam dentro de umas poucas horas.

O terceiro estágio do ioga consiste no domínio das forças da natureza. Ouvi falar, por exemplo, de iogas tibetanos que, por meio de simples concentração de pensamento eram capazes de liberar calor e derreter gelo. Outros iogas faziam surgir labaredas de fogo sem fonte de ignição e material combustível. Trata-se, aqui, do fenómeno do diabo do fogo. Tive, realmente, fatos dessa natureza confessados em minha assistência espiritual. Um tal “mestre do fogo”, de Porto Elisabeth, na África do Sul, foi ter comigo em busca de auxílio. Queria libertar-se, mas não o podia com suas próprias forças.

O quarto estágio do ioga relaciona-se com o domínio das forças mágicas e cósmicas. Envolve a prática de todos os fenómenos espiritistas e mágicos, e é neste estágio, mais do que em qualquer outro, que pude reunir a maior parte do material. Uma pessoa que realmente me abriu os olhos sobre este assunto foi um homem que tinha sido treinado no Tibete, durante 10 anos, por um mestre de magia. Quando eu me encontrava na Austrália, esse homem me procurou para assistência espiritual. Disse abertamente que nesse quarto estágio se trataria Cinicamente de cousas demoníacas, das quais queria libertar-se. Os mestres, que alcançaram esse mais alto degrau do ioga, dominam o transe, a materialização, a transmigração da alma, a telecinesia, a levitação e muitas outras artes espíritas.

Do ponto de vista cristão, que diríamos do ioga? Antes de tudo devemos reconhecer, lamentavelmente, que há no seio da cristandade a tendência de se tirar proveito dos ensinos e da filosofia do ioga. Como já dissemos antes, muitas pessoas são de opinião que somente os estágios posteriores do ioga são perigosos para os cristãos. É correio isso?

Sem dúvida alguma, o Ocidente jamais deve pensar que atingiu o clímax da sabedoria. O mundo oriental zomba de nós porque, através do racionalismo, encobrimos metade das possibilidades verdadeiras. O Oriente tem experiência de fatos, cuja existência o Ocidente, em sua incrível estreiteza mental, nega simplesmente. Mesmo admitindo que o Oriente possui uma percepção das cousas a qual definhou no Ocidente, isto não justifica nossos experimentos neste campo mediúnico. O ioga pode ser inofensivo no início, mas termina perigosamente. Mesmo no primeiro estágio o indivíduo não estará a salvo do perigo se, por exemplo, os exercícios de meditação se fundamentam em breves preces budistas. Estou de posse de relatos segundo os quais cristãos participaram de tais exercícios de ioga onde o mestre indiano mandava proferir em coro breves expressões em língua indiana. Os cristãos participantes ignoravam o significado dessas palavras. A investigação comprovou o significado: “Buda é o Iluminado”, ou “Buda é o Altíssimo”. Sob que influência estarão os cristãos quando proferem tais preces budistas? Será que esses exercícios de concentração não apresentam perigo para eles?

Em Johannesburgo, na África do Sul, um jovem me disse que não podia mais orar nem crer em Jesus desde que começara com os exercícios de ioga. Aconselhei-o a abandoná-los imediatamente, o que êle fêz de pronto. Seria bom se tivéssemos em mente as palavras do apóstolo Paulo quando disse: “Porventura não tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar aos que crêem, pela loucura da pregação. Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado… para os que são chamados… Cristo, o poder de Deus e sabedoria de Deus” (1 Cor. 1.20-24). Que necessidade temos nós, como cristãos, desses sistemas pagãos orientais para nosso progresso espiritual? Terá a Sagrada Escritura menos para oferecer do que um sistema budista ou hinduísta? Insultamos nosso Senhor quando deixamos a fonte viva da Bíblia e buscamos essas fontes estranhas cujas águas venenosas matam ou paralisam nossa vida espiritual.

Interpretação de Sinais. Há muitos sinais e presságios que são tidos como de importância em nosso viver quotidiano, determinando e influenciando o que fazemos. Vamos a alguns exemplos.

89. Um presbítero de 80 anos relatou-me, durante um trabalho de evangelização, o seguinte fato. A esposa falecera havia 25 anos. Um sinal os teria advertido do triste desenlace. Quando perguntei qual o sinal, disse-me que, na primavera daquele ano em que a esposa falecera, no jardim da casa saíra da terra, verticalmente, uma raiz. Tal fato era sinal de que haveria morte na família. Tentei persuadi-lo, em vão, de que aquilo não passava de pura superstição.

90. Uma mulher me contou que uma noite pararam três relógios de sua casa. Era o alarma: não passaria muito tempo, morreria alguém da família. Todavia, nada aconteceu.Têm-se na conta de sinais de sorte: ferraduras, cogumelos, leitões, trevo de quatro folhas, borboletas, cacos de louças, teias de aranha etc. Zumbir de ouvidos significaria que estariam falando da gente; coceira na palma das mãos acusaria recebimento de dinheiro.

Tomam-se por sinais de mau agouro: gato preto, mulher velha corcunda cruzando caminho à nossa frente; perder a aliança; a chuva molhar o véu de uma noiva; viajar em companhia de padres ou freiras; o encontro de cortejo fúnebre com um casamento traz desgraça. Quando o defunto não fecha os olhos é sinal de que em breve morrerá parente. Pérolas significam lágrimas. Derramar sal significa briga; cachorro comendo capim significa chuva. Interrupção de correspondência assídua traz desgraça, e assim por diante.

Como sinais de aviso são difundidos: coceira no nariz significa visita; zumbido no ouvido direito é alguém que fala mal de nós; zumbido no ouvido esquerdo, alguém que fala bem a nosso respeito.  Se o gato lambe o pêlo, vem visita. Se à noite se quebra uma vidraça, sobrevirá infortúnio. Se faca ou tesoura caírem e ficarem de ponta espetada no chão, haverá desastre. Apanhando-se, durante a refeição, distraidamente, mais um pão, dizem que aparecerá algum necessitado. Caindo o pão enquanto comemos, então nos invejam a comida.

Dar atenção aos pios dos pássaros faz parte da interpretação de sinais. Daí, o pio da coruja de celeiro significa morte, o chamado do cuco significa um desejo realizado, o grito do pica-pau-verde é sinal de chuva etc. Também um corvo no telhado anuncia má sorte, matar uma tarambola significa perder uma pessoa amada, e ver uma pega significa vir tristeza.

Entre os costumes da superstição também se acha a oniromancia (interpretação de sonhos). Sonhar com cerejas pretas, dentes soltos e com mortos é anúncio de falecimentos. Sonhar com enchentes é aviso de infortúnio. Sonhar com galinhas, peixes, crianças e chuva promete sorte. Não presta narrar um sonho antes do desjejum. No dilúvio da literatura há tais livros egípcios dos sonhos que fornecem a interpretação de todos os tipos de sonhos.

Mas acima de todo o estardalhaço dos adivinhadores ouvimos as palavras claras das Escrituras: “Quando profeta ou sonhador se levantar no meio de ti, e te anunciar um sinal ou prodígio, … não ouvirás as palavras desse profeta ou sonhador” (Deut. 13.1-3), e, “Uma geração má e adúltera pede um sinal” (Mat. 12.39). E em Deut. 18.10: “Não se achará entre ti… nem prognosticador, nem agoureiro…” O próprio Jesus advertiu o povo de seus dias com as palavras: “Hipócritas, sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu e, entretanto, não sabeis discernir esta época?” (Lucas 12.56).  A mesma pergunta é válida hoje.

Literatura Ocultista. A literatura ocultista representa os valores venenosos que flutuam entre o povo e envenenam a alma. Alguns dos títulos mais conhecidos são: “Clavícula de Salomão” (ou 6.° e 7.° Livros de Moisés), “O Livrete de Romanus”, “Segredos da Necromancia”, “O Livro de Vénus’, “O Outro Lado”, “O Mundo Maior”, “Novidades Psíquicas” e assim por diante. Da literatura ainda fazem parte as obras pseudocristãs de Jacob Lorber e dos Amigos de Deus, além das publicações da Loja Espiritualista de Zurique e outras mais. O fato de a “Clavícula de Salomão” aparecer sempre em novas edições representa uma tragédia. Já houve processos judiciais tentando proibir a reedição desse livro, mas os resultados foram negativos. Nossas leis apresentam brechas, por isso é praticamente impossível impedir esse comércio diabólico. Se alguém deseja mais informação sobre o assunto, recomendo que leia a seção adequada em meu livro Entre Cristo e Satanás. Uma coisa é importante: não guardem em casa livros de feitiçaria. Nem mesmo para fins de estudo e orientação se recomenda o uso desses livros. Quantas vezes ouvi esposas confessar: “Desde que meu marido tem em casa o livro Clavícula de Salomão, para fins de estudo, temos muitas desavenças, falta de paz e discórdia na família.”

Eis apenas um exemplo mais sobre essa literatura espiritista:

91. Uma mulher costumava ler toda a literatura espiritista e espiritualista que pudesse encontrar. As mensagens da médium Beatriz, da loja espiritualista de Zurique, substituem-lhe perfeitamente o culto da igreja. As publicações do místico Eckhard e do médium espírita Jacob Lorber tomam o lugar das Escrituras apostólicas. A ideia central de suas crenças religiosas é que o homem deve lutar por atingir uma forma de consciência de Deus dentro os si próprio. Pecado e salvação não entram nas suas cogitações. Basicamente o homem é bom e apenas precisa evoluir para um plano superior. A “faísca divina” que há em todos os homens deve ser atiçada para que se torne em labareda.

A literatura ocultista também pertencem os escritos ao decaído e excomungado sacerdote Johann Greber. Traduziu o Novo Testamento, adaptando-o ao espiritismo.

Maçonaria. Como fonte de material, servi-me das publicações de Alfred Wulf, F. C. Endre e outros. Contudo, a maior parte do material foi recolhida na minha clínica espiritual. A bem da honestidade e da objetividade sôbre a matéria, devo admitir que o trabalho de aconselhamento me forneceu antes exemplos negativos do que positivos. Maçons, que interiormente estão satisfeitos e concordes consigo próprios e com a maçonaria, não encontram o caminho que os leve a um pastor. Mas isto não desmente o que tenho a dizer.

A história e o crescimento da maçonaria na Europa resume-se, em poucas palavras, no seguinte: O ano de 1717 é tido como o ano de nascimento da primeira grande loja. Naquele ano se uniram em Londres quatro grandes lojas. Surgem, rapidamente, lojas na Irlanda, na Escócia, em Madrid, em Calcutá e em Paris. As lojas alemãs começaram em 1738 com a admissão de Frederico, o Grande. Hoje, o número de maçons em terras anglo-saxônicas vai a 4.000.000 aproximadamente. Na Alemanha o número ascende a 84.000 apenas.

Dada a sua organização e ideologia, é impossível enquadrar as lojas maçónicas sob um único título. Encontramos lojas cheias de espírito  racionalista e inimigas do Cristianismo. Existem as que só aceitam cristãos em seu quadro social. Quanto à orientação, ao fundamento e à esfera de ação, cada loja tem característicos diferentes. Conhecemos lojas que cultuam acentuadamente a amizade e a luz. Na Austrália entrei num desses cultos à luz, sem que o soubesse. Outras lojas têm orientação filantrópica e social. Assim, ouvi em Los Angeles que uma loja estaria financiando o estudo de um estudante de teologia, de posição liberal.

Principalmente em território norte-americano encontrei lojas de pretensa orientação cristã. Muitos pastores e presbíteros e dirigentes de igrejas são maçons. Muitas vezes preguei em tais igrejas sem que tivesse sabido desses fatos. Cheguei a pregar numa igreja que tem atrás de seu altar os símbolos da maçonaria. Nessa mesma igreja achavam-se os escudos das lojas “Noli me tangere” e “Associação Roosevelt”. Não me contive, e disse ao pastor responsável: “Se soubesse antes que esta é uma igreja de maçons, não teria aceitado o convite.” É digno de nota que o Sínodo de Missouri da Igreja Luterana nos Estados Unidos proíbe a seus pastores e presbíteros a filiação às lojas.

Dir-me-eis, suponho, que o pastor maçom foi mais tolerante do que eu, pois êle me convidou para pregar, ao passo que eu tive escrúpulos quanto aos atos religiosos que ali se realizaram. Contudo, essa má disposição se baseia na observação feita também por muitos pastores americanos decididamente crentes, de que nessas igrejas de maçons não predomina o espírito de vivência religiosa e de reavivamento. Sobre as comunidades religiosas, cujos pastores e presbíteros são membros de lojas, paira uma atmosfera estranha.

Na Alemanha, num rápido exame, descobrimos maçons desde o mais puro ateísmo até os de posição amistosa para com os cristãos. Conheço um destacado maçom, que, na qualidade de professor, negou-se a abandonar o ensino da religião durante a pressão nazista. Além disso, fora por muitos anos presbítero de uma igreja da Westfália. É, portanto, homem fiel à igreja, e chegou a ser prefeito da cidade.

Por que, afinal de contas, começaram a surgir em mim dúvidas quanto às lojas maçónicas? São várias as razões. Vejamos uma passagem de uma das publicações de Endres (pág. 19): “Um homem comete um crime. Êle o confessa ao sacerdote. Em lugar de Deus, o sacerdote absolve o criminoso tio pecado. Quão simples é isso! Quão tentador para os homens. Quão maravilhoso é ter o pecado apagado por um ato de Deus e começar uma vida nova… O poder de perdoar pecados reside em nós mesmos. A possibilidade de começar vida nova, livre das cargas passadas, está em nossa alma… As coisas sobre as quais os homens falaram ou escreveram, posteriormente são decretadas como revelações de Deus.”

Nós, como cristãos, o que dizemos em resposta a tais enunciados? À luz das Escrituras Sagradas isto é blasfémia contra Deus. E então devemos, quando procurados pelos que buscam conselhos, aprovar a filiação às lojas maçónicas?

Deveria servir-nos de advertência o fato de que ex-maçons que verdadeiramente se converteram a Cristo sentiram-se na obrigação de abandonar o movimento. Conheço um homem que outrora foi secretário de uma grande loja. Ao tornar-se cristão, sua consciência lhe disse de imediato que resignasse o posto e se retirasse da maçonaria. Caso semelhante conheci em Sidnei, na Austrália. Após uma reunião com homens de negócio cristãos, aproximou-se de mim um homem que relatou o seguinte: Êle fora grão-mestre e encontrou o caminho que conduz a Cristo. Imediatamente lhe ficou claro que não mais seria possível manter sua posição na loja como discípulo de Jesus. Deixou a maçonaria. Decisões assim não lançam um jato de luz sobre essas lojas?

Os dados mais importantes relativos à maçonaria me foram fornecidos durante o período de assistência espiritual que prestei à filha de um grão-mestre. Ela permitiu que eu publicasse a sua experiência, contanto que não lhe revelasse o nome nem o nome da loja. Durante o regime nazista o pai foi perseguido pelos nazis, é notório que Hitler havia proibido a maçonaria. Esse grão-mestre quis salvar os documentos e livros secretos de caírem nas mãos dos nazis. Por esse motivo os levou para casa. Trancou a documentação e proibiu a filha de ler os livros. Pouco depois êle veio a falecer. Com isso os livros e documentos proibidos passaram à propriedade da filha. Ela os leu e ficou horrorizada com o conteúdo. Encontrou neles uma passagem com a ordem de que os membros que se retirassem dessa loja deveriam ser mortos pelos demais membros. Havia até instruções sobre como eliminar quem dela se retirasse.

Reconheço que publicando esses fatos me exponho a certa soma de perigo de vida. Os maçons já ameaçaram processar-me caso eu não desmentisse minhas publicações acerca da maçonaria. Declaro aqui, expressamente, que sei haver muitas lojas que não emitem essas instruções a respeito de seus ex-membros. No caso em questão também não posso comprovar se a filha do citado grão-mestre relatou com fidelidade as ordens contidas nos livros de seu pai. Mas posso confirmar, sob juramento, que ela me relatou esses fatos numa confissão. Essa mulher ainda vive e pode, a qualquer momento, repetir suas declarações.

Outro motivo pelo qual tenho minhas reservas a respeito de muitas lojas é o acolhimento que dão a certas práticas ocultas em seus rituais. Mas também aqui é preciso repetir novamente que há lojas que não usam o ocultismo em seus rituais. Muitas lojas, porém, têm práticas espiritistas e mágicas, exercitadas assiduamente. Isto se pode comprovar por meio de publicações de autores maçons. Ê sabido que rituais dos “rosacruzes” foram introduzidos no simbolismo e nas cerimónias de diversas lojas. Os rosacruzes se entregam a práticas de uma forma de espiritualismo espiritista. Também cheguei a conhecer esses fatos por meio de meu trabalho de orientação espiritual. Acontece que, ocasionalmente, também os maçons são atingidos pela Palavra de Deus, quando então, confessando, desvendam o véu do mistério que envolve sua loja.

Talvez, como último exemplo, possa ser citada a loja espiritual de Zurique. Ignoro se essa loja está filiada à grande loja Alpina da Suíça. Provavelmente, não. Para todos os fins e efeitos, porém, ela se denomina loja. Nela se realizam cultos, acompanhados de cânticos de hinos, leitura da Bíblia e orações. A pregação é proferida por um espírito chamado José, que fala por meio de um médium de nome Beatriz. Temos aqui, portanto, um espiritualismo de fundo espiritista.

Tenho sido aconselhado, por pessoas de boas intenções, para que eu seja mais tolerante com tais correntes. Que devo dizer? Se eu vir que um dos meus filhos, cometendo um engano, em vez do vidro de remédio põe na boca o vidro de veneno, arranco-o das mãos da criança. Devo, então, ficar olhando passivamente, quando há quem se prejudique espiritualmente em tais correntes perigosas? Não devo, antes de tudo, dada a minha responsabilidade bíblica, advertir contra essas correntes? E isto é ser intolerante? Necessitamos, realmente do espírito de um José do reino dos mortos? Não recebemos de Jesus tudo de que necessitamos, para o presente e para a eternidade, para viver e para morrer? Nós não seguimos fogos-fátuos porque temos Jesus, a luz do mundo (João 8.12).

Magia Branca e Magia Negra. A magia branca e a magia negra são evidentes manifestações da arte diabólica, cujas origens se perdem no passado. A magia está além do conhecimento científico da lei de causa e efeito. Pertence, como frequentemente lembramos, à estrutura da ordem mediúnica universal. Por parecer inofensiva, muitas vezes não lhe conhecemos o caráter demoníaco que oculta. Valem, aqui, as palavras do Apóstolo: “Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que seus ministros se transformem em ministros de justiça” (2 Cor. 11.14-15). Quantas vezes as pessoas me objetaram: “Sim, a magia negra é obra do diabo, mas a magia branca é realizada com poderes bons.” Essa confusão é tão acentuada, que um livro para médicos missionários preceitua, já que os africanos se ajudam com magia negra, que os missionários se sirvam da magia branca como contrapeso. Isto é desconhecer cabalmente a magia branca. Por que caminhos anda nosso trabalho missionário que chega a publicar tais disparates? Tal opinião será desprezada, por mentirosa, pelas terríveis consequências da magia branca. Mencionemos algumas das práticas mais frequentes: Curar e fazer ficar doente; feitiço de amor e de ódio; feitiço de perseguição e de defesa; fazer e quebrar encantamentos; feitiço de morte em animais e homens. Alguns exemplos nos introduzirão no mundo macabro das atividades demoníacas.

92. Uma mulher muito enferma foi desenganada por dois médicos. Os familiares foram informados de que a mãe morreria. Diante disso o marido telefonou ao perigoso benzedor Hugentobler, de Peterzell, que trabalha com magia negra. Imediatamente a mulher melhorou. Todavia, mais tarde, três vezes tentou o suicídio. Para tranquilizar-se, procurou um ministro cristão que lhe desse orientação espiritual. Foi constituído um círculo de oração a favor dessa mulher. Pelo beneplácito de Deus pôde ficar completamente livre das tentações.

93. O mal-afamado benzedor mágico G., de Maria Einsiedel, na Suíça, tratou de um homem. Este senhor se interessou pela arte curandeira e lhe perguntou: “como é que o senhor consegue as suas curas?” O benzedor respondeu: “Eu mesmo estou me arruinando com isso, mas sou obrigado a fazê-lo enquanto viver.”

94. Um homem de 62 anos de idade esteve em tratamento com os benzedores Hugentobler e Schneider. Desde então passou a sentir fraqueza de memória, dificuldade de concentração e incapacidade para o trabalho. Fisicamente sentiu-se curado, mas intelectualmente foi acometido por perturbações psíquicas e nervosas.

95. Quando rapaz, um homem foi tratado por Gruenefelder. E verdade que foi curado fisicamente, mas a partir daí sofre horríveis tentações sexuais e está completamente embrutecido.

96. Um homem casado pretendeu namorar uma moça solteira. Ela o rejeitou objetando: “O senhor é casado; o que quer de mim?” Êle ameaçou-a dizendo: “Eu chego a meu alvo mesmo que não queiras. Sou capaz de obter o que desejo.” Daí em diante, frequentemente a moça tinha experiências à noite como se estivesse sendo molestada sexualmente pelo homem, embora portas e janelas estivessem trancadas. Ela estava como que paralisada e nada podia fazer para defender-se. Reconheceu, imediatamente, que se tratava de um caso anormal. Procurou orientação espiritual e confessou essa situação tenebrosa e de sofrimento ao pastor.

97. Uma moça de 19 anos era despertada, à noite, violentamente. Apesar de as portas e janelas terem sido trancadas, sentia-se molestada por um jovem. Verificou, entretanto, que o acontecimento não era natural. Não podia chamar por socorro e estava como que paralisada. No dia seguinte, na estância de repouso onde ela trabalhava, encontrou um jovem. Logo reconheceu nele o intruso noturno. O próprio jovem lhe dirigiu a palavra e confessou-lhe francamente: “Na noite passada estive contigo. Minha avó ensinou-me magia negra e as fórmulas do feitiço do amor. Por essa causa estou sofrendo brutalmente e quero ficar livre.” Confessou também que, por meio da magia negra, é capaz de satisfazer a todos os seus desejos.

98. Uma mulher era atormentada sexualmente, à noite, por um vulto sinistro. Sentia-o fisicamente. Mas se orava em nome de Jesus, essa força se afastava. O pai sofrera experiências semelhantes quando jovem. A noite era arranhado por gatos. Na manhã seguinte êle apresentava nas mãos e na garganta os arranhões.

Os três últimos exemplos não são casos de alucinação sexual. Quando esquizofrênicos invocam o nome de Jesus, suas importunações não se afastam. Mas clamar em nome de Jesus sempre é socorro certo em casos de molestações mágicas.

99. Roubaram a uma mulher um carrinho novo de
bebê. Imediatamente ela foi ter com o mágico Hungerbuehler. Dentro de três dias o carrinho estava de volta. Desde então essa mulher sofre de neurose compulsiva. Sempre é atormentada por fortes depressões antes da Páscoa e do Natal.

100. Um pastor relatou-me que na localidade onde trabalha, na ilha de Ruegen, no Mar Báltico, pratica-se o feitiço contra furto. Há, no lugar, pessoas que possuem a faculdade de prover os jequis dos pescadores com esse feitiço. Assim, todo ladrão que aparecer à noite para roubar os peixes, ficará como que enfeitiçado e não poderá sair de perto do jequi ou covo. De manhã os proprietários dos jequis trazem, com o peixe, também o ladrão.

101. Uma mulher, na Suíça, veio à procura de orientação espiritual. Contou-me que fora terrivelmente atormentada quando criança. No estábulo os seus pais teriam tido prejuízos que montavam a muitos milhares de francos. Sempre antes dos grandes dias de festa (Natal e Páscoa), morriam-lhes o gado, os porcos e as galinhas. Por isso o pai buscou o auxílio de um benzedor mágico, o Schneider, de Teufen. Este encenou um feitiço de defesa. Daquele dia em diante, uma mulher da vizinhança, suspeita de praticar magia negra, estava louca. No futuro não mais morriam animais.

102. Uma jovem esposa, que até o casamento gozava de boa saúde, logo depois de casada foi acometida de sérias perturbações psíquicas, às vezes até acompanhadas de febre. Consultou, então, o clarividente Hungerbühler, que lhe revelou: “A senhora está enfeitiçada. O vizinho está importunando-a.” A mulher não quis acreditar no que ouvia e foi tirar as dúvidas com uma cartomante que tinha fama de possuir faculdades sobrenaturais. Ao tempo do nazismo essa cartomante predisse três anos antes a queda de Hitler, e por isso estivera presa longo tempo. Sem saber da resposta do mágico, asseverou-lhe: “A senhora tem um vizinho entendido em magia negra. Esse homem tem partes com o diabo. Êle a perturba.” Em consequência dessas importunações, a jovem mulher, finalmente, foi parar num hospital. Dizia estar com febre contínua, apesar de 03 médicos nada comprovarem. O marido da enferma começou, então, a investigar a vida e as atividades do vizinho. Chegou à conclusão de que tinha um vizinho que praticava a magia negra por meio do livro “Clavícula de Salomão” (6.° e 7.° Livros de Moisés). Um vizinho, certo dia, lhe disse: “Cuida da tua esposa. Teu vizinho da esquerda também arruinou a esposa do teu antecessor. Obceca-o a inveja, porque tua propriedade é fértil e próspera, enquanto a dele é montanhosa e árida, o que o faz sofrer.”

103. O curandeiro ocultista S. de N. não é capaz de exercer sua atividade se alguém se encontrar na sala de espera, orando. Irrita-se e grita com a pessoa: “Com tua presença nada consigo fazer. Faze o favor de retirar-te.” A uma mulher que se encontrava nesse consultório, orando, dirigiu o seguinte insulto: “ò vaca velha, dá o fora.”

Magia Lunar. A magia lunar, ou feitiço lunar, faz parte dos costumes pagãos e supersticiosos do povo. Por exemplo, há regiões em que não se pode contrair matrimónio quando a lua está em quarto minguante. Prefere-se. para benzeduras, a meia-noite nas noites de lua cheia. Há curandeiros que benzem seus remédios homeopáticos à meia-noite da lua cheia. Nada temos contra a homeopatia em si, mas remédios bentos por ocasião da lua cheia têm consequências iguais às da magia propriamente dita. Em povoados onde existe a crendice da bruxaria, procede-se à defumação durante o minguante. Há lugares onde os agricultores planejam a semeadura de acordo com a fase crescente da lua. A seguir, dois exemplos de curandeirismo e feitiçaria relacionados com a lua.

104. Uma mulher era visitada com certa frequência por um indivíduo que praticava a arte do pêndulo. Êle lhe vendia chá com a instrução de sempre tomar uma xícara durante a lua crescente e três xícaras durante a lua minguante. A mulher seguia as recomendações. Suas enfermidades desapareceram, talvez mais por auto-sugestão do que por magia lunar. Mas, tempos depois, foi acometida por depressões que antes não tivera.

105. Quando menina, uma mulher fora benzida contra uma enfermidade numa noite de lua cheia. Posteriormente se fêz médium e desenvolveu faculdades telepáticas e de clarividência. Também em sua vida religiosa se evidenciaram  perturbações quase  intransponíveis.

Movimentos de Línguas Estranhas. Um título como “movimentos de línguas” imediatamente suscita duas perguntas na mente das pessoas. Qualquer indivíduo familiarizado com o fenómeno de falar em línguas estranhas imediatamente pergunta: “Como pode o autor escrever a respeito de um assunto como este em um livro que trata do alfabeto do diabo?” Podemos responder já. Esta seção lida apenas com formas de imitação de falar línguas, e não com o genuíno dom do Espírito Santo mencionado em 1 Cor. 12.10.

A segunda pergunta surge na mente dos que se acham fora da esfera cristã. A pergunta será: “Que é movimento de línguas?” Também podemos responder a esta pergunta muito brevemente à guisa de introdução. Podemos encontrar por esse mundo a fora, em nossos dias, igrejas e indivíduos que, em estado de êxtase, falam ou cantam em línguas desconhecidas. Este fenómeno se chama “falar em línguas” e as pessoas tentam vinculá-lo a certas passagens da Bíblia.

Por que temos de discutir os novos movimentos de línguas estranhas em um livro sobre superstição? Não é por maldade ou por espírito de crítica destrutiva que o fazemos. Não; nosso objetivo é proteger o Corpo de Cristo contra um influxo de extremismo e de poderes demoníacos.

É necessária a advertência? Na realidade é. Já houve uma eclosão de falar línguas neste século. Na virada do século irrompeu um movimento de línguas nas fortalezas espiritistas de Los Angeles. Os maus efeitos resultantes deste movimento são conhecidíssimos. Desde essa época se escreveu muito a respeito.

Em 1960 teve início, em Los Angeles, outro movimento de línguas, e a partir daí criou raízes em todo o mundo, provocando muito desassossego na Igreja de Cristo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o torvelinho foi tão grande que o governo nomeou uma comissão constituída de um psiquiatra, um ministro luterano e um psicólogo para investigar o fenómeno perturbador.

Examinemos brevemente as raízes do problema segundo o encontramos no Novo Testamento. O fenómeno de falar em línguas está mencionado nas seguintes passagens: Mc. 16.17; Atos 2.4, 10.46; 1 Cor. 12-14.

Logo de início quero assegurar aos leitores que eu creio firmemente nessas passagens e no dom de falar em línguas concedido pelo Espírito Santo. Não desejo retirar nada das Escrituras.

Mas a questão que agora surge é se os movimentos de línguas hodiernos se relacionam ou não, de qualquer modo, com os dons espirituais do Novo Testamento.  Muitos homens de Deus, se não a maioria, diriam que não. Por quê? Bem, em primeiro lugar, tem havido várias épocas de revelação na história da salvação. O êxodo dos israelitas do Egito e o tempo das pragas representam uma época. As dádivas de codornizes e maná no deserto anunciaram uma segunda época que findou com a entrada de Israel na terra prometida. O dom espiritual de línguas vigorou até a formação do cânon do Novo Testamento.

Quando em Jamnia e Jope se fixaram os cânones, findou-se aquela época particular de revelação. Hoje vivemos na era da Palavra de Deus. O Espírito Santo se revela em sua Palavra, em sua Igreja e também na orientação de cada filho de Deus. Assim verificamos que a maioria dos cristãos amadurecidos se distanciam dos movimentos de línguas hodiernas à medida que observam, especialmente, o modo pelo qual se desenvolvem.

Em minhas viagens por mais de 100 países diferentes testemunhei algumas formas estranhas de falar em línguas. Posso citar dois exemplos para ilustrar o que pretendo dizer.

106. Em San Diego, na Califórnia, uma senhora veio em busca de conselho. Disse-me que fora às reuniões de um certo irmão pentecostal. Este pregador havia dito ao auditório: “Somente os que têm falado línguas foram baptizados no Espírito Santo.” Depois êle disse que se alguém estivesse interessado em receber o Espírito Santo deveria permanecer após a reunião principal. A mulher ficou. Quando o ministro pentecostal impôs as mãos sobre ela, caiu no chão inconsciente. Quando despertou, estava terrivelmente amedrontada. Algumas das pessoas que a rodeavam disseram, entretanto: “Você falou em línguas maravilhosamente.” Porém ela havia tido bastante deste “batismo do Espírito”.  Devido a esta experiência ela perdeu a certeza que tinha da salvação e a paz com Deus. Este foi o motivo por que veio em busca de conselho. Pela graça de Deus recuperou a fé, mas jamais pretende visitar outra “missão pentecostal”.

Se a pessoa perde a certeza através deste muito louvado “Batismo do Espírito”, quer dizer que a experiência realmente provém do inferno e não do Espírito Santo. Além do mais, quando os pentecostais afirmam que falar em línguas é a única prova do batismo do Espírito Santo, deslizam para a heresia. A afirmativa deles não é verdadeira. O dom de línguas que Paulo menciona em 1 Cor. 12 é um dos menores dons e não o maior!

107. Duas vezes falei em conferências missionárias no Japão. Uma vez, na grande conferência em Karuizawa, um ministro norte-americano causou uma verdadeira agitação. Na noite anterior à conferência êle chegou e disse que o Espírito Santo lhe havia dito que fosse e pregasse ali. Contudo, o presidente da conferência disse: “Se isso fosse verdadeiro, então o Espírito Santo também me haveria dito.” Depois de uma real batalha, o ministro e alguns “irmãos pentecostais” organizaram reuniões paralelas. Uns poucos missionários inquiridores visitaram uma dessas reuniões, mas a lição que aprenderam foi tal que não desejaram voltar. Esse estranho homem levantou-se e orou, cantou e pregou em línguas sem qualquer interpretação. Ninguém ali realmente sabia o que estava acontecendo. Posteriormente, um dos missionários perguntou ao ministro: “Como supõe o senhor obter este dom de línguas?” Respondeu o ministro: “Se o senhor repete uma oração curta como ‘Senhor, socorre-me’ umas quinhentas ou seiscentas vezes, repentinamente o senhor se achará falando em línguas.” Essas eram suas instruções! E a isto se chama dom do Espírito Santo!   Isso não tem nada a ver com o Espírito Santo; é apenas o treinamento do subconsciente, e se compara mais prontamente à fala e escritura automáticas que encontramos nos círculos espiritistas.

As observações que tenho feito em todo o mundo são de tal sorte terrificantes que as pessoas devem ser advertidas a respeito desses movimentos de línguas. A falta de espaço nos impede desenvolver mais o assunto, mas se alguém deseja ler mais a respeito, consulte o livrete que escrevi sob o título A Contenda das Línguas (The Strife of Tongues).

Necromancia. A necromancia nos conduz ao setor mais sinistro da magia. Há lugares onde é costume fazer o morto levar consigo as doenças dos vivos. Um dos métodos é alguém escrever a enfermidade num pedaço de papel juntamente com um encantamento ou benzedura mágica e atirá-lo ao sepulcro, ou colocá-lo no caixão do defunto. Em muitos casos se pratica uma feitiçaria de símbolos. O doente deposita no caixão qualquer peça de seu vestuário ou algum objeto de uso pessoal, a fim de livrar-se da moléstia. No livro Bruxas Entre Nós?, Kruse relata: “Na cidade de Mehldorf, em Holstein, Alemanha, mostraram-me, antes de fechar-se o caixão de um falecido, cinco moedas, duas peças de roupa de senhora, um pedacinho de aba de chapéu e um dedo de luva de homem. Depois tudo foi reposto novamente no lugar. Como se tratava de um ‘defunto melhor’, todos esses objetos eram de pessoas bem situadas financeiramente.” Às vezes o desejo de levar consigo doenças de familiares provém de moribundos. Eis um exemplo.

108. Uma mulher, gravemente enferma em um hospital, pedia à irmã de caridade o seguinte favor: “Irmã, avise minha filha que traga uma das suas camisolas. Minha filha vive doente há muitos anos; quero levar a doença dela comigo para o sepulcro.” A irmã não estranhou o pedido, visto como este feitiço necromântico é usual ali. O desejo da moribunda foi satisfeito. O importante dessa prática não é que se enterre o morto com algum objeto, porém a recitação, no momento oportuno, de um verso mágico.

Neo-racionalismo. Quem quiser orientar-se a respeito dessa corrente teológica hodierna leia o livro do Prof. Künneth, Glaube an Jesus (Fé em Jesus), ou o livro de Otto Rodenberg, Um die Wahrheit der Heiligen Schrift (Pela Verdade da Sagrada Escritura). Esses livros exigem alguma formação cultural por parte do leitores. Quem estiver em busca de uma explanação bem compreensível, utilize-se da primorosa brochura de autoria do meu amigo Dr. Gerhard Bergman, Alarm um die Bibel (Alarma em Torno da Bíblia). Nesse livro, que todo cristão verdadeiro deveria ter, estão demonstradas as raízes da teologia moderna. Esse livro é, simultaneamente, um protesto contra o esvaziamento da Sagrada Escritura pela teologia moderna.

Pessoalmente falando, foi através do meu trabalho de aconselhamento de pessoas, principalmente, que meus olhos se abriram para a tragédia e a ardente penúria da teologia moderna e do neo-racionalismo. Jesus disse: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mat. 7.16).

Enquanto elaborava este capítulo, recebi uma carta. Era de um homem crente, pai de família, filho de pais crentes. Êle se queixava, aflito, dos desacertos do filho mais velho. Por sete anos o rapaz fora o primeiro da classe num ginásio local. Num trabalho evangelizante recebeu o impulso para sua conversão. A partir daí lia fielmente a Bíblia e começava o dia com oração. Então veio a reviravolta. Apareceu um  pastor, doutor em teologia, que se encarregou do ensino de religião do curso colegial. O rapaz, que já estava pensando em estudar teologia, foi influenciado pela teologia racionalista desse novo pastor. O resultado é que havia contínuas discussões em casa. Preocupado, o pai crente ouvia os relatos: A Bíblia não é a Palavra de Deus, porém obra humana, com muitos erros. A historicidade do nascimento de Cristo e da cruz não teria importância; a única coisa que importa é o significado que está atrás disso. Dois anos esse aluno esteve exposto às ideias do novo professor de religião. Com isso estava consumada uma obra de destruição que produziu seus frutos. Era o fim das Ideias de estudar teologia! Era o fim da leitura bíblica quotidiana! Era o fim das orações, pois provavelmente as orações não eram atendidas, porque a prece seria, em última instância, somente ato de tranquilização própria e não uma conversa com o verdadeiro “Tu”. Depois desta experiência do filho, o pai chegou à pergunta natural: “Devemos expor nossos filhos à influência de pastores e professores de religião que destroem aquilo que pais e evangelistas plantaram?” Esse pai crente mostrou-se ainda mais oprimido, porque seu filho mais jovem também estudava no mesmo ginásio e tem como professor de religião o mesmo pastor.

Respondendo, afirmei-lhe que eu, na qualidade de pai, tenho responsabilidade, perante Deus, por meus filhos, e por isso não poderia deixá-los à mercê da obra de destruição do racionalismo. Antes, como pastor da igreja, levanto o sinal de protesto e retiro meus filhos da aula de religião, para que não fiquem expostos ao veneno deteriorante da crítica à Bíblia. Quando minha própria filha se defrontou com situação semelhante em sua escola, pedi a ela que se retirasse dessas aulas. Minha filha declarou: “Haverá escândalo se eu, filha de um pastor, afastar-me da aula de religião.” A isso lhe respondi: “Escândalo assim eu não temo, quando somos chamados a escolher entre a Verdade e o servilismo.”

Iria longe demais se eu relatasse todas as experiências que vou colecionando no decorrer dos anos em relação à teologia moderna. Talvez me seja permitido dar um testemunho oriundo da Austrália. Eu estava numa reunião de pastores quando alguns membros da Igreja Luterana vieram a mim e disseram: “Por 400 anos a Alemanha liderou a Teologia, mas de alguns anos para cá o que nos vem da Alemanha, em matéria de Teologia, enche-nos de horror.” Ouvi tais declarações também na Ásia Oriental e na África do Sul. Wilhelm Busch compreende acertadamente a situação da nossa teologia hodierna quando reconhece o estado de calamidade da confissão. Que atitude devemos assumir, quando nos periódicos das igrejas, distribuídos nas comunidades, se afirma que, quanto à existência do diabo, tanto Jesus como o Reformador Lutero teriam sido filhos de sua própria época? Suas afirmativas a respeito não mais seriam compatíveis com o nosso tempo. Depois que li isto, cancelei a assinatura do jornal. Esses diminutos protestos, naturalmente, não são mais do que uma gota de água no oceano. Que importa? Não quero tornar-me culpado de uma forma silenciosa de consentimento ou tolerância. Quem tenta declarar a inexistência do diabo e dos demónios está a serviço do próprio diabo. Nada de melhor poderia acontecer ao diabo se êle se evaporasse numa ideia da Idade Média, a ser apagada, eliminada.

Para terminar, um relato agradável. Por ocasião de uma viagem de evangelização ao norte de minha terra, ouvi contar na casa pastoral de meu colega o seguinte: Um jovem ministro declarara em seu sermão de Natal que o  Cristo infante não teria sido o Filho de Deus. Após o culto os presbíteros se reuniram sem a presença do pastor; discutiram e resolveram que pregador assim não mais pregaria do púlpito dessa igreja. Depois da reunião, dirigiram-se à residência pastoral e comunicaram ao pastor embaraçado: “Senhor pastor, o senhor não terá mais permissão para subir ao púlpito de nossa igreja.” Ao mesmo tempo foram notificadas as autoridades eclesiásticas, que aquiesceram. O pastor foi removido para outro posto. Realmente êle não pôde mais subir ao púlpito, graças à coragem desses homens decididos. Naturalmente isso foi um escândalo, mas de consequências salutares. Queira Deus que todas as nossas comunidades alcancem a maioridade espiritual antes que nossa igreja se veja inteiramente envolvida por uma gigantesca mortalha.

Neo-racionalismo significa predominância da razão humana. Mas esse trono do conhecimento e da sabedoria dos homens foi derrubado no Novo Testamento. Paulo diz: “Porventura não tornou Deus louca a sabedoria do mundo?” (1 Cor. 1.20). “Êle apanha os sábios na própria astúcia deles” (1 Cor. 3.19). A resposta da Sagrada Escritura ao moderno racionalismo teológico é: “Em Cristo todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Col. 2.3).

Pacto de Sangue. Entre as práticas mais horrendas da superstição cita-se o pacto de sangue ou conjuração de sangue ao diabo. Seguem-se alguns exemplos.

109. Uma mulher conjurou-se com seu próprio sangue a Satanás. Ela pertencia a um círculo espiritista de 15 membros, que conscientemente convocava o diabo. Realmente, sempre aparecia uma careta horrível e então se celebravam orgias. Nesse círculo a mulher servia de médium.  Quando ausente, podia ser chamada pelo dirigente do círculo a qualquer hora do dia ou da noite, por meio de telepatia. Certo dia a médium assistiu a uma conferência de evangelização. Tomada pela Palavra de Deus, fêz uma confissão total de sua vida. Desde então teve tentações alucinantes. À noite sempre recebia ordens para suicidar-se, conforme ela própria confessou. Dia e noite se encontrava em terrível angústia que a impelia constantemente à assistência espiritual. Um dia ela relatou que Satanás lhe imprimira no peito seu sinal de posse. Mostrou-o a uma sua irmã. O sinal tinha a forma de ferradura com um “S” no meio. Um círculo de oração começou a interceder pela pobre mulher. Além disso, recorreu-se ao auxílio de psiquiatras crentes. Esses psiquiatras (Dr. M., Dr. L, e Dr. O.) são todos de opinião que não se trata de doença mental, mas de um caso de possessão.

110. Uma mulher, por duas vezes, conjurou-se com seu próprio sangue a Satanás. Quando ficou grávida no primeiro ano de vida matrimonial, também conjurou o feto a Satanás. Depois do nascimento a criança evidenciou sinais de senilidade precoce. Com oito anos de idade tinha a aparência de uma mulher de quarenta a cincoenta anos; tinha a face enrugada e estava quase completamente calva. A própria mãe possui habilidades mediúnicas. Disse, em transe, que havia quatro diabos nela. Quando sofre ataques, tem a força de um leão. Atacou fisicamente a um pároco, meu amigo, que foi visitá-la. Mas largou-o assustada quando o pastor declarou: “Estou sob a proteção do sangue de Jesus!”

111. A filha de uma cartomante conjurou-se diversas vezes com seu próprio sangue a Satanás, quando ainda mocinha. Durante uma conferência de evangelização foi despertada espiritualmente. Aceitou o conselho do ministro e confessou seus pecados,  contudo  não conseguia chegar à viva fé em Cristo. Em seu coração iniciou-se uma tremenda luta entre os poderes das trevas e a Palavra de Deus. Um dia, quando lia o capítulo 18 de Deuteronômio, onde fala da necromancia, da feitiçaria e da magia, ficou tão furiosa que apagou com tinta todo o capítulo. Depois se arrependeu de haver desfigurado sua Bíblia e disse que não o desejava fazer, mas uma força estranha a obrigava a proceder assim. Um pequeno grupo de pessoas começou a reunir-se para orar a favor dela, mas ainda não se libertou.

112. Num dos vales alpinos um homem possui florescente consultório como curandeiro. Casos desenganados pelos médicos êle pode curar. Curava cegos, paralíticos, surdos e assim por diante. Mas em dado momento
irrompe a miséria na vida desse homem. Cito suas pró palavras: “A todos posso ajudar. Só a mim não posso acudir eternamente.” Esse curandeiro fizera um pacto
de sangue com Satanás, em sua juventude. Desde então
possuía sinistra faculdade de curandeirismo.

Em minha experiência de aconselhamento só encontrei dois casos em que os que tomaram parte em conjuras de sangue com Satanás puderam libertar-se, pela graça de Deus, desses fardos satânicos aterradores.

Pêndulo e Varinha. A adivinhação por pêndulo e a rabdomancia estão sendo elevadas à categoria de ciência, à qual se dá o nome de radiestesia. O julgamento não é fácil, porque estão em jogo certas pressuposições físicas ou manifestações complementares. Considerando que a pseudo base científica da rabdomancia foi tratada nos dois livros Aconselhamento Cristão e Ocultismo e Entre Cristo e Satanás, limito-me a citar uns poucos exemplos.

113. Um de meus amigos, o pastor D., relatou-me o
seguinte: “Evangelizei nas proximidades de Zurique. Verifiquei que as pessoas se aglomeravam para ver-me no horário destinado à assistência espiritual. Para meu maior assombro, mais da metade dos que vieram desejava falar sobre fatos pertinentes ao ocultismo. Uma das pessoas que vieram em busca de conselho era um homem que praticava o uso do pêndulo e possuía outros dons notáveis. Usava um livro de um Abbé Mermet para referência, mas tinha uma boa quantidade de experiências próprias. Com o auxílio do pêndulo era capaz de fazer diagnósticos de moléstias, determinar as ervas medicinais necessárias ao tratamento, e até localizar os corpos das pessoas que se afogavam no Lago de Zurique. Também podia fornecer informações a respeito de pessoas mortas ou desaparecidas. À medida que êle falava comigo, verifiquei que não poderia responder aos seus argumentos científicos exatos. Eu não me achava suficientemente qualificado para argumentar com êle sobre o assunto. Tudo me parecia tão plausível. Aí o Espírito de Deus me inspirou uma pergunta que esclareceu todo o problema. Perguntei-lhe se já havia sofrido alguma coisa como resultado desse dom. Foi então que êle me disse de uma ocasião quando usou seu pêndulo para procurar um bracelete de ouro perdido nas montanhas. Começou a escorregar num declive, e só no último momento é que encontrou apoio numa pedra. Na noite seguinte fora despertado por um vulto negro que entrara em luta corporal com êle. Temendo ser vencido, clamou pelo nome de ‘Jesus’. Nesse momento o vulto desapareceu.”

114. Um obreiro do Reino de Deus, em Zurique, comunicou-me o seguinte: Uma mulher de 50 anos havia tempo que estava adoentada. A instâncias de uma família amiga foi ter com um homem que utilizava o pêndulo, a fim de que êle a ajudasse.  Este colocou o pêndulo sobre diversas ervas e depois lhe entregou o chá sobre o qual o pêndulo reagira positivamente. Quanto ao pêndulo, nem de longe ela imaginava que fosse feitiçaria. Mas depois de ter ouvido uma conferência a respeito do pêndulo, começou a inquietar-se e buscou orientação espiritual. Mas achava que ela não havia sofrido os efeitos maus pelo que havia feito. O pastor, que me relatou o fato, orou com ela. Alguns meses depois essa mulher voltou à clínica pastoral e contou que se lhe abriram os olhos com referência ao pêndulo. Era como se lhe caíssem escamas dos olhos; então reconheceu que realmente estivera sob interdição de feitiçaria. Contudo, desde a reunião de aconselhamento ela tinha sido libertada da interdição, pois, somente depois disso é que ela vira como realmente estivera comprometida. Mas agora se dissipara o nevoeiro que a cercava. Sua vida de fé em Cristo sofrera completa transformação.

115. Uma gestante submeteu o embrião ao pêndulo a fim de saber se seria menino ou menina. Ambos os filhos desta mulher, que foram submetidos ao pêndulo, sofrem agora de opressões e comprometimentos ocultos.

116. Em uma salina rompeu-se o encanamento. Mandaram chamar um profissional do pêndulo, a fim de determinar o local da ruptura. Êle pediu a planta da estrutura. Tomou o pêndulo e determinou o local da ruptura sobre a planta. A busca posterior confirmou a exatidão de seus dados. Depois o homem disse: “Os senhores poderiam ter-me poupado a viagem. Bastaria que me enviassem a planta.”

117. Um pregador, na Suíça, trabalhava com pêndulo havia muitos anos. Muitas vezes seus colegas o advertiram. Certo dia foi atropelado por um trem. Em consequência do desastre, tiveram de amputar-lhe as duas pernas, na altura da coxa. O estranho era que a ferida não cicatrizava. Algum tempo depois abriram-se grandes buracos em torno das feridas, dos quais saíram mais de cem vermes enormes.  O homem morreu nesse estado.

118. Uma mulher de 56 anos de idade fora, muitas vezes, submetida ao pêndulo quando criança, e seguidas vezes fora ter com cartomantes. Desde então se tornou muito irascível e sofre depressões.

119. Sôbre um jovem fôra usado um pêndulo para combater uma enfermidade. Depois do tratamento pelo pêndulo, que resultou em certo alívio, foi acometido por uma neurose compulsiva, que o levara a amaldiçoar e a blasfemar. Por causa disto buscou ajuda orientadora. Rendeu-se a Cristo e a neurose desapareceu.

Rabdomancia e pêndulo são processos mediúnicos, mesmo que pareçam inteiramente inofensivos, supostamente fundamentados na ciência ou revestidos de roupagem cristã. Se o pêndulo fosse um processo naturalista, que pudesse ser comprovado cientificamente, desde há muito já estaria reconhecido, visto como o pêndulo é conhecido e praticado há quatro ou cinco mil anos. Não podemos, todavia, considerar nossa ciência como primitiva e inexperiente. A assistência espiritual revela os prejuízos típicos desta, bem como de todas as demais práticas mágicas e mediúnicas. Por isso a curiosa “ciência da radiestesia” se encontra no mesmo plano das demais artes ocultistas. “Se os efeitos são semelhantes, então é de se supor que as causas sejam as mesmas.” “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mat. 7.20).

Proteção Oculta. Em algumas áreas da Europa a proteção oculta a residências e estábulos se tornou verdadeira praga popular. Nossos rabdomantes e utilizadores do pêndulo declaram que há radiações terrestres prejudiciais à saúde, contra as quais será possível proteger-nos por meio de caixinhas. Eu, pessoalmente, abri algumas dessas caixinhas. Em geral continham um pedacinho de arame ou uma folhinha de cobre. O custo de fabricação oscila entre Cr$ 1,00 e Cr$ 2,00 e o preço de venda no varejo, entre Cr$ 80,00 e Cr$ 120.00. Essa disparidade demonstra o significado desse negócio. Até agora não foi possível provar a existência dessas radiações terrestres. Elas não se relacionam com a radioatividade da terra nem com as correntes elétricas e gravitacionais terrestres. Já no século XIX Helmholtz rejeitou a existência dessas pretensas irradiações. Hoje, geólogos e físicos de nomeada, como os professores Pump, de Erlangen, Kinchenheimer, de Freiburg, e Paskual Jordan, negam essas irradiações. Permaneceriam abertas unicamente duas possibilidades. Há homens e animais tão sensíveis, que reagem à massa magnética da Terra. Nesse caso, entretanto, os locais sujeitos às pretensas irradiações deveriam ser medidos com instrumentos científicos e não com varinha e pêndulo, nem se deveria confiar em caixinhas. Outra possibilidade seria a aceitação da mediunidade da Terra, que pode ser percebida clarividentemente através de poderes mediúnicos dos rabdomantes e dos praticantes do pêndulo e que tais. Mas essa suposição, embora não totalmente sem base, ainda está por ser provada e permanece envolvida numa aura mística de escuridão. Em todo caso, não é sem perigo que se instalam aparelhos de proteção com o auxílio de radiestesistas. Por que o homem ameaçado de hoje não faz uso da proteção de Deus? “O que habita no esconderijo do Altíssimo, e descansa à sombra do Onipotente, diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio” (Salmo 91.1-2).

Psicanálise. A psicanálise é o assunto que ora devemos lembrar, mesmo que muitos médicos e psicoterapeutas se alarmem com esta ideia. Todavia, peço-lhes que por ora reprimam qualquer rancor e aborrecimento. Antes de começar gostaria de dizer que estou de completo acordo com o uso da psicoterapia quando exercida por especialista cristão crente. Mas nem todo psicoterapeuta é cristão, apesar de considerar-se como tal. É uma pena, mas na cristandade atual os conceitos bíblicos se acham envoltos em densa nebulosidade. Por definição, crente é quem experimentou conversão e novo nascimento por meio do Espírito Santo e da graça de Deus. Se esta é a experiência do psicoterapeuta, então eu estaria preparado para apoiá-lo em seu trabalho. E há psiquiatras crentes!

Seria bom se a esta altura pudéssemos citar apenas um bom exemplo contra toda a confusão do mundo ocultista. Conheço uma psiquiatra crente que reconhece sua responsabilidade perante Deus no trabalho que ela realiza. Ela busca não somente tratar seus pacientes pela psicanálise mas também conduzi-los a uma fé viva em Cristo. Pessoalmente sou testemunha de que diversos de seus pacientes se converteram a Cristo por intermédio de seu trabalho. Dessa serva de Jesus emana bênção.

Infelizmente, exemplos positivos desta natureza são raros. No meu trabalho de mais de 30 anos orientando pessoas, verifiquei que muito do trabalho de muitos psico-terapeutas e psicanalistas é questionável. Um académico de Zurique me disse, certa vez, gracejando: “Geralmente os psiquiatras são capazes de desmontar o relógio, mas não conseguem montá-lo novamente.” Mas para mim este não é o principal problema. A psicoterapia, em última instância, exercida por um médico incrédulo, é assistência espiritual sem Deus. A psicanálise, pode-se dizer, é a contraparte profana da confissão bíblica. E de modo geral a confissão bíblica apresenta maiores vantagens do que a psicanálise. A confissão é voluntária, espontânea, ao passo que o psiquiatra revolve e esmiuça, horas seguidas, áreas subconscientes da alma. Na confissão o homem é posto na presença de Deus; na psiquiatria as questões religiosas decisivas se reduzem a bagatelas e são desvirtuadas como produto de educação e de sugestão do meio ambiente. Na psicanálise disseca-se o centro psíquico da vida humana para apenas resolvê-lo em um número de complexos. A medicina, embora parcialmente, às vezes aponta os perigos da psicanálise. Pode-se ver isto, de modo particular, no livro do Dr. Speer, intitulado Der Arzt als Persönlichkeit. É de suma importância que a psicanálise seja realizada por um médico crente. Êle respeitará as perguntas e os problemas de ordem religiosa do paciente. Acerca de tratamentos psicanalíticos que chegam às raias da irresponsabilidade, eis alguns exemplos tirados da minha assistência espiritual.

120. Um homem de formação universitária esteve, por causa de perturbações nervosas e psicológicas, em tratamento com um clínico e, posteriormente, com um psiquiatra. Quanto ao tratamento deste último, o paciente está sobremaneira decepcionado. Disse-me que o tal psiquiatra desvendava somente fraquezas de caráter, inconstâncias e repressões, sem considerar seriamente a questão da culpa. Tratava minuciosamente os sonhos mais confusos e desordenados, mas não dava atenção às reações ao pecado etc. Finalmente, considerado incurável, teve alta. Disse-me o homem que o médico jamais tomara a sério suas relações para com Deus, acrescentando que todos os médicos demonstravam desinteresse quanto ao seu passado cheio de passagens envolvidas em ocultismo. E que o paciente havia sido, anos seguidos, espiritista praticante e se ocupava também com a magia negra e a magia branca, assim com a cartomancia. Só depois das práticas de ocultismo é que começaram a aparecer perturbações nervosas no rapaz. Os médicos deixaram, portanto, de considerar dois pontos decisivos, de sua importância, na história da enfermidade desse paciente. Primeiramente a culpa do homem perante Deus e, em segundo lugar, as práticas ocultistas do passado.

121. Uma mulher de 54 anos solicitou-me assistência espiritual. Um psiquiatra havia submetido essa mulher a uma psicanálise. O resultado foi que desde então ela apresenta sintomas de paralisia e contraçoes nervosas nas mãos, que antes não sentia. Também sua fé em Cristo se tornou caótica depois desse tratamento. Teve a impressão de que nesse caso a psicanálise não fora levada até o fim, pois, se assim fosse, tais sintomas teriam desaparecido.

122. Um psiquiatra de viva fé cristã entregou-se, quando ainda estudante, a uma psicanálise para efeitos de pesquisa. O analisador era o Prof. M. do seminário psicossomático de H. O psiquiatra relatou-me o transcorrer dessa análise, e a desaprovou com as mais severas expressões. A psicanálise trouxe-lhe tentações de modo tal que esteve em perigo de perder tudo quanto possuía de vida espiritual. Foi obrigado a concentrar-se horas seguidas na Palavra de Deus e na oração, a fim de que a sua fé não naufragasse. Hoje este senhor recusa a psicanálise exercida por psiquiatras não cristãos. Entenda-se, aqui, por “não cristão” aquele que, sendo batizado, apenas ocasionalmente vai à igreja. Segundo João 3.3-5, cristão é todo aquele que experimentou, por meio do Espírito de Deus, uma transformação fundamental. Muitos  médicos, certamente, se têm na conta de cristãos, mas sua convicção ideológica nenhuma afinidade tem com o Novo Testamento.

123. Uma jovem senhora foi tratada por um médico-chefe num hospital para moléstias nervosas. Na consulta aconselhou-a a deixar de ir à igreja e de ler a Bíblia durante dois anos. Disse-lhe, além disso, que não se preocupasse mais com questões religiosas. Que êle mesmo apostaria a própria cabeça contra a existência do diabo. Não satisfeito com isto, preveniu toda a cidade contra as minhas conferências de evangelização. Proibiu as enfermeiras de comparecerem às minhas conferências e tirou das mãos dos doentes minhas publicações. Havia uma razão, por certo, para oposição tão ferrenha a tudo que fosse divino. De fato, vim a saber depois, por intermédio da orientação espiritual, que tal médico se dera a práticas ocultistas.

124. Uma estudante que, para finalidade de estudo, se submeteu a uma psicanálise, terminou em horrenda depressão psicológica. Meses seguidos não achava sossego, não podia dormir e não encontrava paz interior. Quando o psiquiatra lhe declarou que a demasiada afeição que devotava à sua mãe seria um complexo maternal, ela rompeu com a mãe e abandonou o lar. Quando esse professor qualificou a fé cristã da moça de complexo eclesiástico, ela rompeu também com a igreja. Ao completar a psicanálise, a estudante estava convicta de que a maioria dos homens é governada por muitos complexos, porém ela, nesse processo, terminou com o seu interior em completa desordem. Conforme me informaram sua mãe e um professor de medicina, há dois anos essa jovem estudante não consegue reencontrar sua serenidade e seu equilíbrio interior.

125. O superintendente de um setor eclesiástico na Suíça pediu-me que fizesse uma visita a um colega doente dos nervos, que fora internado num sanatório. Esse pastor me fêz uma confissão franca de sua vida. Depois se queixou do psiquiatra que o tratava. Esse médico não tomava a sério seus conflitos de culpa e o tranquilizava dizendo que eram apenas produto de sua educação cristã. Culpa não existiria. A seguir mantive uma conversa com esse psiquiatra que confirmou esse estado de coisas. O médico só aceitava os fatos imanentes e intrínsecos referentes ao homem e ao universo. A ideia de crer em Deus, e a ideia de culpa e assim por diante, eram fictícias, produto da fantasia religiosa. Aos cuidados espirituais de tal psiquiatra, portanto, fora entregue um pastor! Isto não é assistência espiritual, mas assassinato de almas. Pedi imediatamente ao superintendente que tirasse o colega daquele sanatório.

126. Numa cidade balneária da Alemanha Central, fui procurado por uma senhora que desejava orientação espiritual. Essa senhora viera ter comigo, apesar de desaconselhada pelo psiquiatra que a tratara. A mulher assistira às minhas conferências de evangelização e fizera uma confissão franca de seus pecados. Perguntei-lhe se ela também havia feito confissão perante o psiquiatra. Respondeu que não e acrescentou que para ela seria impossível fazê-lo. Com o psiquiatra ela já tivera cerca de 40 sessões ao preço de 20 marcos por sessão. Mas agora, dentro de meia hora, havia encontrado perdão por intermédio de Cristo, e nada lhe havia custado. Um médico, não sendo verdadeiro discípulo de Jesus, deveria abster-se da prática da psicanálise, para não correr o risco de cair em charlatanice psicoterapêutica. Novamente repito: no Novo Testamento as palavras “discípulo” e “cristão” não se referem a uma pessoa que meramente foi batizada ou que vai à igreja de quando em quando. Nossa condição de discípulo também não terá consistência se basear-se apenas no fato de nosso pai ter sido pastor ou evangelista, ou a avó ter sido mulher piedosa. “Quem não nascer de novo” não é discípulo de Cristo.

Psicografia. Um psicógrafo ou uma “planchette” é um aparelho usado nos círculos espiritistas como instrumento para receber mensagens escritas dos espíritos dos mortos. Mas como escreveu Isaías, “Acaso não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos?” (Is. 8.19).

Desde a publicação da terceira edição deste livro começou uma epidemia psíquica envolvendo a “planchette” — ou a assim chamada tábua ouija. Uma revista relatou que em 1967, nos Estados Unidos, foram vendidas cerca de quatro milhões de tábuas ouija. A tábua ouija é uma tábua em forma circular com as letras do alfabeto ao redor da circunferência e os números de 0 a 9 formando um círculo no centro. Usa-se em combinação com um pêndulo ou um copo, a fim de obter a informação por via do contacto com os mortos. E dessa forma aqueles que fazem uso desse instrumento recebem como herança a escravidão. Esqueceu-se o Senhor de ajudar? É por isso que as pessoas têm de consultar os demónios? Não, é lamentável dizer, não se trata apenas de um jogo com o subconsciente conforme alguns tentariam dizer-nos. Um relance de olhos nas consequências logo evidencia que não é este o caso.

Psicometria. Outra forma de adivinhação é a que se chama de psicometria. No livro Entre Cristo e Satanás o assunto é tratado em pormenor. Em essência a psicometria consiste em o adivinho segurar um objeto qualquer e então fazer declarações acerca do dono desse  objeto. Para ilustrar, citamos dois exemplos.

127. O conhecido clarividente holandês, Croiset, prelecionou sobre clarividência experimental, na cidade de Kaiserslautern, na Alemanha, na presença dos professores Bender, de Freiburgo, e Tenhaeff, de Utrecht. Pediu aos ouvintes que lhe entregassem objetos, acerca dos quais começou a enumerar dados, que foram confirmados como verdadeiros pelos donos dos objetos.

128. Um pastor relatou-me o que passo a expor. O pai constava como desaparecido de guerra havia três anos. A família não sabia se o pai ainda se encontrava vivo ou não. Certo dia foi visitada por um estudante. Quando soube do desaparecimento do chefe da família, pediu-lhes um objeto do desaparecido. Entregaram-lhe a última carta que êle havia escrito. O jovem concentrou-se nela e depois assegurou: “Êle ainda vive e se encontra em um campo de concentração nas costas do Ártico.” A seguir indicou até a região em um mapa da Rússia. O regresso do pai, alguns anos mais tarde, confirmou sua estada naquele campo de concentração.

Quiromancia. Para consideração do assunto da quiromancia indico o capítulo sobre adivinhação em meu livro Entre Cristo e Satanás. Assim, para não repetir o que escrevemos ali, cito apenas um exemplo para demonstrar as consequências dessa prática ocultista.

129. Por muitos anos um homem praticou a quito. Além disso era ativo curandeiro por magnetismo.
Com o correr dos anos desejou voltar à Palavra de Deus,
mas notou poderosa resistência interior. Cada vez que encontrava em contacto com coisas divinas, sentia forte
pressão e oposição interiores.

Remoção de Verrugas. A remoção de verrugas é uma arte popular muito duvidosa, que em parte é de caráter sugestivo e em parte de caráter mágico. Os dois exemplos que examinaremos em primeiro lugar ilustram o lado sugestivo deste problema.

130. Conheci um médico que vive numa cidade ao sul de Hanôver, que possui uma eficiente receita para a remoção de verrugas. Êle fricciona as verrugas dos seus pacientes e durante esse processo murmura as primeiras linhas da Odisseia: “Ennepe Musa andron polytropon hos mala polia epathen…” etc. Esta citação em língua que os pacientes desconhecem atua como feitiço misterioso e exerce influência sobre os tecidos epiteliais. As verrugas desaparecem pela sugestão.

131. Um médico dermatologista de Lorena, França, muito conhecido meu, tem um método um tanto desconcertante, para remover verrugas de crianças. Êle faz seus jovens pacientes colocar a mão sobre uma folha de papel em branco. Então passa o lápis em torno da mão, e assim obtém um desenho fiel da mesma. O paciente leva esse papel para casa e, no dia seguinte, tem de desenhar todas as verrugas no desenho da mão. Na segunda visita o médico lança esse papel ao fogo, diante da criança, e declara: “Pronto, agora as verrugas vão desaparecer em poucos dias.” Esse método dá muito resultado, mas com adultos não opera.

132. O método seguinte realmente opera com adultos. Friccionam-se as verrugas com um pedaço de toucinho e este, sob citação de um verso mágico, é enterrado perto dos cantos da casa ou lançado num sepulcro aberto. Não vou citar as palavras do verso mágico, pois se o fizesse, estou certo de que muitos iriam experimentar esse método contra verrugas.

133. Um bispo da Alemanha setentrional relatou-me um costume curioso encontrado em sua diocese. A remoção de verrugas, nos homens, é feita aspergindo-se as verrugas com água com a qual foi lavado um morto do sexo
feminino. As mulheres procedem de igual maneira, usando
a água onde foi lavado um morto do sexo masculino. En
quanto fazem isto, recitam um verso do livro “Clavícula
de Salomão” (6.° e 7.° Livros de Moisés). As verrugas
realmente desaparecem. O bispo acrescentou que este
tratamento tende a produzir lassidão sexual nos que o
praticam. Essas observações concordam com as minhas
experiências. Entretanto, diga-se de passagem, isto só
ocorre quanto à remoção mágica de verrugas e não no
tratamento sugestivo.

Simbolismo Numérico. O simbolismo numérico ou numerologia é um labirinto multiforme, do qual os supersticiosos não conseguem libertar-se. O mais conhecido é o azar com que costumam distinguir o n.° 13. Muitos hotéis não têm o quarto n.° 13. Quando estudante, eu mesmo morava em uma pensão estudantil, em Heidelberg, Alemanha, no quarto n.° 12-A. À direita e à esquerda estavam os quartos 12 e 14. E isto à sombra da universidade! Segue-se, agora, uma história de um pastor luterano, em cuja igreja estive fazendo trabalho de evangelização.

134. Um pastor fora convidado, por um médico, amigo seu, a uma festa de batizado. Depois da cerimónia religiosa o pastor passou à sala de jantar e foi convidado a
tomar lugar à mesa. Contou o número de talheres, relutou
em servir-se e, inopinadamente, levantou-se, afirmando: “Meu amigo há de me desculpar, mas não posso tomar
lugar à mesa. Aí estão 13 talheres. As consequências não
serão boas.” O  médico respondeu admirado: “Estranho ouvir isto justamente da boca de um pastor, cuja incumbência é afastar os homens da superstição.” Seguiu-se uma discussão animada, de caráter até humorístico, mas não lhe faltou um tom de seriedade. O pastor estava irredutível em seu ponto de vista. Resolveu-se, por fim, que as crianças seriam servidas na sala contígua, a fim de que na mesa festiva não houvesse os treze talheres malsinados. Três meses depois faleceu o filho mais novo do pastor. O médico foi ao sepultamento. Quando voltavam para suas casas, tornaram a falar sobre aquele batizado. O médico se opôs, pela segunda vez, às ideias supersticiosas do pastor. Na noite daquele mesmo dia adoeceu gravemente um filho do médico e na manhã seguinte estava morto. Após o sepultamento o pastor perguntou ao médico: “Acredita agora que o número 13 traz desgraça?”

Agora perguntamos: como pode esse pastor conciliar a mensagem de Cristo, que êle deve transmitir, com essa rematada superstição?

A vida quotidiana está cheia desta estranha simbologia referente aos números. Supõe-se que dá azar comprar bilhetes de loteria no 13.° dia do mês. Não se deve semear junto um número par de feijões. Um número ímpar de pintos dá melhor resultado do que um número par. Dá azar um navio sair no dia 13 do mês. é falta de sorte ser a terceira pessoa a acender o cigarro com o mesmo palito de fósforo. Em igrejas novas devem-se expressar três desejos; pois serão satisfeitos. Três cruzes sobre as janelas ou umbral da porta trazem sorte. E podíamos continuar citando exemplos. Melhor seria que tirássemos os olhos dessas ideias supersticiosas e que pedíssemos ao Senhor ensinar-nos a “contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (Salmo 90.12).

Sugestão Mental. A sugestão mental é um capítulo sombrio da magia. Abordo um pouco essa questão em meu livro Aconselhamento Cristão e Ocultismo (pág. 118), por isso vou mencionar apenas alguns exemplos que demonstram os graves efeitos do tratamento por sugestão mental.

135. Um tuberculoso foi a um especialista de pulmões. A radiografia apresentou uma caverna no pulmão, do tamanho de um ôvo de galinha. Imediatamente o enfermo foi transferido para um hospital em Davos, na Suíça. O médico disse à esposa do enfermo que o caso era perdido. Por isso a mãe desse homem foi ao curandeiro ocultista Graetzer, de Maria Einsiedeln. Mercê de bons honorários, Graetzer iniciou um tratamento do enfermo por telepatia. Contra a expectativa dos médicos e do próprio enfermo, o tratamento teve completo êxito. Entretanto, daí por diante o paciente passou por uma transformação fundamental de caráter e de religiosidade. Deixou de ser membro da igreja e afastou de si tudo quanto se relacionasse com religião. Mergulhou numa vida de vícios e de divertimentos, dando plena vazão ao seu instinto sexual. Ao mesmo tempo surgiram tentações de suicídio. Finalmente suas perturbações psíquicas e nervosas o levaram a buscar orientação espiritual. Cada vez que era solicitado a orar, sua concentração e sua memória lhe falhavam. Essa sensação de estar distante e ausente que às vezes é ocasionada pela oração é sintoma de que o cliente foi tratado por magias.

136. Na região de Appenzell (Suíça) e nos cantões vizinhos há muitos médicos que em casos desesperadores chamam a atenção dos seus pacientes para esses curandeiros que tratam por sugestão mental ou telepatia. Um clérigo, que fazia regularmente visitas aos doentes do hospital de St. G., declarou: “Todos os doentes que se submeterem, alguma vez, ao tratamento por sugestão mental não mais aceitam a Palavra de Deus, nem conforto espiritual.  Mostram-se insensíveis às coisas divinas.”

137. Um jovem de 19 anos começou a manifestar eczemas. Permitiu que um curandeiro que trabalhava com magia negra o tratasse por sugestão mental. O tratamento acabou imediatamente com as erupções. Mas depois disto o paciente manifestou transformação em seu comportamento interior. Antes lia a Bíblia e orava regularmente. Depois do tratamento tornou-se deprimido e não sentia mais vontade de ler a Bíblia e orar.

A sugestão mental e a telepatia são a contraparte demoníaca da oração intercessória do cristão. Para aquele que a oração e seu atendimento representam uma relação viva com Cristo, imediatamente compreenderá a duplicidade de Satanás. O diabo também cuida dos seus adeptos enquanto Deus o consente.

Superstição. A superstição, embora seja um tipo de atitude religiosa, é uma atitude divorciada de Deus. Muitas vezes traz consigo procedimentos e decisões dos mais tolos que se possam imaginar. Podemos ilustrar isto de um modo melhor citando um exemplo extraído do livro de Johann Kruse, Bruxas Entre Nós?

138. Vítima de terríveis ferimentos e moribunda, foi internada no hospital de Haltern uma mulher, três semanas após o seu casamento. Antes de sucumbir aos ferimentos, ainda pôde depor que fora barbaramente espancada até à morte, pelo marido e pela família deste. Uma cartomante de Gelsenkirchen havia assinalado a jovem mulher como bruxa. Logo depois do casamento irrompera na fazenda dos sogros uma peste entre os animais. Por isso buscaram conselho com a cartomante. A conselho desta, a infeliz mulher foi trancafiada em um compartimento escuro durante dias e lentamente atormentada até à morte por fome e espancamentos, pois, os camponeses estavam convencidíssimos da veracidade das afirmações da cartomante e cumpriam fielmente as suas ordens. A cartomante e a família dos camponeses foram presas.

139. Um pastor contou-me a respeito de um batizado. Para o domingo próximo já estavam marcados dois batizados. Mas um pai quis combinar ainda outro batizado com o pastor. Quando soube dos outros dois, cancelou o pedido. Declarou que três batizados de uma só vez significariam desgraça. Não foi possível ao pastor afastar a superstição do jovem pai. A criança só foi batizada mais tarde.

Há muitas ideias supersticiosas, especialmente com vistas a casamentos e batizados. Dizem as pessoas que o primeiro lugar a que a mãe deve ir após o nascimento de um filho é à igreja, e não deve falar com ninguém no caminho. Isto dá azar. Também não se deve levar a criança a passear de carrinho antes do batismo, pois, isto traria infortúnio. Apanhar o buquê da noiva numa cerimónia de casamento, diz-se que traz sorte. Carregar a noiva através dos umbrais da porta é considerado como fator de sorte, e assim poderíamos continuar citando. Mas se devemos “confiar no Senhor de todo o coração, e reconhecê-lo em todos os caminhos”, não haveria lugar em nossas vidas para esses costumes e ideias supersticiosas.

Telepatia. Facilmente se poderia ter a impressão, mediante a leitura deste livro, de que todos os poderes mediúnicos são maus. Contudo, em meu próprio entender, não é bem este o caso. Parece que existe uma pequena faixa de mediunidade neutra. Podemos ver isto de melhor maneira no fenómeno da telepatia.

Existe uma forma neutra de telepatia entre duas pessoas que se amam. Quanto mais forte o amor, tanto maiores a harmonia e o vínculo entre suas almas. Tais pessoas muitas vezes sentem ou pensam a mesma coisa sem realmente falar-se. É a telepatia do amor, e é a melhor forma de telepatia.

Também encontrei uma forma neutra de telepatia entre pessoas das mais primitivas tribos com as quais entrei em contato. Todavia, a palavra primitiva não é a palavra exata, visto como essas tribos muitas vezes conseguiram poderes mentais maiores e mais desenvolvidos do que os povos civilizados. Um de meus amigos, um jovem lapão procedente da Escandinávia, tinha um chefe que possuía poderes telepáticos. Esses poderes lhe permitiam entrar em contato com os vários membros de sua tribo ou chamá-los. O interesante é que variando o chamado, cada membro da tribo sabia quando estava sendo pessoalmente contatado ou convocado. Mas depois o chefe se tornou cristão. Perguntei-lhe mais tarde: “O senhor perdeu os poderes telepáticos quando se tornou cristão?” “Somente em parte”, foi a resposta. “Agora só posso entrar em contato com membros de minha família e dizer-lhes algo, mas não posso fazê-lo com o restante da tribo, nem convocar ninguém.” Foi muito interessante ouvir isto de primeira mão. Portanto prossegui e perguntei-lhe: “Acha que esses poderes telepáticos são mediúnicos ou demoníacos?” “Não podem ser demoníacos”, respondeu, “porque posso estar orando ao mesmo tempo em que recebo um chamado de minha mãe ou de meus irmãos. Mas percebo que existe algo demoníaco quanto à capacidade de convocar pessoas, porque, ao tornar-me cristão, perdi essa capacidade particular de controlar minha tribo. Na família, entretanto, penso que, como meio de contacto entre os que se amam mutuamente, não podem ser demoníacos.”

Surpreendi-me ao ouvi-lo dizer que êle também traçava uma linha divisória entre as formas neutra e demoníaca de telepatia.

Mas é preciso repetir que os poderes neutros da telepatia abrangem apenas uma pequena parte de todos os poderes telepáticos. E também não há prova real de que a capacidade deste chefe escandinavo era, na verdade, apenas um dom neutro antes que alguma consequência mediúnica resultante de seus antigos poderes demoníacos.

Devemos ser muito cuidadosos no trato com essas coisas, pois, o diabo está sempre tentando seduzir os crentes. Tenho encontrado, em meu trabalho de aconselhamento, muitas formas ocultas de telepatia no campo das práticas espiritistas, bem como no domínio da clarividência. A telepatia oculta é tão perigosa quanto qualquer outra forma de atividade oculta. Mas negar que realmente existem os poderes da telepatia é sinal de estupidez intelectual.

Teologia Moderna. (Veja Doutrinas Falsas, e Neo-racionalismo).

Terapêutica pela Côr. A terapêutica pela côr é uma especialidade da Nova Zelândia. Basicamente é uma forma de radiestesia, que descrevemos mais pormenorizadamente na seção referente ao uso do pêndulo e da varinha, n.° 32 do índice. É preciso dizer, de novo, aos racionalistas, que não se trata apenas de um aglomerado de mentiras e de uma questão de embuste. Na realidade ocorrem curas. Sim, ela ajuda as pessoas — mas o preço é elevado.

Todos os métodos de cura envolvem as ideias de diagnose e terapêutica. Pois bem, como funciona isto no caso da terapêutica pela côr? Para diagnosticar, utilizam-se de uma varinha adivinhadora, ou um pêndulo mecânico chamado “motor skopus”. A diagnose se baseia em poderes mediúnicos e não em terreno científico, segundo alegam os terapeutas pela côr. Podemos ilustrar esta verdade citando um exemplo da Nova Zelândia.

140. Um enfermo perguntou a um desses terapeutas: “Pode o senhor dizer qual a enfermidade de uma pessoa mesmo quando esta não esteja em sua presença?” “Sim”, foi a resposta. “Tudo o de que necessito é que a pessoa me telefone. Durante a conversa telefónica seguro um pêndulo e pelo contato que tenho com a voz determino qual a enfermidade.” Então o homem perguntou: “Pode o senhor diagnosticar a enfermidade de uma pessoa em outro país?” “Sim. Basta que a pessoa me envie algum objeto como, por exemplo, um lenço, fios de cabelo e assim por diante. Então uso o pêndulo sobre o objeto para diagnosticar a enfermidade.” Este exemplo me foi contado em Palmerston North.

O relato mostra claramente que se tratava de um caso de adivinhação mediúnica, ou de clarividência, e não de diagnose científica. Podemos ver isto mais claramente na declaração de um terapeuta pela côr, muito poderoso, que disse: “Não preciso de objeto para diagnosticar a enfermidade. Tenho apenas de concentrar a mente na pessoa interessada e imediatamente sei qual é a doença.” Naturalmente, nem todos os terapeutas pela côr possuem capacidades tão fortes e o método mais comum é usar uma varinha ou um pêndulo sobre o corpo da pessoa enferma, ou tomar a mão do paciente e usar o pêndulo sobre uma caixa que contém fios coloridos. Há muitas variações.

Consideremos o problema da terapêutica. A maioria dos terapeutas pela côr nada mais faz do que selecionar um fio colorido com o pêndulo e depois o paciente oscila este fio sobre a parte enferma do corpo.   Supõe-se que este ato acelere determinados raios ou vibrações relacionados com o corpo, de sorte a produzir a cura. Mas nem todos os terapeutas pela côr empregam tais fios. Alguns deles se utilizam apenas de seus próprios “poderes mentais” para influenciar o paciente. Sem dúvida, essas curas se realizam por meio de forças sugestivas ou mediúnicas. Contudo, o aconselhador cristão não está tão interessado na natureza médica do processo de cura ou no número de curas obtidas, quanto está na pergunta: “Qual o caráter desses poderes mediúnicos de cura, e qual o efeito que têm sobre o paciente?”

Tendo encontrado com forças mediúnicas e observado essas forças por mais de 35 anos de trabalho como conselheiro cristão, posso dizer que embora não as devamos equiparar diretamente com as forças demoníacas, elas representam, na realidade, uma porta aberta para que o diabo opere. Como eu disse, tenho visto o que essas forças podem produzir numa pessoa que entra em contato com elas e o mau efeito que podem causar na fé, no caráter e na saúde física do cristão. Por esse motivo previno as pessoas, com todo vigor que posso, contra o uso da terapêutica pela côr e de práticas semelhantes.

Os pregadores do evangelho que ativa ou passivamente usam a terapêutica pela côr têm causado muita confusão na Nova Zelândia. Por que os cristãos se intrometem com tais forças em vez de invocar o Senhor pela cura ou pelos dons do Espírito Santo?

Terapêutica pelo Magnetismo (Mesmerismo). A terapêutica magnetizadora e o mesmerismo constituem fonte de tanta discussão quanto o sejam as demais práticas de ocultismo. Em geral, médicos e cientistas rejeitam sua validade. Contudo, os ocultistas apoiam seu uso. A assistência espiritual me demonstrou que o magnetismo está em estreita relação com a magia. Trata-se, portanto, de um poder de ordem mediúnica. Encontrei essa faculdade em famílias entre cujos ancestrais havia ocultistas, em sua maioria benzedores. Do mesmo modo que encontramos o Novo Testamento falando sobre carismas, ou dons do Espírito Santo (I Cor. 12.9-10), também existem dons demoníacos, como se fossem os carismas do diabo. Os descendentes de benzedores evidenciam as seguintes faculdades: clarividência, hiperestesia, auto-sugestão, transe, telepatia, curandeirismo mágico, terapêutica magnetizadora, rabdomancia etc. No caso dos descendentes, as práticas mágicas dos ancestrais podem ser reduzidas, mas ainda sobram alguns dons. Esses dons podem, na realidade, diminuir e em alguns casos podem ser aparentemente neutralizados, mas levam consigo, para sempre, o odor característico da magia. O melhor de tudo é não cultivar tais dons nem deles se jactar. Portanto, os que possuírem dons mediúnicos devem suplicar a Cristo que os liberte dessas faculdades. E agora uns exemplos característicos.

141. Uma mulher foi ao consultório do Dr. Trampler, em Munique. Êle a tratou eficazmente das dores que ela sofria nas costas. Na consulta teve de manter levantados os dez dedos, como uma antena para as forças cósmicas. Ao voltar para casa estava organicamente restabelecida, mas, em contraposição, sentiu-se embaraçada em sua fé em Cristo. Não podia mais orar e sentia entre ela e Deus uma barreira intransponível.

142. Um professor, amigo meu, deixou-se tratar por um magnetizador, que era considerado cristão; do contrário meu amigo não teria buscado seu auxílio. Para certificar-se, o professor perguntou ao magnetizador: “O senhor, porventura, não se utiliza de poderes demoníacos?” Ao que êle respondeu: “As forças demoníacas são boas, pois os demónios nos ajudam!” Diante de tal resposta, o professor desistiu do tratamento.

143. Um terapeuta magnetizador, dotado de poderes para curar muitas doenças, tem o pai que antes dele expulsava moléstias e benzia animais.

144. Um terapeuta cristão, interrogado sobre sua capacidade de curar, respondeu: “A terapêutica magnetizadora natural é suficiente para apenas dois casos por dia. Quem tratar mais de dois pacientes não terá resultados ou então estará infalivelmente ligado ao submundo dos demónios.”

145. Um de meus amigos, pastor evangélico, relatou-me sua experiência com um terapeuta magnetizador. Há anos êle obtém curas notáveis. Meu amigo é testemunha de que uma menina aleijada de nascimento fora curada por meio de passes desse magnetizador. As torções e deformações desapareceram. Quando meu amigo e seu filho de 14 anos caíram enfermos, êle resolveu chamar esse terapeuta. Inicialmente perguntou ao homem: “O senhor tem seus poderes da parte de Deus?” A resposta foi afirmativa. A seguir, pastor e filho submeteram-se ao tratamento. O magnetizador não tocou os corpos dos dois pacientes, mas a uma distância de quinze centímetros fazia movimentos de riscos, ao longo da coluna vertebral. Interiormente o pastor orava: “Senhor Jesus, se este homem tiver forças que provenham de ti, então abençoa os seus esforços. Se, porém, não as tiver de ti, então me guarda e a meu filho do domínio dele.” Esse tratamento não trouxe melhoras. Alguns dias depois o magnetizador foi chamado para novo tratamento. Recusou-se, alegando: “Os senhores têm outro espírito.” Essa declaração demonstrou ao pastor em que pé estava com esse magnetizador.   Desistiu de outros tratamentos.

O pastor Modersohn, que era profundo conhecedor dos métodos de terapêutica ocultista, vez por outra dizia: “Noventa por cento dos nossos curandeiros, magnetizadores e mesmeristas trabalham com forças ocultistas, demoníacas. Antes de submeter-se ao tratamento de um desses homens é preciso certificar-se inteiramente de com quem está lidando. Deve-se tomar cuidado para não se deixar iludir pelos complementos religiosos com que fazem acompanhar seus métodos de curandeirismo.”

Transferência Oculta. A transferência oculta é outro setor misterioso da feitiçaria e da magia. De certo modo observa-se esse fenómeno também na vida do cristão verdadeiro. O exemplo, que a seguir relatamos, demonstra uma vez mais a transmissão de algo a um morto.

146. Faleceu uma moça de 20 anos de idade. Uma
mulher da vizinhança tinha um grande lunar vermelho no
pescoço; veio ter à casa da falecida e recomendou o lunar
à morta para que o levasse consigo para o sepulcro. Essa
transferência se realizou mediante a reza de fórmulas mágicas correspondentes. O fato estranho é que realmente o
lunar desapareceu.

Repetidas vêzes ouvi pessoas confessar-me que tiveram uma espécie de choque psíquico quando viram um defunto ou o corpo de uma pessoa que havia cometido suicídio. Alguns disseram que isto as afetara por anos seguidos.  Vamos citar dois exemplos para ilustração.

147. Um rapaz de 16 anos de idade viu quando um suicida foi retirado da água. Desde então viveu sempre atormentado por ideias de suicídio. Uma voz interior constantemente lhe dizia: “Enforca-te!” Por causa dessas vozes incessantes sofreu, aos 25 anos, um colapso nervoso.

148. Uma moça esteve presente quando retiraram do rio uma menina de oito anos, que morrera afogada. A moça sofreu tamanho choque, do qual não se recuperara em 15 anos. Não conseguia tomar banho nem atravessar uma ponte sem que fosse acometida de grande medo.

Ambos esses casos descrevem um tipo de transferência de natureza sugestiva.

Na minha clínica de assistência espiritual muitas vezes me referem que faculdades ocultas como rabdomancia, pêndulo, benzer e outras coisas mais, podem ser transferidas pelos ocultistas a outras pessoas. Um cristão jamais deveria servir de cobaia para tais demonstrações ocultistas.  Novamente alguns exemplos.

149. Um obreiro do Reino de Deus tinha no conselho deliberativo de sua igreja um membro que praticava a rabdomancia. Este presbítero tinha a prática do pêndulo e da varinha mágica na conta de científica. Certo dia também o pregador experimentou andar com a varinha. A varinha não se mexeu. A seguir o presbítero postou-se atrás dele e o segurou nos antebraços. Neste momento a varinha puxou para baixo. A partir daí o pregador possuía a faculdade de andar com a varinha. Mas ao mesmo tempo foi acometido de depressões e de perturbações em sua fé em Cristo. Muitas vezes êle e a esposa oravam juntos por causa dessas perturbações psíquicas. Tornou-se-lhe claro que essa transferência da rabdomancia lhe causara tais sofrimentos. Arrependeu-se diante de Deus e foi libertado da rabdomancia e das depressões.

150. Um pregador permitiu que um rabdomante lhe transferisse essa faculdade. Depois disso, êle também podia procurar água com a varinha.

151. Uma mulher, que durante a vida toda praticara a magia negra, verificou que era impossível morrer. Segundo o costume de muitos benzedores mágicos ela devia primeiro transferir a outra pessoa os seus poderes antes que pudesse morrer. Não tendo parentes, transferiu esses poderes a uma vizinha que a visitara. Quando essa vizinha estava para morrer, provou a mesma angústia. Somente pôde morrer depois de haver transferido essa faculdade a uma neta. A partir daí a pobre coitada foi acometida de graves espasmos, que duraram oito meses e que os médicos não puderam diagnosticar a causa. Passados esses oito meses, os espasmos desapareceram.

152. Sei de um homem que tinha o poder de usar
o magnetismo e que antes de morrer transferiu esse dom
ao filho mais velho.

No campo do feitiço de amor há, relativamente, muitas transferências. Repetimos uma vez mais que as experiências aqui expostas são de pessoas sãs e não de alucinações sexuais de doentes mentais. A diferença está em que tais pessoas, quando atormentadas, podem defender-se por meio da oração. Além do mais, as molestações têm fim quando o transmissor e a vítima estão separados por grandes distâncias. Um esquizofrénico, que sofre de alucinações sexuais e atribui essas cousas a quaisquer outras pessoas, fica com suas alucinações, mesmo que esteja afastado mais de mil quilómetros dessa pessoa. Vamos esclarecer com alguns exemplos.

153. Uma moça, prendada com delicadas qualidades
físicas e morais, foi aprimorar seus estudos em um curso
noturno. Seu professor era espírita praticante. Durante as
aulas sentia que o professor se aproximava dela de maneira inexplicável. Com esse professor ela começou a experimentar coisas que antes ignorava. Sentia haver intercurso sexual com tal homem sem que houvesse contato
físico. Desde então foi acometida de visões e experiências telepáticas. Durante as férias continuaram essas estranhas relações com o professor. Mas notou que a influência do espírita diminuía quando aumentava a distância entre eles. O intercurso sexual mágico nunca ocorreu a distâncias maiores de 16 quilómetros.

154. Uma conversa de orientação espiritual trouxe à tona um caso que muitas vezes verifiquei nas mesmas circunstâncias. Uma mulher, poderosa médium espírita, sofreu um acidente, havendo fratura do joelho e da pelve. Engessaram-na, e no terceiro mês teve um aborto. O médico ficou admirado, pois o embrião contava apenas dois meses. Interrogou a mulher para saber se ela tivera qualquer relação com o marido nesse tempo, porém êle sabia que era praticamente impossível, pois a mulher estava com a bacia engessada. Foi renovado o gesso e a mulher ficou engessada por mais três meses. O caso do aborto repetiu-se no terceiro mês. A mulher confessou então que, como médium, tinha a capacidade de manter intercurso sexual psíquico com o marido e também de conceber psiquicamente.

Esse exemplo é por demais difícil para a compreensão humana. Processos teleplasmáticos como esse ocorrem no espiritismo mais do que em qualquer outra parte. As transferências espiritistas se verificam também no domínio do amor sexual e aí são das mais repugnantes. Relativamente a esse domínio registrei muitas confissões. Nossos” missionários também relatam casos semelhantes colhidos nas missões. Como proteção interior, o melhor é sujeitarmos nossas mentes e pensamentos à disciplina do Espírito Santo, submetendo-os à aspersão do sangue derramado de Cristo.

As transferências também podem ocorrer em conexão com uma vida de oração intensiva. Quem quer que ore fervorosamente a favor de uma pessoa atribulada por forças ocultas deve render-se incondicionalmente à proteção de Cristo, pois, de outra sorte corre perigo de expor-se a uma transferência. Isto é de suma importância na intercessão a favor de pessoas molestadas por comprometimentos ocultos, endemoninhadas e possessas. Alguns exemplos para ilustração.

155. Uma mulher orava a favor de uma pessoa que havia tentado suicídio. Em assim fazendo começou a ter pensamentos semelhantes.

156. Um pastor intercedeu a favor de um enfermo psiquicamente, molestado por tentações de suicídio. Finalmente, o pregador também foi molestado pelos mesmos sintomas. O enfermo viajou para casa e pôs termo à vida com um tiro. No dia da morte o pregador foi acometido por graves tentações de suicídio, sem saber que aquele que estivera sob seus cuidados havia dado cabo da vida naquele dia.

157. Um pastor pentecostal impôs as mãos, muitas vezes, sobre um enfermo. Por fim êle sofria do mesmo mal, do qual veio a falecer.

158. Um oficial do Exército de Salvação orava por um homem que se comprometera com o diabo. Este homem é um sádico. Depois de alguns meses de intensivas intercessões, o próprio oficial se tornou sádico, irascível e começou a bater na esposa. Numa noite de lua cheia disse à esposa: “Eu teria vontade de hoje à noite entregar-me ao submundo dos demónios.”

159. Por longo tempo uma irmã de caridade prestou assistência espiritual a uma prostituta. A irmã intercedeu fervorosamente por essa moça decaída. O resultado foi muito esquisito. A prostituta ficou completamente livre de seu modo de vida passada, mas daí em diante a irmã era horrivelmente atormentada por tentações; sente-se atormentada por desejos indómitos que jamais notara na prostituta a quem ela amparara espiritualmente. Durante a intercessão houve, portanto, uma transferência. A libertação de um lado gerou opressão no outro.

160. Um pregador, que assistia espiritualmente a muitos doentes psíquicos, costumava trazê-los à sua casa a fim de tê-los sob cuidados mais diretos. Dia após dia verificava que esses enfermos ficavam livres por meio da oração. Durante o tempo em que havia tais enfermos em sua casa, seu próprio filho começou a ficar deprimido. Também essa criança ficou livre novamente pela imposição das mãos e da oração, segundo Tiago 5.14. Daí em diante esse pregador não mais acolheu em sua casa doentes acometidos de depressão.

161. Um bispo havia sido, por muitos anos, ativo espiritista. Sua filha, moça de atraente aparência e muito prendada, fisicamente estava entregue a toda sorte de vícios. Era alcoólatra e podia tomar 16 doses seguidas sem embriagar-se. Era fumante inveterada e viciada em morfina. Sua vida sexual não conhecia restrições. Possuía um gosto todo especial: aproximar-se de pastores e obreiros do Reino de Deus, a fim de seduzi-los. Certo dia participou de um retiro espiritual. Devido à perspicácia de suas perguntas e respostas, despertou a atenção do pastor que dirigia as conferências. Depois de uma palestra com a moça, levou-a consigo para a casa pastoral, a fim de continuar ali a ampará-la espiritualmente. A moça lhe afiançou que desejava entregar sua vida a Cristo mas não o podia. O pastor tentou orar com ela e pediu que ela se entregasse à proteção de Cristo. Não conseguindo a moça uma palavra de oração sequer, o pastor, movido de compaixão, colocou-lhe a mão no ombro por um só instante e ao mesmo tempo quis dizer-lhe uma palavra de consolo, extraída da Bíblia. Nesse breve momento o pastor sofreu tremendo impacto interior a ponto de tudo escurecer diante de seus olhos e sentir-se afundar num abismo sem fim. Seus lábios soltaram um grito de horror. A esse grito acudiram sua esposa e o diácono. Depois de alguns minutos, que lhe pareceram horas, recuperou os sentidos. Com uma expressão diabólica na face a moça encarou o pregador e perguntou-lhe: “Sabe agora quem sou eu? Já fiz cair a diversos.” Depois confessou que alcançara seus objetivos com um conhecido obreiro do Reino de Deus. Primeiro pedira conselhos espirituais e, logo após, seduziu esse pregador à prática do adultério. Ela mencionou o nome desse homem. Após a breve experiência com essa moça endemoninhada, o pastor, meu confidente, esteve durante três semanas acometido de melancolia. Mas, graças a Deus, pôde ficar livre de depressões. A moça demoníaca enforcou-se algum tempo depois. Após sua morte, o pastor que me narrou esta história visitou o obreiro de Deus citado pela moça a fim de, talvez, poder ampará-lo espiritualmente. As declarações da moça correspondiam à verdade. O pregador caíra sob as seduções dessa moça demoníaca e depois desse terrível acontecimento abandonou suas atividades pastorais.

A intercessão e a assistência espiritual são, basicamente, uma batalha contra os poderes invisíveis das trevas. Muitos combatentes já tombaram neste campo de batalha. Por isso devemos cingir-nos constantemente com a armadura do Espírito Santo. O apóstolo Paulo escreveu aos Efésios: “…embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno” (6.16).

162. Experiência muito dolorosa de transferência foi-me relatada pela esposa de um missionário na China. Disse-me ela que o marido visitara uma feiticeira moribunda; esta, quando jovem, se conjurava ao diabo e, como sinal, ostentava braceletes que nunca podiam ser desatados. O missionário levou-lhe a luz do Evangelho e intercedeu por sua alma, assegurando-lhe: “Se bem que durante toda a vida a senhora tenha servido ao diabo, ainda assim Cristo pode salvá-la na hora derradeira. Tente dar esse passo e desate os braceletes como sinal de abjuração.” Travou-se, então, horrível luta com os poderes maus da feitiçaria. Finalmente triunfou a graça de Deus. A mulher pediu uma tesoura e cortou os braceletes. Em face da morte, entregou sua vida confiantemente ao Senhor. Enquanto isso, houve uma tragédia na casa do missionário. Sua filhinha mais velha deu ao irmãozinho de dois anos um grão de soja que êle levou à boca. O grão de soja foi alojar-se na traqueia e a criança sofreu sufocação. O missionário, que teria sido capaz de fazer uma incisão na traqueia, encontrava-se junto ao leito da feiticeira. A mãe da criança não ousou realizar a intervenção. A criança fixou roxa. A mãe ajoelhou-se com as outras crianças e orou pelo filhinho já inconsciente. Nisto a criança abriu os olhos mais uma vez, fitou a todos com um sorriso radiante e caiu para trás; estava morto. Pouco depois o missionário voltou e relatou o que vira na casa da feiticeira. Quanto ao tempo, a sufocação do menino ocorreu no momento em que a feiticeira desatou os braceletes. Haverá nisto alguma relação? Quem nada entende da eficácia da feitiçaria verá nisto, no máximo, uma coincidência. Contudo, o trabalho de aconselhamento dos obreiros cristãos bem conhecidos evidencia que é frequente a simultaneidade de tais acontecimentos. Há transferências, nas quais o molestado por opressões ocultistas fica livre e o outro aprisionado. Isto não tem, necessariamente, de ser assim.   No caso supracitado, esse acontecimento lamentável poderia ter sido evitado se o missionário, nessa grave assistência espiritual, tivesse recomendado a sua família e a si próprio à guarda do sangue de Cristo. Quando se tratar de amparo espiritual a feiticeiros e médiuns notórios é sumamente necessário fazer-se acompanhar, na assistência, de mais um obreiro do Reino de Deus, ou então reunir, durante esse tempo, um círculo de oração. A missionária sentiu pessoalmente que a sufocação do filho tinha relação com o auxílio espiritual que o marido dispensara àquela feiticeira. A morte da criança, entretanto, não foi em vão. Depois desse acontecimento houve muito reavivamento espiritual nessa comunidade até então fechada à Palavra de Deus. Ao cristão de fachada e de tradição apenas, para o qual são estranhas as lutas espirituais do campo de batalha de Jesus Cristo, parecerá inacreditável um exemplo como o que acima relatamos. Os médicos também, orientados apenas cientificamente, levarão as mãos à cabeça. Que importa? As realidades do Novo Testamento, onde se lê, por exemplo, que os demónios expelidos se apoderaram de uma manada de 2.000 porcos, ultrapassam toda a miopia humana.

Umbanda e Macumba. Travei conhecimento com o culto de umbanda em Porto Alegre, por intermédio do Professor Krebs, durante uma viagem de preleções pelo Brasil.

O culto de umbanda, muitíssimo divulgado no Brasil, é de natureza composta. Pode-se descobrir suas origens nos cultos africanos introduzidos pelos escravos. A esses cultos foram acrescentadas algumas mágicas dos índios das Américas, alguns elementos espiritistas e alguns componentes católicos.

Pode-se descrever a hierarquia de umbanda como a seguir. A cabeça do movimento se constitui do Pai de Santo ou da Mãe de Santo. Sujeitos a esta liderança estão os Filhos de Santo, os filhos e filhas sagrados da seita. São, de fato, os Sambas, ou, em outras palavras, os médiuns.

A forma exterior de uma reunião de umbanda pode dividir-se em quatro partes. Estas são, primeiramente, sacrifício, pelo qual os admitidos são aspergidos com sangue de um animal, depois a reunião pública na qual atingem a um estado de êxtase através de horas de danças, depois uma festa de amor, e, finalmente, a colocação em ordem dos objetos de culto.

Qualquer pessoa que deseje conhecer a verdadeira natureza desses cultos religiosos de umbanda achará difícil obter uma resposta clara. A opinião geral é de que por meio da dança a mãe de santo se enche com o espírito de seu deus. Então ela abençoa as pessoas presentes, faz-lhes uma breve admoestação, casa os casais presentes, e impõe as mãos sobre os enfermos. Os membros do culto também podem dançar até ao arrebatamento e dessa forma encher-se com o espírito do deus do seu culto.

Não é preciso desperdiçar palavras dizendo que as reuniões religiosas desse tipo nada têm em comum com o verdadeiro Cristianismo, mesmo que nelas apareçam diversos símbolos cristãos.

A macumba apresenta um quadro mais estranho ainda. Os umbandistas repelem com vigor quando vinculados com o culto da macumba. Sempre diriam: “A macumba é uma forma de espiritismo, baixa e criminosa, ao passo que a umbanda é uma forma espiritual superior.”

A palavra macumba não tem definição simples. Muitos dizem que deriva de um dançarino de jongo chamado Cumba. Portanto, a magia que êle praticava chama-se macumba. Outros dirão que a palavra remonta ao espírito de Kiumba, um demónio de infortúnio.

Macumba é uma mistura de magia negra e de uma forma criminosa de espiritismo. O culto se orienta francamente acerca do deus do mal e do infortúnio. De acordo com a Bíblia, seu verdadeiro nome é Lúcifer ou Belzebu. Supõe-se que este deus seja apoiado por toda uma hierarquia de demónios. Estes se chamam exu. O objetivo básico da macumba é descobrir meios e recursos para perseguir os inimigos ou deles defender-se. Para realizar isto, colocam oferendas nas encruzilhadas das estradas para o exu, a quem eles acreditam frequentar tais lugares em suas correrias de um lado para outro. Mas o melhor modo de ilustrar tudo isto é com um exemplo.

163. Um homem foi a uma reunião de macumba e perguntou se sua esposa poderia ser assassinada. A dirigente do culto tomou uma boneca de trapo e mais tarde, à meia-noite, levantou-a para a lua minguante. Depois ela espetou uma agulha na boneca diversas vezes e murmurou algumas maldições e frases mágicas. Finalmente a boneca foi deixada numa encruzilhada juntamente com algumas ofertas sacrificadas. Isto era para lembrar aos demónios que matassem a esposa daquele homem. Mas a mulher não morreu. Ao contrário, o marido é que foi assassinado. A feitiçaria atingiu, portanto, não o inocente mas o culpado. Deus jamais entrega a outrem as rédeas de seu governo. Só Êle tem domínio sobre a vida e a morte, e não os demónios.

Não entraremos em maiores detalhes Sôbre a macumba porque já o fizemos no livro Jesus auf allen Kontinenten.

Todavia, há outro fato que devo mencionar. No Rio de Janeiro vim a conhecer uma mulher que por 23 anos tinha sido líder do culto da macumba. Ao fim desse período ela fora libertada maravilhosamente por um ato poderoso de Deus. Hoje ela vive como um dos mensageiros de Cristo, já tendo mostrado a muitos o caminho para Aquele que a redimiu. – E com isto parece que chegamos ao fim do alfabeto do diabo.

III. A LIBERTAÇÃO POR INTERMÉDIO DE CRISTO

1. Todos os exemplos aqui arrolados, frutos da assistência espiritual, comprovam que os costumes supersticiosos e ocultos, não importa sob que formas se apresentam, acarretam sempre consequências mais ou menos perigosas. Muitas destas consequências podem ser entendidas, em parte, como efeito de uma sugestão ou de auto-sugestão, pois, em muitos casos a influência penetra as áreas subconscientes da mente humana. Embora possamos, conscientemente, rir da superstição, considerando seu ponto de vista lógico, nosso subconsciente pode ser induzido a cumprir o que conscientemente ridicularizamos. Esta compulsão ao cumprimento existe em combinação com a superstição. As coisas que tememos ou das quais nos rimos tendem a tornar-se verdadeiras. Até aqui os psiquiatras, psicoterapeutas e psicólogos nos entendem muito bem, pois, todos estes fatos são perfeitamente compreensíveis e facilmente comprovados pela ciência.

É quando entramos na área dos fatos mágicos e espirituais, dos acontecimentos transcendentais e sobrenaturais que contradizem nossa razão, que o cientista é incapaz de acompanhar-nos. Há uma ordem natural superior na qual não vigoram as simples leis de causa e efeito. Esta ordem não está sujeita à análise científica; só pode ser entendida pela fé. E este mundo da fé não é um mito e não é apenas produto da imaginação. Não, êle pode ser experimentado e reconhecido tanto por meio de sua natureza demoníaca como por meio de sua natureza divina. A fé realmente requer o reconhecimento de ordens superiores. O Novo Testamento dá o nome de Elenchos a este reconhecimento e a esta convicção. Para o crente este reconhecimento e este elenchos é tão válido quanto uma demonstração matemática. Por exemplo, a ressurreição não se prova científica ou matematicamente; só pode ser entendida pela fé. Mas a realidade da ressurreição é um fato para o crente, assim como a tabuada de multiplicar o é para o matemático. Nesta ordem natural superior o acontecimento mágico, demoníaco é a contraparte dos fatos espirituais da Bíblia. Tal como o mundo bíblico tem por objetivo a redenção, a nova criação, a consumação final, a perfeição, assim a magia leva à destruição, ao caos, às trevas.

Se bem que esta ordem natural superior não esteja submetida às leis comuns do argumento e da razão, existem, todavia, indícios, confirmações, relações frequentes advindas do contato entre as duas ordens, a natural e a sobrenatural, que deixam transparecer os característicos de tais acontecimentos sobrenaturais. Com isto não quero, de maneira nenhuma, abrir caminho a uma forma de teologia natural.

Como, então, a superstição e o ocultismo se encaixam no quadro? O fato é que os cientistas naturais não reconhecem o caráter mágico de seus efeitos. Enquanto estes não se enquadrarem na estrutura clássica das molésticas, permanecem incompreensíveis para eles. Mas ainda que fosse possível classificar seus efeitos, mesmo assim existiriam erros terríveis de diagnose. Do mesmo modo que um evangelista pode cometer o engano de tomar uma depressão endógena ou esquizofrenia por um caso de possessão, assim também pode o psiquiatra tomar erradamente um caso de demonização, sujeição oculta ou possessão por psicose. Em ambos os casos seria um terrível erro de julgamento. Nem o psiquiatra, nem o teólogo é totalmente infalível quando entra em contato com o enfermo psíquico. Por isso, se recusamos ouvir-nos reciprocamente ou não reconhecemos os limites de nossa obra, não temos o direito de exercer nossa profissão.

Para que possamos ver num relance os sintomas e efeitos mais frequentes da sujeição oculta, devemos agrupá-los sob três títulos principais. A maior parte desses efeitos foi ilustrada de um modo ou de outro nos exemplos que citamos, mas onde julgarmos necessário, vamos suplementar a lista.

(I) No domínio espiritual: nenhum sentido para as coisas espirituais; fanatismo; falta de paz; intolerância; indiferença; orgulho espiritual; farisaísmo; falta de concentração com relação à Bíblia; auto-retidão; cinismo; dureza de coração; descrença absoluta; demência religiosa; dúvida; fechado à ação do Espírito Santo; oposição à religião e assim por diante.

(II) No domínio psíquico: estados de ansiedade; casos extremos de enurese; depressões; teimosia; perversão sexual; falta de freios; ataques de ira; bisbilhotice; cleptomania; pensamentos blasfemos; concupiscência; neuroses; sentimentos de revide; sonambulismo; pensamentos suicidas; rixoso; paixões; pesadelos; alcoolismo; implacável; alucinações; ações compulsivas e assim por diante.

(III) No domínio orgânico: ataques e acessos anormais; opressões herdadas; moléstias crónicas da pele e
do couro cabeludo; epilepsia; cólicas histéricas; paralisia;
abortos frequentes; doenças nervosas; surdez; dança de
São Vito; repuxões e assim por diante.

Contudo, não se pode supor que esses sintomas sempre indiquem uma causa ligada a ocultismo, embora seja frequentemente o caso. Há ocasiões, não obstante, quando a enfermidade e as opressões desta natureza têm uma causa que se pode comprovar clinicamente. O único fato que estamos tentando estabelecer é que em muitos casos, onde as pessoas se envolveram em superstição e feitiçaria, esses sintomas aparecem. Mas podemos acrescentar que mesmo provando que existe alguma coisa natural para a enfermidade, isso não elimina a possibilidade de sujeição oculta desempenhando algum papel. Todavia, devemos dizer novamente que se a declaração “A sujeição oculta conduz a doenças nervosas e psíquicas” fôr invertida para significar “As doenças nervosas e psíquicas são um sinal de sujeição oculta”, então ocorreu um terrível curto-circuito. As depressões e que tais podem ser causadas por muitas outras coisas além do ocultismo.

2. Qual, pois, deve ser nossa atitude em relação a todos esses efeitos e opressões da superstição e do ocultismo? Devemos apenas resignar-nos? Podemos interceptar esse caudal largo e turvo? Há uma defesa eficaz? Na verdade, muito se pode fazer para barrar a difusão e as consequências da superstição. Um método fácil é adotar a atitude de que tudo não passa de tolice. Conheço psicólogos que proferem discursos brilhantes com esse fito, alegando: “A superstição é pura tolice resultante da falta de esclarecimento.” Não é de meu feitio combater adversários imaginários. Quem destarte superficializa todo este problema, não atingiria com seus métodos de defesa o centro do domínio sinistro da superstição. Aliados mais eficazes poderiam ser as autoridades instituídas se tivessem maior compreensão para o combate à superstição. Infelizmente nosso próprio processo educativo estimula a propagação de ideias supersticiosas. Já muito cedo as crianças chegam a conhecer, na casa paterna e na escola, a superstição, a bruxaria e a feitiçaria. Isto provavelmente acontece por ignorância, visto que nada sabem acerca das consequências aterradoras da bruxaria. A tarefa urgente com que nos defrontamos é a de fazer desaparecer do cenário os inúmeros contos de fadas saturados de histórias de bruxas e feiticeiros, e muitos filmes e representações com igual motivação. O material de ensino audiovisual e de toda espécie cala profundo no caráter infantil. A psicologia de profundidade nos lembra do efeito que os quadros podem ter sobre a mente do jovem. E essas impressões causadas na mente do indivíduo raramente se erradicam. Elas apenas são cobertas por uma fachada de intelectualismo e pensamento lógico, mas verificamos que a vida adulta ainda é governada, em grande medida, pelo material que o indivíduo absorveu no processo de crescimento. O adulto zomba da superstição, mas está enterrado nela até o pescoço. Jamais se desculpará que publicações cristãs, distribuídas entre as crianças na escola dominical, contenham histórias de bruxaria. É motivo de regozijo, por exemplo, que o governo de Durban (África do Sul), tenha resolvido, em 1949, que sejam eliminados dos livros didáticos os cruéis contos de fadas. No ano de 1950 os jornais divulgaram que o governo japonês instituiu em seu ministério da educação uma comissão para dar combate à superstição. Nós, na Europa esclarecida, ainda não alcançamos esse ponto. Assim dou inteiro apoio ao Arquivo Hamburguês para o combate à superstição, se bem que tenha outro juízo dos costumes supersticiosos.

3. O único método real de defesa contra a superstição e o ocultismo é Cristo. Isto nos leva de volta ao ponto inicial. Somente por meio de Cristo podemos avaliar as profundezas da magia e da superstição, e só pormeio dele podemos vencê-las, pois, só Êle venceu o príncipe deste mundo e somente Êle pode vencer as intrigas de Satanás. Por sua morte na cruz e pelo poder de sua ressurreição, Cristo, em sua marcha triunfal, arrasta cativos todos os poderes demoníacos. Para ilustração, seguem-se alguns exemplos de casos de libertação.

164. Um menino de 13 anos de idade queixava-se de cansaço e dores nas costas. Inicialmente os pais achavam que eram consequência de trabalho excessivo, porque as crianças dessa família pobre tinham de ajudar no amanho da terra. Vendo que o rapaz não melhorava e cada dia ficava pior, o pai mandou-o ao médico. Depois de meticuloso exame, o médico diagnosticou tuberculose da medula da coluna vertebral. Declarou ao pai do menino que não estaria em condições de ajudar o rapaz, pois, devia tê-lo trazido bem antes, quando a tuberculose ainda não estivesse em grau tão adiantado. Atormentado, o pai perguntou ao médico o que poderia fazer. Este retorquiu: “Vá com o rapaz ao senhor H. em P. Este homem tem mais poderes do que nós, os médicos.” O pai se pôs a caminho com o filho e finalmente se encontraram no consultório de um feiticeiro. Nas paredes da sala de espera havia diversos atestados de reconhecimento por parte das autoridades, agradecendo por contenções de pestes e por outras curas miraculosas realizadas. O mágico fêz o menino postar-se diante de um grande espelho. Depois de ter observado atentamente o rapaz, disse: “Menino, o teu caso é muito sério. Deverias ter vindo mais cedo. Mas vamos ver o que é possível fazer.” A seguir fêz três cruzes sobre o corpo do rapaz, correu a mão três vezes ao longo da coluna vertebral e murmurou certa frase latina. Entregou-lhe, a seguir, tintura de arnica com a ordem de todos os dias mandar friccionar as costas com esse medicamento. Depois de um mês deveria voltar. O benzedor ponderou ao rapaz: “Tu deves acreditar em mim para que o tratamento dê resultado.” Ao sair o rapaz observou que todos os clientes do mágico estavam de posse de vidrinho idêntico, com o mesmo remédio. Realmente, o mágico ministrava só esse medicamento, quer os pacientes sofressem de enxaqueca, quer se queixassem de alguma distorção ou de qualquer ferimento externo. Somente em casos de envenenamento de sangue êle receitava uma papa de farinha de milho, que tinha de ser aplicada quente. O essencial no processo das curas não eram os dois medicamentos, mas os passes mágicos sob invocação dos nomes da Trindade ou de três nomes diabólicos. O rapaz foi ter três vezes com o mágico e ficou completamente restabelecido através do tratamento ministrado. Fêz-se homem alto e robusto. Quando casou, a esposa, que era de orientação cristã, procurou levá-lo a reuniões de estudos bíblicos. Ali a Palavra de Deus o alcançou e êle decidiu seguir a Cristo. Desde então foi acometido de graves tentações, depressões e ideias de suicídio. Esse homem atormentado relatou-me, durante a assistência espiritual, que sua vida transcorrera normalmente desde a cura operada pelo mágico. Somente quando começou a orar e a ler a Bíblia é que se iniciou uma confusão infernal. Alegou que, sem que o soubesse, o mágico o consagrara ao diabo. As depressões avultaram de tal modo que por três vezes tentou o suicídio. Um médico, chamado para prestar socorro, ao ver pela embalagem a dose de veneno que o quase-suicida tomara, declarou: “Este veneno teria sido suficiente para matar dez pessoas.” Nessas semanas de gravíssimas tentações, a esposa bem como um círculo de orações de pessoas devotadas a Cristo intercederam por êle. Além disso, diversas vezes irmãos da igreja oraram com êle sob imposição das mãos. A luta durou alguns dias. Cristo, porém, triunfou igualmente sobre esse homem. Êle foi libertado inteiramente dos grilhões que o prendiam aos poderes das trevas por intermédio do tratamento de H. Onde abundara o pecado, superabundava a graça de Deus.

165. Uma mulher veio ter comigo em busca de auxílio espiritual. Apesar da confissão, não alcançava a certeza da salvação. Como os empecilhos à sua fé se assemelhavam ao fenómeno da resistência a Deus, perguntei-lhe se não tivera alguma ligação com práticas de ocultismo. Veio à tona o seguinte: Ela e os irmãos, em casos de doença, sempre eram benzidos pela própria mãe que lhes cruzava os braços enquanto, em nome da Santíssima Trindade, proferia uma fórmula mágica. Quando eu quis saber dessa mulher qual o estado psíquico dos irmãos, ela declarou que todos sofriam de depressões. Ainda padeciam sob tentações sexuais. Os irmãos gostariam muito de entregar-se a Jesus — às vezes lutavam em oração por isso — mas sempre caíam de novo no outro extremo, rejeitando tudo quanto é divino. Certa vez a irmã lhe teria dito: “Estou sob maldição!” Mostrei a essa mulher atribulada o caminho para Cristo e indiquei tudo quanto lhe era necessário para vencer a sujeição oculta. A mulher, com isso, foi para casa e durante toda a noite invocou a Cristo, lutou, e naquela noite foi libertada pela graça de Deus. Alguns dias depois veio ter comigo uma vez mais e me relatou, radiante de alegria, que agora estava inteiramente libertada e que se sentia feliz e livre como jamais se sentira na vida.

166. O poder pérfido da superstição transparece com toda sua nitidez no ocorrido com um pastor evangélico. Este pastor ficou famoso durante o domínio nazista na Alemanha por uma publicação contra o livro de Rosenberg, “Mythos des 20. Jahrhunderts” (“Mito do Século XX”). Naquilo que pregava e naquilo que ensinava opunha-se violentamente a todas as formas de superstição e de costumes do ocultismo. Certo dia resolveu arranjar uma prova convincente contra a adivinhação. Pediu a um astrólogo que lhe confeccionasse um horóscopo minucioso e meticuloso. Com tal horóscopo julgava ter em mãos uma prova que demonstrasse a futilidade da superstição, se pudesse observar, ano por ano, como o horóscopo não daria certo. Não viu essa esperança realizada. Tomado de um sentimento sinistro, o pastor verificou que a realidade do horóscopo se cumpria implacàvelmente. Durante oito anos observara sombriamente o processo da realização. Finalmente notou em si próprio a maldição dessa superstição. Arrependeu-se e novamente colocou sua vida sob a guarda de Jesus. Daquele dia em diante o horóscopo não dava mais certo. Repentinamente sua vida começou a transcorrer de modo diferente daquele indicado no horóscopo. Teria sido, antes, vítima de sugestão? O seu subconsciente crera no horóscopo? Fora êle vitimado de compulsão de cumprimento? Êle, o pastor evangélico, fora agarrado pelas presas de uma astrologia demoníaca? As indagações permaneceram sem resposta. Em todo caso, Cristo se evidenciou o grande libertador. A malha da superstição foi rompida. Por esforço próprio isto não teria sido possível. Pois durante oito anos tivera de experimentar em si próprio o sinistro poder da adivinhação.

167. Um belo testemunho de libertação por intermédio de Cristo é o atendimento das preces de uma moça que hoje é uma obreira social cristã. Essa moça é filha de um conhecido homem de Deus, por Êle dotado com vários dons do Espírito Santo. Esse obreiro do Reino do Senhor hospedara em sua casa, para melhor atendimento espiritual, a um homem que sofria de sujeição ocultista. Esse torturado homem passava as noites em terríveis angústias e tentações. Era como se fosse tangido por fúrias. Os motivos desses ataques eram claros. Em sua juventude praticara muita feitiçaria e agora estava pagando por seu atrevimento. A filha do pastor participava do círculo de oração que intercedia junto a Deus por esse homem. Certa noite desenvolveu-se uma luta estranha. A moça sozinha, ajoelhada em seu quarto, orava pelo homem atribulado. Em suas lutas e preces ela pediu ao Senhor que lançasse sobre ela o fardo do homem molestado, libertando-a em seguida. Com fé pura e singela, estava diante do Senhor. Repentinamente sentiu poderes macabros em seu quarto. Sentiu-se agarrada e lançada ao chão. Não pôde mais levantar-se. Ficou no chão horas a fio. Conseguia apenas suspirar: “Senhor, ajuda-me!” Naquela noite a moça experimentou um terrível inferno. Pela manhã saiu tarde do quarto e se arrastou até à sala de estar. Ao avistá-la, a mãe gritou: “Filha, o que há contigo?” A moça estava horrivelmente desfigurada, exausta, mortificada de cansaço e quase incapaz de falar. Contou à mãe a luta da oração. Seus pais exortaram-na insistentemente a que nunca mais tornasse a fazer tal coisa. Uma hora mais tarde o hóspede molestado saiu do seu quarto. Alegre e descontraído, entrou na sala de jantar e relatou, radiante de regozijo, que o Senhor o libertara na noite passada. Estava como que renascido. Desde aquela noite, suas opressões e seus ataques tiveram fim. O Senhor atendera à prece daquela serva fiel, concedendo uma libertação permanente ao homem atribulado. A moça, pessoalmente, também não sofrera consequências. Recuperou-se rapidamente dessa luta da fé.

Jesus reina em glória,
teve esplêndida vitória.
Tudo o Pai lhe submeteu.
Toda língua, pois, confesse:
Cristo é Rei, e não perece
quem se inclina ao trono seu.

Um professor crente, ex-cooperador de Johannes Seitz, de Teichwolframsdorf (Alemanha), entregou-me alguns relatórios de seu trabalho. As experiências são testemunhos a favor de Cristo, tão vigorosos e maravilhosos, que serão transmitidos ao público para honra de Jesus. Os relatos são confirmados quanto à sua veracidade por uma série de testemunhas contemporâneas, obreiros do Reino de Deus. Sem nenhum exagero, transmito fielmente o que me foi confiado.

168. Meu relator assumiu um emprêgo como professor num povoado de ricos camponeses. Como os acomodados agricultores, em sua opulência e fartura, não necessitavam de um Salvador, o novo professor distribuía folhetos cristãos em todas as casas. Já que eles não vinham à igreja, a igreja ia a êles. No exercício dessa atividade, certo dia o jovem professor foi interpelado por um homem rico e rude: “O senhor, porventura, acredita no que está escrito em seus folhetos?” “Sim, lógico, pois do contrário eu não distribuiria essa literatura”, retorquiu o mestre-escola. “Ê possível crer, realmente, que isso seja verdadeiro? Não se trata somente de frases piedosas?” continuou o lavrador. O jovem testemunha de Cristo respondeu: “Aquilo foi escrito por cristãos de convicção. O senhor pode confiar nesses relatos.” “Pois é, isto é que eu queria saber antes”, asseverou o camponês. “Eu li o folheto do domingo passado. Refere o folheto à cura de uma doença pela fé. O seu Jesus é capaz de curar também a minha esposa?” O professor respondeu: “Estou certo que ainda acontecem milagres. Caso contrário não seria verdadeira a palavra: ‘Jesus Cristo, ontem e hoje é o mesmo, e o será para sempre’.” “Então tomo o senhor pela palavra”, prosseguiu o lavrador. “Venha ver a minha mulher. Os médicos não conseguem ajudá-la.” “Mas o que há com sua mulher?” indagou o professor. “Uma doença nervosa ou algo pior. O seu Jesus poderá curar casos assim?” quis saber o lavrador. “Jesus poderá curar tudo, mesmo quando tenham sido esgotados todos os recursos humanos”, retorquiu o professor.

O lavrador tomou a direção de casa, no que foi seguido pelo jovem mestre-escola. Estranhamente, porém, não se dirigiu à moradia, e, sim, ao galpão. Tomou de uma escada e subiu ao sótão, seguido sempre pelo professor, que se admirava muito do que via. “Lá no último canto é o quartinho de minha mulher”, esclareceu o camponês. Chegaram até uma porta muito bem trancada. Uma barra de ferro, com um pesado cadeado, mantinha-a firmemente aferrolhada. O lavrador abriu e empurrou o seu acompanhante para o interior do quarto e se postou, imediatamente, com sua figura imponente no vão da porta, a fim de impossibilitar a retirada. O professor foi recebido numa atmosfera repugnante. As paredes estavam manchadas de fezes e sangue. A janela era guardada por uma grade. Uma cama desarrumada era o único móvel da mansarda. Um poder das trevas investiu contra o professor. Êle orou fervorosamente: “Senhor, guarda-me com o teu sangue. Protege-me do poder de Satanás. Assiste-me, Senhor, pessoalmente. Eu não sei o que está acontecendo aqui. Tu, porém, tens poder sobre tudo.” Então o cobertor se moveu. Apareceu uma cabeça calva, de rosto pálido e horripilante. Por um momento ela fixou o intruso. Ato contínuo jogou a um lado o cobertor e pulou da cama. Abaixou-se qual fera que prepara o salto. O professor permanecia imóvel, orando, pedindo incessantemente pela proteção do Senhor. A demente precipitou-se sobre êle e fêz um movimento como se quisesse arrancar-lhe os olhos. Meio metro diante dele ela baixou os braços. Correu em torno da cama e se preparou para novo salto. Assim continuou por algum tempo. Saltava sobre o professor e o rodeava como um animal ante a presa abatida. Em convulsões horríveis aproximava-se até um passo de distância do professor em oração, e então recuava. A fúria da demente, na realidade a raiva dos demónios, aumentava. A possessa começou a blasfemar contra Cristo de maneira horrível. Amaldiçoava e gritava de tal modo que o próprio marido ficou tomado de espanto. Ela levantava os trapos da combinação e mostrava suas costas desnudas aos homens. O professor clamava incessantemente pela proteção de Cristo contra tal poder satânico. Nisto se convenceu de que não se tratava de demente, porém de mulher possuída pelos demónios. Neste campo êle possuía muito pouca experiência. Sem que soubesse ou quisesse, estava, pela primeira vez, diante de tão triste caso. Nessa luta as suas forças se multiplicavam. Pediu ao Senhor que ordenasse à possessa que se recolhesse, calma, à sua cama. Instantaneamente foi ouvido. A mulher deitou-se tranquilamente. Tal sossego, porém, foi de curta duração. Minutos após, ei-la de pé, pronta para atacar. A luta recomeçava. Finalmente, cheio de coragem, o professor ordenou com voz possante: “Jesus é vencedor” Imediatamente a mulher se recolheu à cama e permaneceu calma. A luta parecia estar no fim. O camponês lembrou ao visitante: “Agora podemos sair andando.” Êle trancou a porta. Fora, êle declarou:

“Nunca ela se comportou assim. Jamais experimentei cousa igual com ela. O senhor ainda tem coragem de crer em cura?” Ainda extenuado pela luta o professor respondeu: “Sim, Cristo pode curar a sua esposa. Os médicos não serão capazes de fazê-lo, mas se o senhor confiar sua vida a Cristo e também orar por sua esposa, ela pode ser curada.” “Eu não sei orar”, respondeu o camponês. “Então comece hoje mesmo”, aconselhou o professor. “Por favor, faça-o por mim. Eu não posso crer que essa mulher recupere as suas faculdades mentais e a sua saúde. Tenho dois pareceres de psiquiatras dizendo que ela é incurável. Já na clínica de doenças nervosas ela se portou como um animal. Arrancava os cabelos, despia-se completamente. Comia suas próprias fezes e atacava fisicamente a todos, inclusive aos médicos e enfermeiros. E continua fazendo assim lá no quartinho que lhe reservei. Essa mulher ainda poderá ser curada?” O professor retorquiu: “Por que o Deus Onipotente não poderá socorrer as suas infelizes criaturas? Sua mulher não está doente. Ela está possessa de poderes das trevas. Isso não recua com tratamento médico, mas unicamente por meio de intercessão e de jejum contínuo.” Aflito, o lavrador perguntou: “Como é possível uma pessoa chegar a tal estado de opressão?” “Por meio de feitiçaria e superstição, cartomancia e simpatia”, esclareceu o professor. “No caso de sua esposa, provavelmente há espiritismo em jogo. Presumivelmente se ocupava com levitação de mesa, evocação de mortos e coisas semelhantes. Esta impressão me ocorreu durante as preces há pouco lá naquele quartinho.” “Isto pode estar certo”, observou o camponês. “Minha mulher cultivava essas coisas.” A seguir o professor perguntou a seu interlocutor com toda a seriedade: “O senhor reconhece que essas práticas são pecados gravíssimos e abominação?” “Sim”, foi a resposta. “Esta confissão será válida também para a sua esposa?” prosseguiu o professor. “Sim!” — “Está bem, então intercederei por sua mulher”, afiançou o professor. “Mas minha mulher é completamente louca. Também os médicos declararam a sua incurabilidade. Como pode o senhor afirmar agora que minha esposa poderá recuperar a saúde? Não posso acreditar no que ouço. Quero ver se seu Deus é tão poderoso.” Nisto os homens chegaram ao portão, onde se despediram.

Todo agitado, o professor tomou o caminho de casa. Sérias reflexões lhe passavam pela mente. Em que se envolvera, êle, um simples iniciado na fé? O camponês, esse mundano, jamais se interessaria por Deus, caso Cristo não levasse de vencida essa luta. Então êle se tornaria escarnecedor e blasfemador, como quem experimenta pessoalmente a debilidade dos cristãos e de seu Deus. Todas essas dúvidas e necessidades levaram o professor à oração. Sua súplica foi: “Senhor Jesus, sê gracioso e misericordioso e ajuda essa mulher cativa do diabo. Ela não tem de quem valer-se senão de ti! Inclina os teus ouvidos à minha oração. Atende-me pela mediação do teu Santo Nome.” O professor nada contou à esposa do que havia ocorrido. Não queria envolvê-la nesse caso terrível.

No domingo seguinte, novamente êle foi com seus folhetos de casa em casa. Passando pela casa da possessa, quis ir adiante. Mas o camponês estava no portão. A intenção do professor era passar apenas com um gesto de cumprimento. Mas o homem o chamou: “Por favor, meu senhor, tenha a bondade de entrar! Tenho algo para mostrar-lhe.” O professor pensou: “Agora vamos de novo ao sótão onde está a possessa.” Enganou-se, porém. O camponês o conduziu à cozinha. Lá estava a mulher, bem vestida, junto ao fogão, preparando o almoço. Ela não o reconheceu. O professor também evitou falar em sua doença. O seu coração, entretanto, transbordou de gratidão a Deus que se revelara tão maravilhosamente a essa mulher.

Na sala de estar o camponês relatou o desenrolar dos acontecimentos. Na segunda-feira quis, como de costume, levar a merenda de sua esposa no seu mísero quarto. Mas, naquela manhã sentara-se pela primeira vez, muito bem composta, como havia anos não o fazia. Começou a falar ordenadamente e claro e implorou que lhe desse outras roupas para vestir. Êle arriscara em fazer isto e em permitir que ela descesse a escada para a casa. Primeiramente ela tratou de seu aspecto pessoal e depois limpou a casa. Preparou as refeições e começou a trabalhar o dia inteiro, como dantes. A semana toda o lavrador viveu preocupado, pois era possível uma recaída. Esse temor se desvaneceu. A mulher permaneceu sã.

Oito dias depois o camponês estava de novo no portão à espera do distribuidor de folhetos. “Entre, senhor!” foi o convite. “O senhor poderá apreciar algo novo.” Os dois homens entraram e lá, na sala de estar, a ex-possessa estava sentada ao piano e tocava Beethoven e Mozart. Ela era exímia pianista e descendia de boa família. O camponês relatou que sua esposa estava novamente fazendo as compras no povoado e que dirigia os negócios da fazenda com habilidade e prudência. Três semanas depois da maravilhosa libertação a mulher viajou à Turíngia, em visita a seus pais. Ali o seu aparecimento foi alvo de imensa alegria. Ela se recuperou rapidamente e se tornou uma senhora de aspecto imponente. Uma única vez o professor ousou interrogá-la a respeito de sua doença e cura. A mulher nada sabia de haver passado dois anos em um hospital de doenças nervosas.   Não se lembrava de mais nada. Apenas de sua cura tinha vaga impressão. Disse que dois homens a haviam visitado. Um lhe parecera completamente preto e branco o outro. O branco teria clamado: “Jesus é vencedor!” A seguir ficara curada. Da visita do professor, nada sabia. Êle ficou calado, mas interiormente louvou ao Senhor. A ex-possessa está curada há muitos anos. Cristo triunfara sobre todos os poderes demoníacos.

O segundo exemplo, que o professor me relatou verbalmente e o pôs à minha disposição por escrito, demonstra ainda mais claro o poder satânico das práticas do ocultismo, mas ainda mais visível a vitória de Jesus Cristo. Desta vez deixo que o professor mesmo fale.

169. Um meu amigo era leitor assíduo e insaciável. Empregava todo o dinheiro que podia na compra de livros. Completamente entregue às garras do ocultismo, comprava todo e qualquer livro que tratasse deste assunto. Comumente lia e estudava até altas horas da noite, tanto o fascinavam as “novas revelações do além” e as “sabedorias dos novos profetas”. Finalmente tentou viver segundo esses livros. Fazia os exercícios aconselhados e tanto quanto possível se alimentava segundo as prescrições dos livros. Com isso esperava obter “sangue mais puro” e alcançar “natureza superior”. O seu alvo era, também, receber revelações do mundo espiritual. Por algum tempo as coisas andaram bem. Logo, porém, correu pela cidade a notícia de que êle havia enlouquecido. Em casa, num acesso de loucura, demoliu tudo e ameaçou perigosamente a todos. Foi preciso interná-lo imediatamente em um hospital para doenças nervosas. A notícia se confirmou verdadeira. O louco se encontrava em uma cela revestida de borracha, na seção de psiquiatria. Comportou-se qual fera enfurecida.  Seus gritos reboavam pelos andares todos do hospital. Permaneceu quatro dias nessa cela. Foi preciso colocá-lo em camisa de força porque investia contra quem entrasse na cela. Apesar de sua fúria, permaneceu de sentidos lúcidos. Sabia perfeitamente quem o visitava e o que diziam. Do seu interior, porém, começaram a falar vozes terríveis. Elas o intimavam a blasfemar de Cristo. Quando não obedecia, era terrivelmente atormentado. Não havia dúvida de que êle caíra preso de poderes das trevas e possesso por demónios aterradores.

Os pais do demente eram crentes e faziam parte de um círculo de homens e mulheres que seguiam a Cristo. Eles confiaram ao pregador a sua aflição. Foi organizado um círculo de oração a favor do doente. Mas com a intercessão intensiva o estado do infeliz piorava. Muito mais do que antes as vozes do seu interior o intimavam a amaldiçoar a Cristo. Finalmente o Senhor atendeu as orações dos seus filhos. Depois de alguns dias o enlouquecido pôde deixar a cela de borracha e a seção de psiquiatria.

Alguns dias mais tarde, porém, sobreveio nova desgraça. O outrora demente, de um momento para outro ficou cego. Novamente se reuniu o círculo de oração. Outra vez as intercessões foram atendidas. A visão voltou, mas os demónios não haviam largado sua vítima. Após trégua de poucos dias e eles o atacaram novamente. Certa manhã o moço acordou com o corpo cheio de úlceras horrorosas. Internaram-no outra vez. O doente desprendia tal mau cheiro que toda a seção ficou impregnada. Ninguém aguentava ficar no quarto do enfermo. O círculo de oração se reuniu de novo è pela terceira vez Deus o atendeu. O enfermo, não obstante a gravidade da doença, recuperou rapidamente a saúde, e, uma vez curado, pôde deixar o hospital. Mas os demónios ainda não se deram por vencidos.  Um dia esse infortunado homem descobriu que fora acometido por uma das piores espécies de doenças venéreas. Pela quarta vez foi internado. Agora os médicos acreditavam ter encontrado os motivos das três primeiras enfermidades e ordenaram uma intervenção cirúrgica para o dia seguinte. O infeliz defendeu-se decididamente alegando que não podia ter doença venérea visto como nunca tivera relação sexual com mulher alguma. Clamou a Deus por socorro e o círculo de oração também se reuniu novamente. Durante a noite seu estado de saúde melhorou, de sorte que a operação foi suspensa. Os sintomas da doença venérea desapareceram tão rapidamente como haviam aparecido.

Depois de alguns dias aconteceu outro fato quase inacreditável. As mãos e os pés se torceram para trás, de sorte que êle nem conseguia andar. Sob dores atrozes, arrastava-se com o auxílio de muletas. Os componentes do círculo de oração afinal reconheceram que tão estranhos sintomas deviam ser de origem demoníaca. Convenceram-se de que somente a feitiçaria podia ser causa de tais distúrbios. Esclareceram o infeliz possesso e o interrogaram acerca de suas ocupações com o ocultismo. Esse jovem, que até então levara uma vida decente e limpa, não podia lembrar-se, durante essa séria palestra de orientação espiritual, de nenhum pecado específico ou de pecados de feitiçaria. Durante essa conversa os irmãos notaram a quantidade de livros do jovem. Enfileirados em amplas estantes, em quantidade apreciável, lá estavam eles, muitos de encadernação finíssima em couro. Lendo alguns títulos, os irmãos se assustaram. Tratava-se de literatura de magia e de espiritismo. Os irmãos declararam categoricamente que êle deveria livrar-se dessa literatura ocultista. O jovem lastimou muito essa exigência visto como empregara muito capital na aquisição desses livros.

Travou-se dura luta entre o jovem infeliz e os irmãos do círculo de oração. Finalmente o intimaram: “Ou você entrega os livros ou então permanecerá alvo dos ataques dos demónios.” O infortunado deu-se por vencido. Imediatamente fizeram fogo no forno e dentro de algumas horas toda a biblioteca ocultista estava reduzida a cinzas. O proprietário lastimava e protestava em altos brados. Por último agarrou um volume de preciosa encadernação de couro – era um livro de Jacob Lorber – e gritou: “Este não! Este deve ficar comigo” Os irmãos eram inflexíveis. Persuadiram-no de que jamais ficaria livre de tão terríveis infortúnios se permanecesse com um só livro. Assim, também esse volume foi entregue às chamas. Após essa limpeza geral com a literatura ocultista, o estado de saúde do jovem melhorava dia a dia. As terríveis tentações e os ataques a que estava sujeito não se repetiram mais. A conselho dos irmãos, viajou depois de algumas semanas a uma casa cristã de repouso, cujo diretor era homem dotado de poder do Espírito Santo. Mediante as pregações diárias e o amparo espiritual desse homem, converteu-se à viva fé em Cristo e se processou completa transformação em sua vida. As torceduras de pés e mãos, que já melhoravam após a incineração dos livros ocultistas, agora desapareceram definitivamente. Logo que se sentiu curado do corpo e da alma, encontrou um emprego de alta responsabilidade numa grande empresa construtora. Casou e teve uma vida matrimonial feliz. Pela graça de Deus permaneceu fiel discípulo de Jesus e pôde tornar-se uma bênção para muitos outros.   R.

Dou agora à apreciação dos leitores algumas experiências que renomados evangelistas puseram gentilmente à minha disposição.

170. Foi no ano de 1956 quando certo dia foi ter comigo um jovem casal. Eram católicos e alegaram que à noite presenciavam assombrações em sua casa. Tinham solicitado o auxílio do vigário; este, porém, lhes disse que nunca ouvira falar de tais cousas e que não podia socorrê-los.

O marido, um robusto operário, declarou: Em determinada hora da noite abre-se, repentinamente, a porta da casa. A seguir ouvem-se, nitidamente, passos que vão do quarto das crianças até ao dormitório vizinho. Depois um vulto se aproxima de sua cama, a fim de atirar-se sobre êle. Apesar de defender-se por todos os meios, não se achava com forças para impedir as violências do ataque. Já não reunia mais condições para aguentar tal estado de coisas por mais tempo, pois durante o dia estava obrigado ao trabalho braçal e à noite não tinha sossego. A esposa, por sua vez, confirmou ser testemunha destes acontecimentos. Ela, entretanto, não estava sendo importunada; o marido era a única vítima. Mas também a ela, naqueles momentos, fugiam as forças por completo. Ambos esclareceram que, para livrar-se desse sofrimento, haviam-se mudado para outro bairro da cidade. Mal, porém, se haviam instalado na nova residência, começou de novo a aflição. Uma voz de mulher gritou, numa das primeiras noites, junto ao leito do marido: “Viu como te encontrei?”

Conforme pude descobrir, houve pecado de feitiçaria no caso. A falecida mãe do marido se ocupara com cartomancia e outras magias. Depois de devidamente esclarecido, convidei esse casal ao arrependimento e à conversão. Pedi que visitassem regularmente nossos trabalhos de evangelização. Depois de orar e de invocar o Santo Nome de Jesus e de fazer uso do poder do seu Santo Sangue, essa gente ficou livre dos seus tormentos.

Ê preciso esclarecer que essas molestações não eram alucinações sexuais de um demente. O homem é psíquica e mentalmente normal. Aqui se evidencia o problema, que também é observado em nossos campos missionários. Homens que se encontram sob comprometimentos ocultistas sofrem tentações demoníacas. Um exemplo paralelo à história que acabamos de mencionar é a chamada possessão vulpina (possessão da raposa) na China. Isto está explicado no parágrafo intitulado “Incubos e Súcubos” no livro Seelsorge und Okkultismus (Aconselhamento e Ocultismo). A experiência do aconselhamento espiritual confirma que o tratamento psiquiátrico nesse setor não adianta nada. Aqui somente Jesus é competente, pois êle possui poder sobre todos os ataques obscuros de Satã. Sobre as terríveis trevas dos ataques dos demónios paira o sinal da cruz do Gólgota. Isto também se evidenciou no casal acima mencionado, que assim que se colocou sob a proteção de Jesus ficou imediatamente livre.  W.

171. Foi em 1945, no mês de julho, quando uma mulher veio ter comigo em situação desesperadora e solicitou auxílio. Relatou-me o seguinte: Duas filhinhas lhe foram arrebatadas de modo desumano. Quando a primeira tinha seis semanas, foi acometida por acessos de espasmos e choro, que perduraram até que a criança atingiu 18 semanas de idade. Nenhum médico pôde diagnosticar a causa ou prestar socorro. Afinal a mulher se dirigiu a uma magnetizadora, e com o tratamento desta o estado da criança melhorou. A seguir, porém, apareceram anormalidades. Uma noite ela estava com a criança na cama e estava acordada. Ao colocar a mão na cabeça da filhinha sentiu, de repente, o pêlo de um animal. Imediatamente acendeu a luz, porém nada viu. A criança atingiu a idade de três anos e oito meses.   Era de índole piedosa e poucos dias antes de sua morte pediu: “Mamãe, leia a Bíblia.” No dia 14 de outubro de 1941, pela manhã, às dez horas, um passarinho começou a trinar diante da janela. Aí morreu a criança.

No ano de 1942 a mulher estava novamente grávida. Um dia veio ter com ela uma mulher que lhe predisse, por meio de cartomancia: “A senhora terá uma menina.” Depois deste fato teve um sonho terrível. Uma mulher muito feia veio-lhe ao encontro, agarrou-a pelo pescoço e disse: “Tu terás mais uma menina, mas eu a matarei novamente.” Na realidade, pouco depois nasceu uma menina. Quando a criança tinha seis semanas, quase morreu sufocada por motivo de um ataque de espasmos. Outra vez a mãe buscou auxílio junto à magnetizadora. No dia 18 de outubro de 1944 o mesmo passarinho assobiou diante da janela. A criança morreu sufocada nos braços da mãe, aos quinze meses de idade. Um médico, que antes examinara a menina, não havia descoberto nada de anormal.

Ficou ainda o filho mais velho, um rapaz de 14 anos de idade. Todavia, por intermédio de adivinhação, a mãe foi informada de que também esse filho lhe seria arrebatado. Em seu medo e sofrimento ante a iminente perda do último filho, essa mulher veio até Estrasburgo. Ela declarou: “Quando há pouco estava diante de sua porta, ouvi a meu lado uma voz que me quis impedir que lhe fizesse esta visita. A voz dizia: ‘O que afinal queres aqui? Foste batizada e confirmada; todos os domingos vais à igreja. O que mais estás querendo?’ Não me deixei levar por essas insinuações. Agora estou aqui e solicito o seu auxílio.” Depois de uma breve conversa de orientação espiritual, intimei a mulher a arrepender-se e converter-se. Ela fêz uma confissão geral e se entregou ao Senhor Jesus Cristo.  Depois da oração ela teve a sensação de que se livrara de pesado fardo, segundo suas próprias declarações. Em nome de Jesus eu pude anunciar-lhe o perdão de seus pecados e dizer-lhe: “Tem bom ânimo, teu filho vive. O diabo não pode arrebatá-lo.” Ela seguiu alegremente o seu caminho. Seja enaltecido sumamente o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nós o louvamos por sua graça e sua vitória.

Entrementes, o rapaz se tornou homem abençoado e competente professor. Onde há oportunidade, êle dá testemunho do seu Salvador. Quando há conferências evangelizantes ou outras realizações das obras do Reino do Senhor, êle participa ativamente da distribuição de convites e da propaganda. Organiza lotações para ir até ao local das conferências e assim se torna uma bênção para seus concidadãos. A mãe, que inicialmente fora tão atormentada com suas filhinhas, deu à luz mais um menino no ano de 1946, e este vem se desenvolvendo normalmente, com grande alegria para seus pais. As perturbações e as opressões desapareceram desde que a mulher entregou sua vida à orientação de Cristo.

Com relação às experiências aqui relatadas, há grande divergência de opinião tanto entre-os teólogos quanto entre os médicos. Os médicos vêem em tais aparecimentos quase sempre a expressão de qualquer doença psíquica, que pretendem explicar somente como um evento imanente (explicável inteiramente em termos do mundo natural). Muitos teólogos, especialmente os da escola de Bultmann, seguem a opinião dos médicos. Para eles, os relatos do Novo Testamento, de iguais característicos, eram fatos próprios da época. Mal sabem eles, todavia, que esses comprometimentos demoníacos ainda hoje são muito frequentes. Não posso aderir a esses pontos de vista.   A assistência espiritual, consideradas apenas pessoas gravemente tentadas, revela outro estado de coisas. Existem comprometimentos ocultos para os quais a medicina tenta, debalde, uma solução e que não podem ser eliminados por esclarecimentos teológicos racionais. Somente Jesus Cristo pode aliviá-los. No caso da mulher de que falei há pouco, evidenciaram-se traços de união entre pecados de feitiçaria e as consequências demoníacas. Quando criança a mulher fora curada de uma doença dos olhos por uma benzedeira. Com 18 anos de idade visitou uma cartomante que lhe profetizou uma enfermidade grave. Este prognóstico, se realizou precisamente. Durante anos a mulher sofreu de tuberculose pulmonar. A assistência espiritual demonstrou, ademais, que também a mãe dessa mulher já estivera enredada em graves pecados de feitiçaria, tendo, ela própria, praticado a magia. Além disso, ficou comprovado que essa família provém de um povoado que ainda hoje é conhecido pela magia negra ali praticada. Algum tempo depois dessa conversa de orientação espiritual com a mulher tive oportunidade de realizar conferências de evangelização nesse povoado. O Senhor agraciou o trabalho com um despertamento espiritual, apesar da grande resistência que se esperava. Muitas famílias se converteram à fé em Cristo. Também parentes e familiares da mulher citada neste relato acharam o caminho do Salvador. Muitos casos graves de feitiçaria foram revelados neste despertamento. Nessas pesadas lutas a vitória coube a Cristo. Hoje existe nesse povoado uma verdadeira comunidade de discípulos de Cristo.  W.

172. No decorrer do ano de 1954 recebi a visita de um homem que residia em Estrasburgo. Êle declarou que estava sendo terrivelmente atormentado. Em sua grande aflição procurara o pastor da comunidade evangélica à qual pertencia, mas este não lhe pôde prestar auxílio. O pastor o encaminhou a mim. Depois que me revelou as suas tribulações, eu lhe assegurei: “O senhor só pode ser socorrido pelo Senhor Jesus Cristo.”

Pouco antes esse homem estivera internado em um manicômio, e tremia só em pensar que tivesse de voltar novamente para lá. Também êle tinha um irmão que se encontrava, havia alguns anos, internado num hospital de alienados. Esse homem estava envolvido em numerosos pecados de feitiçaria, conforme pude comprovar. Já em sua casa paterna se praticara benzedura. Êle mesmo se dirigira, mais tarde, a adivinhos, prognosticadores e agoureiros. Por ocasião de uma doença recente foi visitado por um discípulo do falso Cristo “Georges Roux de Montfavet”. Esse discípulo pediu três pedaços de pano de linho, mergulhou-os em água benta por êle próprio e os dispôs sobre três partes do corpo do enfermo. Depois orou sobre o doente impondo-lhe as mãos. A partir daí o homem era muito atormentado. A noite, depois de deitar-se, notava no colchão e no travesseiro um constante formigar, que não cessou quando mudou de cama. Em uma das visitas perguntei-lhe se não estava trazendo algum objeto sobre o peito. “Sim”, respondeu êle, e abriu a camisa para mostrar dois amuletos. Um era oriundo de um homem que trabalhava através de um médium. Costurado em um pano, havia um bilhete coberto de sinais misteriores, três cruzes e um verso. O segundo amuleto também continha, costurado em um pano, uma moeda de cobre e um pedacinho de cera, do tamanho de uma unha. Neste caso, o homem se dirigira aos monges de um mosteiro em busca de auxílio. Depois de consagradas, foram-lhe entregues essas coisas para serem carregadas sobre o peito. Ainda recebeu mais um pedacinho de cera benta, que tinha de derreter em uma xícara de café; foi obrigado a ingerir esta mistura.

Tirei-lhe ambos os amuletos e os queimei à sua vista no fogão da cozinha. Sérios temores passaram a preocupá-lo, pois temia que novos fenómenos se abatessem sobre êle por me haver procurado. Depois de minuciosos esclarecimentos, convidei-o a arrepender-se e a colocar sua vida em ordem diante de Deus e dos homens. Manifestou-se disposto a consagrar a própria vida a Deus. Seguiu-se uma confissão que trouxe à tona pecados e abominações dos mais terríveis. As visitas tornavam-se frequentes e em todas elas sempre havia novas revelações de pecados. Assim decorreram semanas e meses. Foi necessária a devolução de muitos bens adquiridos ilicitamente. Novos ataques demoníacos se repetiam. Finalmente chegou a paz com Deus. Desde então passou a participar regularmente de cultos e reuniões de oração.

Decorrentes de pecados de feitiçaria, havia coisas horríveis na vida desse homem. Mas, onde as opressões do ocultismo e as cadeias se acumulam qual montanha, a graça do Senhor se manifesta ainda mais poderosa. Em torno da cruz do Gólgota há um campo de força no qual os homens duramente agrilhoados podem ficar livres e alegres.  W.

173. Por volta de metade do ano de 1956 fui solicitado a prestar assistência espiritual a uma viúva de 78 anos de idade. Durante a primeira visita essa anciã me contou o seguinte: Seu marido, funcionário da estrada de ferro, aposentado, morrera havia alguns anos. Como único arrimo ficou-lhe uma filha de 39 anos de idade. Essa moça era muito inteligente e laboriosa. Depois de algum tempo começou a apresentar atitudes estranhas. Por último foi surpreendida quando pretendia desenterrar seu irmãozinho, falecido havia anos. Foi necessária a intervenção da polícia para tirá-la do cemitério à força e interna-la em um manicômio. Ela segurava na mão um osso humano que somente soltou no manicômio. Depois do internamento a velha mãe verificou que um quarto de sua casa estava trancado e que faltava a chave. Afinal a chave foi encontrada em poder da filha.

Aberto o quarto, a mãe achou alguns livros que foram reconhecidos como livros de feitiçaria. Com isso se evidenciou que o marido praticava a magia, em companhia da filha, instruídos pelos livros. A mãe, que rejeitava resolutamente essas coisas, nada sabia dessa prática por parte de familiares seus. Por informações de parentes, vim a saber que a demente, em criança, fora curada de diversas doenças por um benzedor mágico. Imediatamente a mãe queimou os livros de feitiçaria. Na mesma noite ela foi acordada por um terrível barulho e por uma batida fortíssima. Ao mesmo tempo ouviu passos pelo quarto, acompanhados de batidas e arranhar nas paredes e nos móveis. Grandemente abatida, essa mãe clamou a Deus e orava versos de cânticos do hinário. Com isto a calma voltou, mas não inteiramente. O barulho repetia-se todas as noites.

Depois de explicar-lhe a ideia do arrependimento e da fé, essa senhora expressou sua disposição de confiar em Cristo. Animei-a para uma verdadeira fé em Jesus e a invocar o Senhor em suas tristezas. Depois disto as coisas melhoraram um pouco, mas depois recebi uma carta comunicando-me que o caso se agravara e a mulher não tinha mais sossego. Humilhei-me perante o Senhor e recebi ordem para dirigir-me a essa casa. Lá invoquei o nome do Senhor Jesus e pelo poder do seu santíssimo Sangue ordenei aos espíritos, em nome de Jesus, que abandonassem a casa imediatamente. Desde aquele dia houve calma. Neste caso difícil cumpriram-se as palavras: “Com autoridade êle ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!” (Marcos 1.27). Louvado seja o nome de nosso Senhor, que ainda hoje liberta os cativos.  W. 

 

IV. O QUE DIZ O NOVO TESTAMENTO

Depois desses relatos a respeito da libertação de pessoas que estiveram sob opressões do ocultismo, segue-se, em forma de esboço, o que se pode colher através das páginas do Novo Testamento, no que diz respeito ao problema da libertação. O assunto é tratado mais completamente, tanto em meu livro mais amplo Aconselhamento e Ocultismo como no final do capítulo sobre espiritismo no livro Entre Cristo e Satanás.

a. O tratamento por via da assistência espiritual de
pessoas sujeitas a ocultismo deve sempre vir precedido de
meticuloso diagnóstico. Doentes psíquicos e dementes ne
cessitam, além do amparo espiritual, também do auxílio
médico especializado. Pessoas sob comprometimentos
ocultos devem ser submetidas Cinicamente à assistência es
piritual de um pregador dotado do poder do Espírito Santo. Deve-se fazer nítida distinção entre doenças psíquicas
e comprometimentos ocultos. Não podemos contar com a
compreensão por parte dos psiquiatras e dos psicoterapeutas, já que para os cientistas só valem as leis puramente físicas. Contudo, um psiquiatra que não seja apenas cristão nominal, mas é de fato um genuíno discípulo
de Cristo, seria exceção. (Fil. 2.27; I Tim. 5.23; II Tim.
4.20.)

b. Somente por intermédio de Jesus Cristo há libertação dos laços do ocultismo. O cativo, que não está disposto a seguir a Jesus, não pode contar com a libertação.
(Col. 2.15; Efes. 6.16-17.

c. Embora não seja obrigatória uma confissão franca de pecados, é aconselhada com veemência. Confessar significa trazer à luz de Deus o que é oculto. (Tiago 5.16; Atos 19.18.)

d. A oração de libertação, conhecida e praticada na
Igreja cristã nestes últimos 2000 anos, tem aqui papel importante. Pode, talvez, ser formulada assim: “Em nome de
Jesus Cristo renuncio a ti, Satanás, e me consagro a Jesus
Cristo, meu Senhor e Salvador, para todo o sempre e eternamente.” Por meio de tal procedimento, renuncia-se oficial e juridicamente à união secreta com os poderes das
trevas. Essa prece de libertação naturalmente não deve
ser compreendida e praticada magicamente, é um ato de
fé e de consagração a Cristo. (Mat. 6.7.)

e. O ordenar em nome de Jesus não deve ocorrer
precipitadamente. Com isso pode a pessoa sob possessão
oculta ser induzida à ideia de estar possesso. A ordem que
não tenha poder espiritual não tem efeito. (Atos 19.13-17;
16.18.)

f. Dois meios auxiliares especiais são jejuar e orar
(Mat. 17.21) e o pequeno círculo de oração (Mat. 18.19).
Há cristãos que, em pleno silêncio e sem alarde, guardam
dias de oração e jejum, quando exercitam intercessão por
necessidades especiais. De particular importância é o pe
queno grupo de oração. Pessoas que sofrem comprometimentos ocultos podem ser conduzidas a um círculo de dois
ou três intercessores fiéis, a fim de que orem especialmente por elas. Isto deve repetir-se duas ou três vezes por
semana, até que se consiga a libertação total do cativo.

g. Quem ficou livre deve tomar cuidado. Forças expulsas gostam de voltar (Lc. 11.24). é preciso armar-se
com a armadura de Deus (Efes. 6.13 e ss.) Se a pessoa é
atacada novamente, deve sem demora, por meio da fé, colocar-se sob a proteção do sangue de Cristo (I Pedro 1.2). Ê sempre bom que os cativos do ocultismo busquem assistência espiritual, mas é preciso acentuar que o conselheiro deve ter, pelo menos, um pouco de experiência no campo do ocultismo. Além do mais, o lugar do libertado é na igreja, no lugar onde a Palavra de Deus é honrada, no lugar da oração em conjunto e dos sacramentos (Atos 2.42). A espiga oscilante só tem sua segurança em meio ao campo ondulante das demais espigas, que se sustentam entre si. Sozinha, quebra-se e perece. (Efes. 3.10.)

Uma cousa é absolutamente verdadeira: a vitória final é do Senhor. “A dextra do Senhor é elevada. A dextra do Senhor será vitoriosa.”

A igreja de Cristo caminha peregrina por uma ponte que cobre o mundo inteiro. Uma de suas extremidades está nos fundamentos do Gólgota e da Páscoa; a outra repousa firme na volta de Jesus Cristo e na consumação dos propósitos de Deus. Sob a ponte fermenta-se e se putrefaz uma correnteza mal cheirosa. A fedentina se eleva. A igreja continua a peregrinar através dessa névoa venenosa de intrigas e nevoeiros satânicos. O perigo é ameaça contínua: não deixemos que tal emanação venenosa, às vezes com sua aparência cheia de engano, venha turvar-nos a visão. Realmente muitos permitem envolver-se por névoas espessas, perdem o alvo, perdem o amparo e caem nesse pântano borbulhante. Sobre esse abismo está escrito o testemunho: “Quanto, porém, aos abomináveis, aos feiticeiros e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre” (Apoc. 21.8). Muitas vezes a igreja em peregrinação é perturbada e pergunta: “Qual é a verdade?” O cortejo sobre a ponte está sempre ameaçado por todas as exalações que o envolvem. Os arautos estão na ponte. Eles marcham com as colunas intermináveis. Eles chamam e apontam para aquele que pôde dizer de si próprio: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” Os vigilantes da grande coluna em marcha alcançam, pela graça de Deus, o alvo. Do outro lado soa como magnífica melodia o cântico de júbilo: “Eles o venceram (a Satanás) por causa do sangue do Cordeiro e por causa do testemunho que deram” (Apoc. 12.11).

Veio Jesus, Ele traz liberdade,
rompe os grilhões do poder infernal,
vence o inimigo, supera a maldade,
dos oprimidos irmão sem igual.
Cede o maligno ao mais forte, em verdade:
Veio Jesus!  Êle traz liberdade.

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